✳Capítulo 43✳ Arcos, espadas, escudos de prata

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Nota Inicial:

Boa leitura ♥

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Aranel saiu do quarto da mãe e andou pelos corredores com um enorme peso nos ombros. Muita coisa enchia sua cabeça; a batalha que viria pela manhã, a rivalidade ainda latente entre os governantes dos reinos, a chave em seu pescoço pesava mais que os machados de ferro e bronze dos anões, e a cura dependurada em seu cinto parecia cheia de terra pesada. Tudo em suas costas e aquilo estava deixando-a ainda mais estressada; muitos eram importantes para ela e sua mãe não ajudaria em nada se continuasse brigando daquele jeito. Como se não bastasse a segurança de Legolas, Kay, Laura e Mormacil, ainda teria de se preocupar com os duzentos e cinquenta elfos que Silmalótë trouxe da Floresta Branca para protegê-la. Aranel bufou, passando a mão no rosto, subindo para a cabeça e descendo até o pescoço e tentou acalmar os próprios pensamentos e os nervos. Precisava relaxar para o dia que viria a seguir.

Ela andou pelo castelo que estava sob os cuidados de Tauriel e Narmohtar. Sigrid estava liderando os guardas na cidade e no vale enquanto que Aynë cuidava da floresta. Thranduil e Lossë haviam se recolhido logo cedo, estavam visivelmente abalados e quietos, talvez por causa da princesa que não estava mais ali e não pronunciaram mais do que palavras necessárias. Toda aquela névoa e ar de dor e saudade, fez com que alguns elfos cantassem na floresta, entoando uma melodia suave mas cheia de angústia e solidão. Parecia um murmúrio muito distante mas ela sabia que esses elfos estavam protegidos dentro das muralhas e dos elfos que guardavam aquele local com a própria vida.

Caos recebera um quarto para ficar. Assim como Adamar e Geraldinë. O rei noldo não trouxe mais do que apenas cinquenta elfos em sua comitiva e dizia que eles eram mais do que o suficiente. Pelas histórias, Aranel confiava nele – neste sentido – de olhos vendados. Todo o restante da comitiva de Aranel adormeceu logo depois do jantar, há excessão de um.

A princesa parou em frente a porta do quarto de Legolas e bateu suavemente. Ela ouviu a voz dele permitindo sua entrada e então a abriu.

O príncipe estava sentado na cama usando uma roupa fina de seda e com os ombros baixos. Seus olhos fitavam a janela e em suas mãos segurava o camafeu com a pintura de sua irmã. É importante ressaltar que os homens e todos os seres mortais naquele mundo desconheciam toda e qualquer pintura que retratava um elfo. Retratos pintados eram apenas alusões para eles e somente elfos tinham permissões para vê-las pois eram sagradas e consideravam os mortais indignos de contemplar tamanha beleza e delicadeza. Homens poderiam contemplar esculturas élficas em pedras e tapeçarias mas sua magia retratada em telas de tinta, não. Algumas ainda guardavam o brilho e o poder antigo de Valinor e isso era muito importante para os elfos.

Aranel fechou a porta atrás de si e caminhou até o elfo, sentando-se ao seu lado e contemplando seu rosto sereno molhado por lágrimas enquanto observava o retrato da irmã. Seus olhos não estavam vermelhos e nem tão pouco inchados mas soluços irregulares e dolorosos rompiam seus lábios e suas bochechas estavam vermelhas.

Legolas respirou fundo e fechou os olhos. Nel tocou em seus ombros e perguntou, docemente:

— Manen nát? Como você está?

O príncipe limpou uma lágrima com o torso da mão e fugou. — Nanyë mára. Eu estou bem. — ele suspirou e forçou um sorriso mas seu queixo estremeceu e ele chorou.

Aranel estalou os lábios e o puxou para um abraço. Seu peito doeu ao vê-lo naquele estado, o sentimento muda muita coisa dentro de nós e Legolas parecia destroçado por dentro.... Estava, na verdade. Ele soluçou e escondeu seu rosto no colo da amada enquanto entregava-se ao pranto.

Verdades de Sangue✴Ela é do Príncipe✴Vol. 2 - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora