XXXVIII

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37 dias antes...

19:07 pm.

Um.

Dois.

Três. 

Quatro. 

Cinco. 

Seis. 

Sete.

Astrid contou, fazendo os cortes com a faca na pele de sua perna. Lágrimas escorriam pelo rosto da moça enquanto ela se lembrava de cada um deles: Felipe, o rapaz do posto de gasolina, Eret, Blake, o homem da boate, as duas mulheres do banco. Todos mortos por sua culpa... Ou pela Nadder. 

Ela deixou que o sangue escorresse por sua perna, até a banheira vazia. Ela ligou o chuveiro, tomando um banho gelado, a água batia nos cortes, mas a dor do impacto não eram o suficiente para distrai-la de sua culpa. Seu sangue e água se misturavam, escorrendo pelo ralo, desaparecendo de vista.

...

-Tudo bem? - O rapaz perguntou preocupado. 

-Não. Eu preciso saber como a Astrid está. - Cabeça-Quente respondeu inquieta. 

-Tenho certeza de que ela está bem. - Ele tentou convencê-la, mas Cabeça-Quente balançou a cabeça.

-Você não a conhece, Melequento. Astrid tem esquizofrenia e agora que o pai morreu, se as vozes disserem para ela se matar, ela vai tentar. - Ela explicou e Melequento não tinha como responder.

Ele não podia deixar que Cabeça-Quente fosse atrás da amiga, o trabalho dele era distrair a Thorston enquanto seu chefe e a Rainha se divertiam, ele não podia arriscar. Por outro lado, a vida da Rainha estava em risco. 

-Ela não deixa ninguém entrar na mansão e estou começando a ficar assustada. 

-Ligue para ela, se ela não atender, eu mesmo te levo lá. - Ele sugeriu. Aquilo era contra as ordens que havia recebido, mas ele não podia arriscar seu disfarce ou a vida da Rainha, ele sabia que se algo acontecesse com ela, seu chefe o mataria sem piedade por não ter feito nada para impedir. 

Cabeça-Quente assentiu, tirando o celular da bolsa. 

...

Com um curativo em sua perna e uma toalha enrolada no corpo, Astrid encarava a enorme caixa negra sobre sua cama.

Ela pegou o cartão que estava sobre a tampa da caixa e rapidamente identificou as letras prateadas:

"Vamos brincar?

-FN."

Era o que dizia no cartão, junto com um endereço. A televisão ligada no noticiário era o único barulho do quarto enquanto Astrid abria a caixa.

Dentro da enorme caixa, ela encontrou uma calça de couro azul, um espartilho também azul, um par de botas de salto douradas, uma máscara azul com pequenos detalhes em ouro e uma coroa de espinhos de ouro, como a que a Nadder usava em um dos seus sonhos. 

Havia também uma caixa menor, grande o suficiente para caber na palma da mão da loira. Nessa caixa, ela encontrou um anel preso à uma corrente.

Ela reconheceu o anel como sendo o que ela havia dado ao pai anos atrás. E então ela finalmente entendeu as palavras no cartão, ela sabia do que brincariam e quem seria o brinquedo daquela noite. 

Ela saiu de seus pensamentos quando seu celular tocou. Ela atendeu ao aparelho ao ver o nome da melhor amiga no visor. 

-Astrid? Graças a Thor. Como você está?

-Estou bem. - Ela respondeu, aibda olhando para o conjunto de coisas sobre sua cama. 

-Eu quero te ver. 

Astrid pensou por um momento antes de responder. 

-Pode ser amanhã? Quero ficar sozinha essa noite. 

Ela ouviu Cabeça-Quente suspirar. 

-Astrid...

-Cabeça-Quente, por favor, prometo não fazer nenhuma besteira. 

Cabeça-Quente suspirou mais uma vez. 

-Tudo bem, Asty, como quiser. 

-Obrigada, Cabeça-Quente. 

Antes que Astrid pudesse desligar, Cabeça-Quente falou outra vez: 

-Asty, por favor, não se esqueça que eu te adoro. 

Astrid sorriu, mesmo que a amiga não fosse capaz de ver. 

-Eu também te adoro, você é a única família que eu ainda tenho, não se esqueça disso. - E assim, Astrid desligou o celular. 

'O que vamos fazer?' Perguntou a voz, se referindo ao convite do psicopata. 

Eu estou precisando me divertir um pouco...

'Astrid, você prometeu à Cabeça-Quente que não faria nenhuma besteira.'

Não vou fazer uma besteira, a loira pegou a máscara e sorriu vou fazer justiça. 

21:34 pm.

Astr-- Nadder se olhou no espelho. A coroa ficava perfeitamente presa à sua cabeça, a máscara bem colocada ao redor dos olhos, a roupa apertada e sexy, mas confortável, a corrente com o anel de seu pai estava presa em seu pescoço, o anel não era visível por estar bem escondido entre seus seios. Seus lábios estavam em um tom de vermelho chamativo e provocante e ela gostava de seu reflexo. 

No seio esquerdo, desenhado con maquiagem, uma tatuagem do dragão que era símbolo de seu amado. Um lembrete constante de quem era seu parceiro e do que aconteceria se a desafiassem. 

-Povo de Berk, - a voz de seu amado, vinda do noticiário, chamou a atenção da garota que parou de encarar seu reflexo para ver o Fúria da Noite na imensa televisão - esta noite vai ser uma noite inesquecível, a noite em que todos vocês estarão livres. Libertem suas mentes, seus desejos mais profundos. Matem, roubem, não importa. Sejam livres, se permitam viver sem medo por uma noite, porque essa noite, nada vai impedir vocês. 

Ao final do discurso, uma explosão foi ouvida e as luzes da casa e a televisão desligaram. Astrid foi até a janela, vendo como todas as luzes da cidade se apagavam depressa. 

Esse era o momento, sua deixa oara ir atrás de seu belo amante psicopata. A euforia e adrenalina a encheram ao ponto que ela mal podia se conter. Rindo para si mesma, ela pegou as chaves da Jaguar e foi até a garagem da mansão. 

Ela ouviu o motor do carro após girar a chave na ignição e precisou morder o lábio para impedir que os risos deixassem sua boca, mas seu enorme sorriso entregava a ansiedade da loira. 

-Me espere, meu amor, - ela sussurrou - sua Rainha está chegando. 

I Need A GangstaOnde histórias criam vida. Descubra agora