XXVIII

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"Do not try me devil devil 
Cannot buy me devil devil 
You won't make a fool of me oh no 
What makes you so special special 
to think i would ever settle 
For that devious dance between you and me devil devil".
-Devil Devil, MILCK. 

19:34 pm.

Meu rosto estava quente e eu não sabia se era pelas lágrimas ou o álcool no meu sangue estava começando a fazer efeito. 

Sentada no canto do quarto com uma garrafa de vodka em minhas mãos, eu repassava tudo o que havia acontecido na minha vida nas últimas semanas. Desde o início das aulas até o meu envolvimento com um psicopata.

Pensando melhor em tudo, não consigo encontrar o por quê, o motivo de eu ter deixado tudo acontecer. Eu não tinha uma desculpa, eu não tinha uma razão, tudo apenas aconteceu e havia saído do controle tão depressa que eu sequer conseguia me lembrar em qual momento ele passou a ser tão tóxico.

Em que momento as vozes começaram a gritar o nome dele? Em que momento ele passou a me afetar ao ponto de a única maneira de eu parar de pensar nele por algumas horas seja quando eu estiver completamente bêbada, ao ponto de não lembrar sequer o meu nome? Em que porra de momento ele passou a ser tão... Tão irritantemente viciante? 

Deuses, o que eu estou fazendo? Encolhida no canto do meu quarto, querendo ficar completamente bêbada enquanto penso no filho da puta que me rejeitou. O que está acontecendo comigo? Isso não era para acontecer. Nada disso era para acontecer. Não comigo, eu sou Astrid Hofferson, eu não sofro por homem nenhum, eles sofrem por mim. 

Ainda assim, eu pareço não ter forças o suficiente para largar a garrafa de vodka, ao invés disso, a coloco na boca, deixando o líquido transparente queimar minha garganta. 

Eu ainda estava longe de ficar bêbada, por isso meus pensamentos ainda são coerentes e eu não seu dizer se estar sóbria é uma coisa boa ou ruim, tudo o que eu sei é que é doloroso, mas isso não é novidade já que ele parece ter o incrível dom de me machucar e ainda me fazer ir atrás dele com um estalar de dedos. 

Ou, pelo menos, ele tinha esse dom, mas não mais. Eu vou colocar um ponto final definitivo em toda essa loucura.

'Você nunca vai conseguir acabar com essa loucura.' 

Não? Me observe. 

Deixando a garrafa de lado, me levantei apenas para me jogar na cama e ligar a televisão, procurando algo de útil no catálogo da TV à cabo, mas nada parecia chamar a minha atenção. Eu estava quase desistindo e abrindo a Netflix quando parei por um momento no canal de notícias. 

-... Depois de uma perseguição e troca de tiros com a polícia, foi confirmado que o gangster Fúria da Noite finalmente fora pêgo - disse a mulher do canal de notícias. O controle remoto caiu da minha mão e um nó se formou em minha garganta. - A polícia acredita que finalmente vai ser capaz de descobrir a identidade do líder da maior gangue do país. A polícia informou que o Fúria da Noite será levado à julgamento popular, mas as chances de ser condenado à morte por seus crimes são extremamente altas. 

Condenado à morte? Ai meu Thor. 

'Tente olhar pelo lado positivo, se o Soluço estiver no apartamento dele, saberemos que não é o Fúria da Noite.' 

A voz estava certa, essa era a minha chance de tirar todas as minhas dúvidas.

Desliguei a televisão, saí da cama, me vesti, penteei os cabelos e saí de casa. 

Bati na porta do apartamento dele e esperei, nada aconteceu e admito que fui tomada pela euforia por um momento, até que a porta se abriu e ele estava à  minha frente. Eu tentei não mostrar o alívio que tomou conta de mim ao vê-lo, ao finalmente constatar que eu estava errada, que Soluço era apenas um playboy e que eu poderia confiar nele porque ele não é um psicopata. 

I Need A GangstaOnde histórias criam vida. Descubra agora