Soluço apertou o volante com força, pisando mais fundo no acelerador do Porsche 718 Cayman. No retrovisor externo, ele viu a Ferrari 488 GTB de Cabeça-Quente o seguindo.
Ele engoliu o nó em sua garganta, implorando aos deuses para que o escutasse e fizessem com que ela estivesse viva, que estivesse bem. Ele piscou os olhos várias vezes, impedindo que as lágrimas que queimavam seus olhos caíssem.
Tudo passava pela mente dele tão depressa, todas as memórias dela, sua vozm seus olhos, seu cheiro, seu toque... Tudo era tão intenso e fazia com que a mente dele desse voltas e mais voltas em todas elas.
Sim, ele tinha ficado completamente louco, sua mente estava completamente perdida e mais nada fazia sentido, era se como um vazio constante tivesse tomado o lugar do que deveria ser seu coração.
Ele já tinha cruzado a linha? Já tinha passado dos limites? A situação ainda estava sob seu controle? Seus sentimentos ainda obedeciam à ele? Ele ainda podia escapar? Podia desistir? Podia deixa-la?
Soluço sabia todas aquelas respostas e finalmente as admitia para si mesmo. Ele finalmente admitia que a Hofferson havia vencido, que ela tinha seu coração e sua sanidade em suas belas e delicadas mãos.
...
Ele desprendeu as correntes das paredes, mas não dos pulsos e tornozelos da loira. Astrid permanecia com a cabeça baixa, sem se mover.
Ela havia desistido, ela não podia se salvar, estava vazia por dentro, destruída. Ele a jogou de costas no chão e ela continuou sem se mover. Ela era como uma boneca naquele monento, uma boneca que ele manipularia, brincaria e depois a deixaria ali.
Ela ouviu um "baque", mas não se importava. O rosto dele apareceu em seu campo de visão, um sorriso presunçoso em seus lábios e um brilho de luxúria em seus olhos castanhos.
'Eu não vou passar por essa merda de novo.' Disse uma voz muito parecida com a sua.
Astrid olhou em volta, procurando por algo enquanto o rapaz acima dela desabotoava a calça jeans. Ela viu, caída ao lado dele, a pistola que ele usava para ameaca-la.
'Ninguém vai voltar a me tocar assim...'
A mão dela lentamente se moveu em direção a arma. Ela o ouviu abaixar o zíper da calça quando seus dedos alcançaram a arma.
'... Antes que você tente, eu vou sair daqui... Eu vou sobreviver, nem que precise te matar.'
Astrid sentiu o peso da arma em sua palma e a ergueu lentamente, ouvindo o tecido da calça cair. Se deixando levar pela voz, uma voz que ela conhecia e que naquele momento era bem-vinda.
Nadder.
...
Soluço desceu do carro assim que ele parou. A casa estava cercada de viaturas da polícia, ambulâncias e, infelizmente, a imprensa.
A equipe da S.W.A.T cercava a casa, procurando um meio de entrar e surpreender o sequestrador. Um barulho alto foi ouvido e todos ali se assustaram. Um tiro.
Soluço prendeu a respiração, a equipe da S.W.A.T arrombou a porta, se espalhando pela casa com fuzis prontos para atirar e Soluço rezava com todas as forças para que não fosse ela quem tivesse levado o tiro.
Sem pensar direito, Soluço empurrou os policias que estavam na sua frente e correu para dentro da casa.
...
Astrid se arrastou para longe ele tentando se levantar, mas caindo outra vez por suas pernas estarem muito fracas. O rapaz caiu de bruços no chão, a parede manchada com sangue e o ferimento na cabeça dele fazendo uma poça no chão.
A loira recuperou os sentidos e largou a arma como se o ferro queimasse sua pele, lágrimas escorriam por seu rosto e ela tremia ao olhar para a cena à sua frente.
A porta do porão foi arrombada, mas o barulho era apenas algo distante em sua mente. Ela ouviu vozes e passos pesados, mas tudo era apenas caos em sua cabeça.
Alguém se ajoelhou em frente à ela e lentamente sua visão entrou em foco. Seus olhos se encheram com mais lágrimas e Soluço a abraçou com força, ela enterrou o rosto em seu ombro e deixou com que todas as lágrimas caíssem. Soluço soltou a respiração, acariciando os cabelos dela, deixando com que ela chorasse.
Ele olhou para o lado, vendo o corpo do sequestrador. Ele se lembrava daquele rapaz... Era Blake Ayers, o rapaz que a havia levado ao cinema há algumas semanas. Ele apertou Astrid com mais força, o rapaz tinha sorte de já estar morto.
Ele a pegou no colo e saiu com ela do porão. Ela ainda chorava e os policiais examinavam o corpo de Blake.
Soluço saiu da casa com Astrid em seus braços, as câmeras dos jornalistas faziam barulho a cada "click" e os dois puderam ouvir Cabeça-Quente gritando pela amiga.
A Thorston veio correndo e Soluço colocou Astrid no chão, a loira praticamente caiu nos braços da melhor a amiga e Thorston soltou as lágrimas de alívio.
-Graças aos deuses, eu estava tão assustada... Pensei que tivesse te perdido pra sempre. - Ela apertou a amiga, apenas deixando que suas lágrimas caíssem e agradecendo aos deuses por terem ouvido suas preces. Ela sentiu as lágrimas de Astrid em seu ombro. - Está tudo bem, - ela tentava confortar a amiga - você está segura agora, nada vai te machucar, eu prometo. - Astrid apenas assentiu, aliviada por sair daquele pesadelo.
Cabeça-Quente levou a amiga até a ambulância e os médicos examinaram seus ferimentos, limpando e fazendo curativos em cada um deles. Astrid apenas ficou parada, olhando para nenhum lugar em particular. Ela ficou assim, sem realmente ver, sentir ou ouvir alguma coisa.
Ela não ouviu quando Soluço repreendeu os detetives por quererem fazer perguntas naquele momento, não sentiu quando ele a pegou no colo e a colocou no carro, não viu enquanto ele dirigia e a levava outra vez para o condomínio.
Ela apenas pareceu recuperar os sentidos quando a água morna da banheira fez contato com sua pele. Ela viu e sentiu Cabeça-Quente esfregar delicadamente a esponja em sua pele, a escutou cantarolar uma música que ela reconheceu como uma canção de ninar. Ela olhou para a melhor amiga e a Thorston sorriu para ela.
-Eu sou uma pessoa ruim? - Astrid perguntou com a voz rouca e trêmula. Cabeça-Quente franziu a testa e os olhos de Astrid lacrimejaram mais uma vez. - Ele ia me estuprar, Cabeça-Quente - ela disse e a Thorston apenas a escutou - e eu o matei. Eu sou uma pessoa ruim? - Ela perguntou outra vez. Cabeça-Quente olhou para ela com olhos carinhosos.
-É claro que não. - Ela respondeu com a voz calma e baixa. - Isso não te faz uma pessoa ruim, te faz uma sobrevivente.
Astrid soluçou, chorando alto e Cabeça-Quente a abraçou sem se importar que a amiga estivesse molhada.
Cabeça-Quente quente voltou a cantarolar a canção de ninar, acariciando os cabelos da amiga e a acalmando aos poucos, não demorou muito para que Astrid caísse no sono.
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I Need A Gangsta
Fanfiction[LIVRO #1] Todos nós temos um passado, seja ele bom ou ruim, e esse passado reflete em quem somos, nas decisões que tomamos, em como agimos e até mesmo o que sentimos. Soluço Haddock e Astrid Hofferson sabem muito bem como o passado pode afetar seu...