41 Part-2

138 10 9
                                    

-----------Onze anos depois.

---Pai, o que foi?
Anne perguntou, logo após a morte da minha Adele, meus filhos acharam melhor que eu morasse com um deles, Anne fez de tudo e no final eu acabei aceitando, com a condição de que continuaríamos na casa onde passei a vida ao lado da mulher que tanto amei, ainda sinto falta dela e não acho que um dia vou parar de desejar que sua morte tenha sido apenas um pesadelo mas, a cada dia que passa a ausência dela me mostra que é real.

---Nada filha, só dor de cabeça.

---Pai...Isso já está me assustando, essa dor de cabeça que você tem, isso já tem um tempo, não acha que deveríamos ir ao médico?
Anne lembra-me minha Adele, elas têm muito em comum, vejo muito da minha amada em nossa filha, inclusive essa preocupação comigo.

---Não pequena, eu estou bem, só preciso descansar.

---O senhor que sabe, eu vou comprar umas coisas para casa, Melissa e Emy não voltam hoje vão ficar na casa da avó, Johnny já está chegando,então o senhor não vai ficar sozinho muito tempo.
As vezes ela exagera, começou a me tratar como uma criança, desde a última vez que fui parar no hospital.

---Anne eu não sou mais criança, eu posso ficar um tempo sem babá.

---Desculpa, sei que exagero mas, não posso evitar.

---Está tudo bem Anne, pode ir. A loira depositou um beijo em minha bochecha e saiu. Segui minha filha com o olhar, reparando na cor do cabelo e os olhos, são tão parecidos, sinto falta de chegar em casa e chamar a minha loira dos olhos cristalinos. Levanto do sofá lentamente, ouço um estrondo no escritório onde Adele costumava ficar para estudar, faz tempo que não entro ali, é difícil, porque lembro-me de ter feito massagens em seus ombros e levado café para ela conseguir terminar de estudar, lembro de ficar acordado com ela noites inteiras, porque simplesmente não iria conseguir dormir sem Adele ao meu lado. Ouço novamente o som de vidro no chão, resolvo respirar fundo e ir até lá. Andei lentamente até a porta e adentrei o escritório, encontrei um retrato da minha esposa no chão, a foto que tirei quando ela estava grávida dos gêmeos, peguei o retrato do chão e senti como se alguém estivesse me observando, virei para a entrada do escritório e...

( Por Adele )

Já faz onze anos que estou aqui, as vezes é difícil sentar de frente para está lagoa e não lembrar do meu Simon, das vezes que ficamos abraçados olhando a água se mover no Rio Lea, ou quando levamos as crianças até lá mas, agora eu sei que o tempo na terra foi apenas mais uma missão, a qual nós cumprimos com êxito.

---Adele.
Miguel falou sentando ao meu lado.

---O que foi?

---Eu e Nathaniel precisamos falar com você, vá até a praça da música.

---O que está acontecendo?

---Você vai saber.
Assenti sem entender nada, esperei alguns minutos, a atitude de Nathaniel havia me deixado confusa, levantei e tirei a grama do vestido branco que eu usava, comecei a andar por entre o jardim tão colorido pela diversidade de flores, avistei a praça a metros de mim, comecei a ouvir o som suave do piano, tudo aqui é sempre tão calmo, vi Nathaniel e Miguel sentados na grama assistindo o homem que tocava tão lindamente o piano, aproxime-me ainda com receio é sentei ao lado deles.

---Adele, lembra que eu fui te buscar quando chegou sua hora?

---Sim Miguel.

---Desta vez, você vai buscar alguém. Estranhei a conversa.

---Quem?

---Simon.
Nathaniel falou e uma mistura de sentimentos surgiu, felicidade por voltar a ver o homem que amo e tristeza por saber que meus filhos perderam o pai, fiquei preocupada com meus pequenos.

---Não, ainda não, Simon ainda tem muito para viver!
Falei nervosa enquanto levantava, Nathaniel e Miguel levantaram também.

---Simon já tem oitenta anos, conheceu seus netos, bisnetos, a missão dele já acabou, acabou há muito tempo, está na hora dele se juntar a nós.

---Mas, por que agora?!

---Porque vocês tem uma nova missão na terra, precisam estar aqui para serem preparados, essa vida acabou Adele, tanto para você, quanto para ele.

---Quando...

---Hoje.

---O que?!

---Agora mesmo Adele.
Assenti com insegurança, Nathaniel está certo, cada um tem sua hora de partir, a do Simon chegou, é minha responsabilidade trazê-lo, Miguel me guiou de volta à terra, em um piscar de olhos, já estava em frente à minha antiga casa.

---Volto para buscá-los.
Miguel falou, assenti sem vontade, uma luz forte surgiu e em segundos eu me encontrava só, em frente à casa onde morei com minha família, o homem que amo e meus filhos. Comecei a andar em direção a casa, cheguei próximo a janela e vi meu marido, com seus cabelos grisalhos, sua barba branca, sentado ao lado de nossa filha mais velha, segundos depois minha Anne saiu. Entrei na casa, olhei para os quadros das paredes, Simon sentado, tão pensativo, entrei no escritório e vi que tudo estava como eu deixei, peguei o retrato que continha a foto de quando eu estava esperando os gêmeos, relaxei a mão e acabei deixando o retrato cair, tentei juntar o quadro, mas estava em pedaços, ouvi passos e me escondi, Simon entrou, olhou confuso o retrato no chão, pegou o mesmo e ficou encarando a foto, como se estivesse lembrando, o homem deixou o retrato sobre a mesa e ficou ali, parado de costas para mim mas, isso durou pouco, Simon virou e abriu sua boca em um O, enquanto lágrimas brotavam por seus olhos.

( Por Simon )

Peguei o retrato do chão e senti como se alguém estivesse me observando, virei para a entrada do escritório e me deparei com aquela mulher, a mesma que eu sentia tanta falta mas, minha loira estava diferente, jovem como o dia em que a vi pela primeira vez, usando um vestido branco com flores azuis claras, ao seu redor uma forte luz branca resplandecia.

---A...Ade...Adele...?
A loira sorriu ternamente, olhou para mim, virou de costas e saiu andando, não entendi sua atitude, segui a mulher que já se encontrava subindo as escadas, comecei a subir, sem prestar muita atenção, minha mulher chegou ao topa da escada e fez sinal para que eu a seguisse mas, não conseguir alcançá-la, senti como meu corpo fraquejava, eu cai escada abaixo, minha cabeça começou a doer, a última coisa que vi, foi a mulher se ajoelhar ao meu lado e sussurrar " Eu sinto muito...".

( Por Adele )

Simon estava me seguindo pelas escadas quando pisou em falso e rolou escadaria abaixo, desci as pressas e vi quando o homem bateu com a cabeça, senti minha alma se quebrar, em questão de segundos ele começou a convulsionar, então Johnny o marido da minha filha mais velha entrou pela porta da frente, correu até o sogro e ligou para emergência, ele não me viu, nem minha filha que entrou minutos depois, fiquei ali assistindo, a ambulância chegou, levaram Simon para o hospital o mesmo que continha nossos nomes, o mesmo que fundamos vinte anos atrás, juntos, segui a ambulância, levaram ele direto para o centro cirúrgico, fizeram todos os procedimentos mas, foi inevitável.

---Hora do óbito. O cirurgião falou olhando no relógio. ---Duas e vinte e cinco da tarde, causa da morte, acidente vascular cerebral. Logo depois foram até minha filha e avisaram que seu pai estava morto, voltei para o centro cirúrgico e segurei a mão de Simon.

---Chegou a hora de ir meu amor, junte-se a mim.
A alma de Simon saiu de seu corpo, ficou a minha frente, agora sua aparecia era a de 50 anos atrás, seus cabelos agora continham o castanho característico, sua barba não era mais branca, ele abriu os olhos e então pude ver aquela cor que tanto amo.
---Olá meu amor...

( Por Simon ) 

Tudo ficou escuro, não conseguia abrir os olhos, a escuridão me consumia e o fato de não saber o que estava acontecendo também, então senti alguém tocar minha mão e uma voz doce dizer que era hora de ir, finalmente abri os olhos e lá estava ela, minha Adele, ela sorriu amavelmente, puxei Adele pela mão que segurava e abracei minha loira como a muito não fazia...

Só mais uma parte e acaba😥

Reencontro Parte-2Onde histórias criam vida. Descubra agora