Capítulo 22

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REPOSTADO [2021]

Henrique:

Estava no escritório em meu apartamento saboreando uma dose de whisky. Dois dias se passaram desde a reunião solicitada pelo meu pai, sem meu conhecimento.

Desde então Beatriz e eu mantivemos mais contato. Ela foi sincera sobre sua insegurança em relação aos investimentos que estava recebendo nas suas marcas, La Femme e Dolce Fiore.

Rafael havia decidido ficar uns dias no apartamento de Álvaro. A amizade entre eles cresceu rapidamente com a convivência e eles se davam muito bem, até falavam sobre viajarem juntos.

Thalles ainda estava em meu apartamento, por Amanda. Amanda estava por Luíza, e eu jamais deixaria Luíza sair daqui com André e Miguel ainda livres.

Fui honesto com Thalles e Rafael sobre a situação da Corporação Tavares. Se eu saísse da presidência, meu sucessor poderia desfazer coligações e investimentos que eu fiz, inclusive a revista. Thalles não se preocupou muito, tinha certeza que eu não perderia a liderança. Já Rafael ficou muito aflito com a possibilidade.

Eu não temia pelo meu futuro na presidência da Tavares Corporation. Sabia de minha competência, e muitos dos investidores sairíam se eu não estivesse no comando.

Quando minha mãe faleceu eu tinha 8 anos, Estevam tinha 4 e Beatriz tinha 2. Um assalto tirou a vida dela. Um testamento padronizado desde o nascimento de Beatriz deixava toda fortuna de minha mãe para seus filhos, que poderiam usar para o que quisessem ao completar 19 anos.

Meus bisavós maternos tiveram sorte, nada mais explica. Imigrantes italianos buscando uma vida melhor em terras brasileiras, vieram apenas com tonéis de farinha que comercializaram, fazendo o dinheiro girar e assim criando pequenas plantações de trigo, de milho e aipim. Em vinte anos eles tinham uma fábrica de farinha que supria todo o estado, e depois todo o país. Essa é a origem da fortuna que meu avô materno herdou, ele teve uma indústria alimentícia e passou para minha mãe, que expandiu para a indústria têxtil e farmacêutica.

Meu pai se casou com minha mãe para juntar as fortunas de suas famílias, o mesmo que planejava para mim e Isabella. Dois anos após o falecimento de minha mãe, meu pai se casou com sua atual esposa, Eleanor.

Formado em direito e com os 21 milhões que herdei de minha mãe não foi tão difícil começar minha própria empresa. Meu primeiro investimento foi em uma lanchonete que eu frequentei durante a adolescência. Eles estavam prestes a fechar as portas e eu fiz uma proposta: Duzentos mil por 20% das ações da lanchonete e controle total sobre a mesma. Sem saída o pobre senhor Inácio aceitou, em dez meses a lanchonete havia se reerguido e hoje em dia ele é o feliz proprietário majoritário de uma enorme franquia de fast food.

- Está viajando longe, hein?! - A voz de Álvaro cortou o silêncio em que eu estava submerso.

- Estava mesmo. - admiti, observando-o.

Ele entrou no escritório e se acomodou na poltrona à minha frente, com uma ampla visão pelas janelas.

- Algum paparazzi pode te fotografar e começar um boato sobre problemas com o álcool. - me provocou, reclinando-se.

- Desde a gracinha da Isabella os vidros foram espelhados. - dei de ombros.

- Falou com ele? - Álvaro perguntou, me encarando.

- Ainda não. Não é uma decisão fácil.

- Você sabe que nós não daremos conta do que está por vir. - meu primo enfatizou, com o rosto tenso. - Você mesmo fotografou aquelas caixas cheias de armas e munições. Imagine quantos homens seriam necessários para todas aquelas armas.

Quando Conheci Luíza [em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora