Quando Conheci Luíza [em revisão]

Capítulo 11

REPOSTADO [2021]

Henrique:

Luíza estava trabalhado em casa. Todo dia eu ia visitá-la, e já sentia que estou ganhando a confiança dela. Conversávamos sobre coisas bobas, vídeos engraçados da Internet, trabalho, filmes, músicas.

Não insisti para que ela falasse sobre sua ligação com André e Miguel. Não queria que ela se sentisse pressionada. Queria que ela quisesse me contar.

Minha intenção era ajudá-la, mas sentia que ela também estava me ajudando. Luíza não dava a mínima pro meu dinheiro, pro meu cargo, pro meu sobrenome. Ela só gostava da minha presença, ria das minhas piadas, adorava minha comida. Ao lado dela eu podia baixar a guarda, ser eu mesmo. Uma versão minha que nem eu conhecia.

Depois de visitar Luíza, dirigia para meu apartamento, onde encontrava Álvaro e William. Pedi ajuda deles para investigar André e Miguel, e nosso empenho na investigação até nos aproximou mais.

Descobrimos que eles eram irmãos. André tinha 40 anos, Miguel 38. A Construtora Cavalera era um negócio de fachada pra justificar o dinheiro da família, mas o verdadeiro negócio deles era o  tráfico de drogas e armas, envolvendo policiais corruptos em cidades do interior, até com cartéis mexicanos... Mas ainda não tinha encontrado nada que ligasse Luíza à eles. Era até difícil imaginar Luíza envolvida com esse tipo de coisa.

Miguel também era proprietário de uma boate. Lá era onde toda a sujeira acontecia. Caminhões descarregavam caixotes de madeira toda semana. Eles tinham um verdadeiro exército. Na lista de pagamentos da boate constavam cerca de cem homens, mas na boate de fato trabalhavam apenas dez garçons e três bartenders.

Thalles e Rafael também estavam ajudando como podiam. Depois dos socos e ofensas que eu e Rafael trocamos, acabamos nos entendendo. Percebemos que tínhamos muitas coisas em comum, e uma delas era o interesse em manter Luíza segura.

- Eu não consigo entender onde Luíza entra nisso. - suspirei, cansado.

- Isso é algo que apenas ela poderá nos dizer. - Álvaro disse, servindo-se uma dose de Bourbon sem gelo.

- Eu não quero forçar ela a me falar, mas facilitaria bastante se ela falasse. - ponderei, esfregando os olhos.

- Tem certeza que quer entrar nessa briga? - Álvaro perguntou, sério.

- Do que está falando?

- Esse pessoal é barra pesada. Até alguns dias atrás eram apenas um engenheiro e um arquiteto, agora pelo que sabemos são chefes do tráfico. Nós estamos entrando em território desconhecido. Se continuarmos teremos que ir até o fim.

- Eu vou ir até o fim. - disse, com convicção.

- Se essa é a tua decisão, estou contigo. - virou o copo num gole só.

- Eu não posso dar as costas a ela. Ela precisa de mim.

- Você gosta mesmo dela? - ele perguntou, surpreso.

- Eu não sei dizer. Eu nunca senti isso antes.

- É um sentimento novo pra você, meu amigo. - ele disse, rindo. - O nome disso é amor.

Luíza:

Estava trabalhando na campanha da Scolaro, e tudo estava fluindo bem, apesar dos problemas pessoais meu desempenho estava satisfatório. Catarina estava satisfeita com as propostas que apresentei. Ao contrário do esposo, ela é muito gentil e receptiva.

Amanda insistia para que eu não fosse à faculdade. Como era bolsista, não podia me dar ao luxo de ter tantas faltas. Um dos seguranças de Henrique estava nos acompanhando, ele tentava não ficar muito próximo, para não chamar a atenção, mas sua presença me tranquilizava.