XIX

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"So I murder love in the night
Watching them fall one by one they fight
Do you think you'll,love me too?
(Ooh ooh)
Baby, I'm a sociopath
Sweet Serial Killer
On the warpath
'Cause I love you just a little too much
I love you just a little too much
(Much much)".
-Serial Killer, Lana Del Rey.

A cabeça do homem caiu para trás, os olhos arregalados e sem vida encaravam o teto, um buraco entre seus olhos fazia o sangue escorrer por seu rosto. 

Soluço não sabia como reagir, ele não achava que ela fosse realmente capaz de puxar o gatilho,  mas quando a risada dela encheu a sala, ele sorriu. Ele sorriu porque sabia que havia vencido, ele havia mexido com a cabeça dela, ele sabia que era apenas questão de tempo até que Astrid Hofferson já não existisse e seu doce monstrinho pegasse o controle.

-Eu tenho que admitir, Princesa, - ele começou - eu não imaginei que você fosse capaz de puxar o gatilho. 

Ela sorriu e se levantou da mesa de vidro, se aproximou dele a passos firmes e lentos com sua arma ainda em punho. Ela o puxou pela camisa, grudando o corpo ao dele. 

-Eu sou capaz de muitas coisas que você não sabe, amor. Diga ao seu capanga para levar a Cabeça-Quente pra minha casa. - Ela sussurrou, colocando a pistola dele outra vez no bolso interno de sua jaqueta antes de se afastar e sair da sala. 

Soluço estava impressionado demais para ir atrás dela, então apenas a deixou ir. 

Astrid sorriu ao ouvir a risada dele ecoar pelo corredor enquanto as portas do elevador de vidro se fechavam. 

Astrid saiu da boate, deixando a máscara azul para trás e foi para sua Jaguar no estacionamento, logo dirigindo para seu apartamento. Ela respirou profundamente, completamente em êxtase. A sensação da arma em sua mão, o barulho do tiro, o sangue espirrando, o desespero nos olhos do homem, era tudo tão delicioso, ela sentia como se pudesse fazer aquilo um milhão de vezes e ainda não sentiria remorso algum. 

65 dias antes...

01:12 am.

Astrid fechou a porta de seu apartamento. Ela subiu as escadas até seu quarto e tirou o salto alto, os deixando jogados em algum canto que no momento ela não se importava. Ela tirou os brincos e o colar que usava e os deixou na mesinha ao lado da cama. 

Ela foi até sua suíte e ascendeu as luzes, se olhou no espelho e... Sua respiração se tornou pesasa e ela começou a hiperventilar, aquilo eram gotas de sangue em seu rosto? 

Ela tremia, o que estava acontecendo? 

'Eu avisei para não irmos lá.' Disse a voz, Astrid chegou a franzir a testa por um momento, mas o tiro e sua risada ecoando em sua cabeça fez lágrimas encherem seus olhos quando se lembrou do que aconteceu. 

-Eu o matei? - Ela perguntou para si mesma, sua voz não passando de um sussurro falho, as lágrimas que caíam de seus olhos se misturavam às gotas de sangue e  sua bochecha, caindo no chão de madeira de sua suíte. 

'Ele levou um tiro na cabeça, o que você acha?

Astrid balançou a cabeça, não querendo acreditar na voz. Não querendo que tudo aquilo era real, não podia ser real! Tinha que ser mais uma das suas alucinações. Era isso! Era apenas mais uma alucinação!  Nada mais do que isso, não era real!

Ela jogou água gelada em seu rosto, se livrando do sangue que ela se convecia de não ser real. Astrid tirou a maquiagem e tomou um banho, tentando banir qualquer dúvida da realidade. 

Ela se vestiu e desceu as escadas, indo até  a cozinha. 

'Você sabe que foi real, que aconteceu. Você sabe que a Nadder existe e que vai sair outra vez.'

Não, tudo é só uma ilusão e a Nadder não é real, isso não aconteceu. 

'Pare de negar a realidade! Você matou um homem, vai acabar se tornando tão psicopata quanto aquele gangster!'

Não! Eu não matei ninguém! Nada disso foi real! 

'Admita a realidade!' A voz gritava em sua cabeça. Astrid balançou a cabeça com força. 

-A Nadder não existe! - Ela gritou com as mãos segurando os lados da cabeça com força para afastar a voz. - Ela não existe. Ela não existe. Ela não existe. - Astrid sussurrava até que se convencesse, mas a voz continuava lá, a dizendo para aceitar sua realidade, que estava perdendo o controle, mas Astrid a ignorava.

Afinal, era tudo uma grande ilusão. 

Com as mãos tremendo, ela pegou o pote de pílulas para dormir. Ela pegou três pílulas e as colocou na boca, engolindo a seco. 

09:45 am. 

-Vai mesmo parar de vê-la como Fúria da Noite? - Jack perguntava ao chefe, que se reclinava confortavelmente na cadeira de seu escritório. 

-Vou. - Ele respondeu e Jack e olhou confuso. 

-Por que? 

-Porque eu apenas usei o Fúria da Noite para que ela ficasse vulnerável, agora que ela está, o Soluço vai se aproveitar da situação.

Jack sorriu. 

-E assim ela vai se apaixonar por você. 

Soluço assentiu.

-Exatamente. O Fúria da Noite é o caos na cabeça dela, tudo o que o Soluço precisa fazer é trazer um pouco de normalidade para esse caos e logo ela vai estar nas minhas mãos. 

-Chefe, se me permite perguntar: por que essa fascinação por ela? Por que essa obsessão desde o primeiro dia?  

Soluço sorriu. 

-Porque ela é a mulher que eu venho procurando, Jack. - Ele respondeu e Jack já sabia o que aquilo queria dizer.

No ano passado, depois da morte do pai, Soluço passou a procurar pela mulher perfeita para ter ao seu lado, comandando o mundo do crime - a Rainha, como ele gostava de chamar. Ele saiu com dezenas de mulheres, mas matou todas elas quando viu que não eram a certa. Ele tinha uma caixa onde ele guardava as fotos dessaa mulheres junto com as facas que usava para as mortes. 

Jack até mesmo chegou a pensar que a mukher que ele queria não existia... Até agora, até  Astrid Hofferson. O que Astrid tinha de tão especial era um mistério, mas ele não se atrevia a perguntar, o que tornava Astrid a mulher certa não importava, importava apenas que ela parecia dar um pouco de sanidade ao jovem gangster e isso bastava. Jack apenas orava aos deuses para que Soluço não mude de idéia e Astrid acabe no fundo do rio. 
 

I Need A GangstaOnde histórias criam vida. Descubra agora