XXXVII

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38 dias antes...

19:45 pm.

Os céus estavam cinzas, a chuva caía no solo, criando um barulho constante. O vento frio batia em sua pele, mas ela sequer estremecia, apenas continuava se movendo... Para trás e para frente... Para trás e para frente...

As lágrimas se misturavam à água da chuva que caía em seu rosto, mas ela sequer se dava o trabalho de limpa-las. 

Seu pai havia sido velado naquela tarde e agora estava sendo cremado. Astrid havia despistado os amigos e voltado para a mansão em que costumava morar com o pai, ela havia ido direto para o jardim, onde estava o balanço que seu pai havia feito para ela antes mesmo que ela pudesse falar "papai".

Mesmo com o passar dos anos, o balanço continuou ali, sendo apenas adaptado conforme ela crescia. Ela tinha tantas boas memórias naquela casa... Por que as coisas tinham que ser desse jeito? Tudo em sua vida apenas parecia piorar, o que os deuses tinham contra ela? O que ela havia feito de errado? 

-Você vai pegar um resfriado. 

Astrid balançou a cabeça, não realmente surpresa por Soluço tê-la encontrado. 

-Quero morrer de pneumonia. 

Soluço se aproximou dela, se ajoelhando à frente da loira, parando o movimento do balanço. 

-Não diga isso. - Ele a repreendeu. 

Astrid deu de ombros. 

-É a verdade. Tudo o que eu quero é morrer, Soluço. 

-Você não pode. - Ele segurou o rosto dela entre as mãos e a forçou a olha-lo nos olhos. - Astrid, me prometa que vai tirar essas ideias da sua cabeça. 

Astrid balançou a cabeça. 

-Por que? Nada mais importa, Soluço. O que eu faço, o que eu penso, o que eu sinto... Ninguém mais se importa. 

-Eu me importo... - Ele acariciou o rosto dela e Astrid tentou engolir algumas das lágrimas. - Muito mais do que eu deveria. - Ele sussurrou.

-Eu não sou anjo, Soluço, - ela sussurrou de volta - eu vou te destruir. Então saia, me deixe em paz, fuja antes que eu consiga. 

Ele encostou a testa na dela e fechou os olhos. 

-Eu não me importo. Eu não vou te deixar Astrid, - ele abriu os olhos outra vez, olhando as belas orbes azuis que estavam tão perto dele - eu não consigo imaginar um mundo sem você. 

Astrid explodiu em lágrimas e Soluço a abraçou com força, se perguntando quando tudo aquilo iria acabar e sua princesa voltaria a sorrir outra vez. Ele não aguentava mais tantas lágrimas e sofrimento, quando os deuses os dariam uma trégua? 

20:15 pm.

Soluço colocou Astrid na cama. A loira dormia, vestida apenas com uma das camisas do pai, abraçada à um urso de pelúcia. Os olhos e nariz estavam vermelhos pelo choro e a respiração dela ainda não estava normalizada, algumas lágrimas ainda escorriam pelos olhos fechados dela e Soluço as lipou gentilmente. 

Ele a beijou levemente no rosto, com cuidado para não acorda-la. 

-Eu te amo, Astrid, - ele sussurrou, tão baixo que ela não seria capaz de escutar nem mesmo estando acordada - e eu vou ficar do seu lado até que a morte nos separe. - Ele prometeu. Uma promessa que apenas ele saberia e que ele mesmo se forçaria a cumprir. 

22:14 pm.

Soluço se aproximou do helicóptero recém pousado. A loira, Mala, líder dos Defensores da Asa, desceu primeiro, sendo seguida pelos capangas que carregavam um homem e uma mulher, ambos inconscientes e vendados. 

-Mala, que prazer em te ver, veio se juntar ao show? - Soluço perguntou, tirando risadas da mulher. 

-Não, vim pessoalmente te entregar isso. - Ela deu ao gangster uma pequena caixa. Soluço a abriu, encontrando um anel dourado com pedras de safira, antes que o gangster perguntasse, a Rainha do Crime Inglês se explicou: - Estava com o assassino, era do pai da sua namoradinha, imaginei que quisesse devolver à ela. 

Soluço apenas balançou a cabeça.

-Obrigado, Mala. 

-Soluço, eu espero que saiba o que está fazendo com essa garota, ela pode ser a sua ruína. - Mala o advertiu. 

-Eu sei. - Ele admitiu. Ele sabia desde o início, sabia que Astrid poderia destruir tudo o que ele lutou tanto para construir; ela poderia ser seu paraíso ou seu inferno, seu anjo ou seu demônio, sua sanidade ou sua loucura, ou ela podia ser tudo isso ao mesmo tempo. - Eu sei o que estou fazendo, não se preocupe. 

Mala assentiu. 

-Muito bem. Foi bom te ver, Soluço. 

-Obrigado por tudo, Mala. - Ele agradeceu. Mala voltou para o helicóptero com os capangas e Soluço desceu do heliporto, com seus capangas levando o assassino e a exposa atrás de si. 

-E agora, chefe? - Perguntou Jack. Soluço apenas sorriu. 

-Agora vamos preparar um espetáculo, Jack. 

I Need A GangstaOnde histórias criam vida. Descubra agora