XIV

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"This horse is too slow
We're always this close
Almost, almost
We're a freak show
Ride right when I'm near
It's like you disappear
Where'd you go
Mr. Houdini, you're a freak show
And it's all fun and games
Till somebody falls in love
But you already bought a ticket
And there is no turning back now
Round and round like horse on a carousel
We go 
Will I catch up to love? I can never tell
I know, chasing after you is like a fairytale
But I, feel like I'm glued on tight to this carousel".
-Carousel, Melanie Martinez

22:20 pm.

Astrid acordou, olhando em volta ela esperou que seus olhos se acostumassem com a luz e sua cabeça parasse de girar para perceber onde estava: um trailer. 

O trailer era pequeno: ela estava deitada em um sofá vermelho, havia um frigobar ao lado do sofá, do outro lado havia uma arara de roupas de espetáculo e ao lado da arara uma penteadeira cheia de maquiagens e acessórios, com as luzes ao redor do espelho acesas. 

Ela se levantou e foi até a penteadeira, se assustando ao ver suas roupas, ela não mais vestia as roupas de seu encontro, ela vestia uma roupa de espetáculo que ela achava pertencer à arara ao lado. Ela pegou um dos laços brilhantes e prendeu os cabelos em um rabo-de-cavalo alto. 

Ela abriu a porta para sair do trailer e olhou em volta, ninguém ali. Ela franziu a testa, onde ele estava? Ela desceu as escadas e olhou em volta, ela estava em um parque de diversões. 

O parque se iluminou e ela sabia que ele queria que ela entrasse e assim ela fez. 

O parque estava abandonado há muito tempo, apenas algumas atrações estavam iluminadas e funcionando, o carrossel, a roda gigante e a casa dos espelhos eram algumas delas. 

Ela entrou na primeira atração: a casa dos espelhos. 

Ela passou pelos corredores, procurando o gangster que a havia levado para aquele lugar. Ela viu os cabelos castanhos-avermelhados de relance entrando em um corredor e o seguiu, franzindo a testa ao encontrar o corredor vazio. 

A risada dele encheu o lugar e um arrepio atravessou o corpo dela, se perguntando de onde a voz dele estava vindo. Ela sentiu a respiração pesada em sua nuca e se virou para trás, encontrando... Nada. 

Ela balançou a cabeça com força e apenas seguiu pelos corredores.

Ela saiu da casa, o vendo parado perto da roda gigante que não ficava muito distante de onde ela estava. Ela se aproximou devagar, para que ele não notasse sua presença, mas ele sabia que ela estava ali. Ela estava a meio metro de distância quando ele se virou e andou para longe dali, Astrid grunhiu e revirou os olhos antes de segui-lo.

Ele estava muitos passos a frente dela, indo em direção ao carrossel desligado, mas com as luzes acesas. 

Ele subiu na plataforma e ela subiu momentos depois. Olhando em volta, ele já não estava ali, como ele desaparecia tão rápido? Ela suspirou de frustração e o carrossel começou a girar, a música infantil chegando aos seus ouvidos. 

Astrid se sentou em um dos cavalos e apenas observou enquanto as atrações passavam ao redor dela: a casa dos espelhos, a mansão assombrada, a montanha russa, as barraquinhas de jogos... 

Ela franziu a testa quando viu a tenda do circo iluminada, a única atração iluminada ao redor do carrossel. Ela desceu do cavalo e saltou do carrossel em movimento, seu coração pulando em seu peito ao imaginar que ele estaria lá dentro. 

Ela caminhou até a tenda vermelha e  entrou, olhando em volta como uma criança. Vendo o palco, a platéia... Ela olhou para cima, vendo os dois trapézios presos ao teto.

Ela subiu as escadas até a plataforma de um dos trapézios, se dando conta de que o Fúria da Noite estava na plataforma oposta. Ele sorriu para ela de maneira presunçosa e Astrid sentiu que desmaiaria com aquele sorriso. 

-Vem para o papai, amor. - Ele a provocava e Astrid aceitou sua provocação. 

Ela podia simplesmente descer as escadas outra vez, atravessar o palco e subir as escadas do lado em que ele estava, mas ela sabia o que ele queria que ela fizesse: ele queria que ela pulasse nos trapézios para chegar até ele.

Sentindo a estranha necessidade de satisfazê-lo, ela deu alguns passos para trás, pegou impulso e pulou no primeiro trapézio, se balançando até ficar próxima do outro trapézio e saltar, o agarrando com precisão - obrigada, anos de ginástica!

Ela saiu do trapézio, parando na plataforma ao lado dele. Ele apenas continuou sorrindo como um idiota. 

-Por que estamos aqui? - Ela perguntou e ele franziu a testa. 

-Você não gosta de parques de diversões? 

Astrid balançou a cabeça. 

-Não é isso, eu só não entendo o motivo de me trazer aqui. 

Ele deu de ombros e se sentou na beirada da plataforma, Astrid se sentou ao lado dele. 

-Eu gosto daqui. - Ele disse simplesmente, olhando para nenhum lugar em particular. 

-É aqui que você se esconde da polícia? - Ela perguntou e a risada dele encheu o lugar, fazendo o coração dela derreter completamente. 

-Por que? Eu pareço um palhaço? - Ele perguntou com ironia e ela riu com ele. 

-Às vezes. - Ela brincou. As risadas dos dois juntas soavam assustadoras para quem estivesse do lado de fora, mas para Astrid era a melhor música que ela ouvira em toda a sua vida. 

Era algo tão confuso, ele era intoxicante, estava em todos os lugares mesmo sem estar de fato perto dela. 

-Não, princesa, eu fico distante daqui. - Ele respondeu e ela não tocou mais no assunto. 

Os dois ficaram em silêncio, perdidos dentro de suas próprias cabeças. Soluço a havia levado ali para dar um fim nela, para acabar com toda aquela história, para enfiar uma bala em seu crânio e impedir que aquilo fosse mais longe. 

Ele deveria ter atirado quando ela agarrou o primeiro trapézio, mas ele não conseguiu, ele simplesmente havia se esquecido o motivo pelo o qual estava ali. 

Mas agora ele se lembrava, ele sabia o que deveria fazer... Então por que não fazia? 

Ela tem que morrer. Ele pensava. É o melhor para ela, se ela não for morta por mim, vai ser por um dos meus inimigos e eles farão isso de forma dolorosa... Ele tentava se convencer, mesmo assim, a dor em seu peito continuava. 

-Faça de uma vez. - Ela quebrou o silêncio e ele a olhou com a testa franzida. - Eu não sou estúpida, sei que  me trouxe aqui para acabar comigo. 

-Não, Astrid, - ele disse a fazendo olha-lo - eu te trouxe aqui para acabar conosco. 

Ela franziu a testa.

-O que isso significa? 

Que te matar vai destruir o coração que eu não deveria ter. Que assim que o seu coração parar, os monstros da minha cabeça vão tomar o controle e Berk vai ser mergulhada em um rio de sangue e dor. Ele pensou, mas não a respondeu, ao invés disso, ele se inclinou e a beijou. 

Astrid fechou os olhos e correspondeu ao beijo.

'Ele vai nos matar.' a voz a lembrou, mas Astrid a mandou para longe, não se importando com o que aconteceria naquele momento. 

Soluço pegou uma seringa no bolso de sua jaqueta e não parou para pensar antes de espetar o pescoço da loira e despejar o líquido dentro dela. Logo ela parou de corresponder ao beijo e ele sabia que a substância havia funcionado.
 

I Need A GangstaOnde histórias criam vida. Descubra agora