✳Capítulo 58✳ Lágrimas de dor

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Nota Inicial:

Quiz bônus: Qual a cor do arco de caça da princesa Aranel?

Boa leitura ♥

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O dia amanheceu cinzento, frio e insignificante. Porém, uma nuvem negra pairava sobre a Floresta das Trevas, levando consigo o sabor adocicado do verão e realmente parecia magia. Aranel observou o jardim pela janela do quarto e respirou fundo. Estava frio, ventava forte e parecia que enfrentavam o inverno novamente. Via-se preocupada. Morgana estava viva, solta e poderia estar em qualquer lugar. Seus poderes eram densos e antigos, mas mesmo assim, ela nunca ouviu relatos de um bruxo tomando a forma física de outra pessoa. Até os magos não faziam isso. Morgana era poderosa, e passou os últimos milênios planejando sua vingança. Seria terrível se ela não colocasse um ponto final nesta história. Mas, como eliminar alguém como ela? Parecia que sua magia emanava densidade própria e seu campo gravitacional fosse particular. Mesmo ficando mais de um século com o corpo dissecado, e a alma acorrentada a duas Gemas de Poder, Morgana ficou mais forte a cada momento e sua personalidade era venenosa, sádica e fria.

Aranel engoliu em seco, abraçando a própria cintura e ergueu o olhar para o jardim. Seus olhos arderam e lágrimas escorreram pelos cantos. Ela não sabia o que era ter um pai, cresceu ouvindo histórias de bravura e lealdade, que, no passado distante, Aranrossë travou suas próprias batalhas. Cresceu ouvindo como seu pai era justo, bom, leal e amigável com seu povo. Ouvindo como ele amava sua mãe. Mas, quem contava essas histórias eram Mormacil, Clawren, Stevan e Túriel – uma elfa loura, esguia, que viveu na Floresta Branca até resolver partir para Aman. Sua mãe não suportava falar com ela sobre seu pai, pois era doloroso e angustiante demais. Aranel não entendia na época. Veio a saber o motivo do ódio entre ela e Thranduil a dois anos atrás. Agora, tudo que ela sabia, caiu por terra. Morgana havia matado seu pai. O apunhalou pelas costas e fez com que Silmalótë acreditasse que foi Thranduil o responsável por mortes tão cruéis. Aranel não sabia como sua mãe estava e queria descobrir.

Seu peito queimou como fogo naquele momento. A verdadeira assassina de seu pai estava a solta, gloriosa por ter revelado seu segredinho, e aquilo a enlouqueceu. Aranel socou a parede e prendeu um grito dentro da garganta. Uma névoa de dor e sofrimento, angústia e desespero, se instalou no reino depois do Jantar de Noivado, e Nel caiu sentada na cama. Um peso descomunal recaiu sobre seus ombros e eles abaixaram.

Morgana também matou Wilwarin. A mãe de Legolas, esposa de Thranduil, rainha da Floresta das Trevas, e gargalhou do sofrimento que causou. Ela era suja!

Nel queria ver como Legolas estava, mas ele queria ficar sozinho naquele momento. Cada um lida com o luto de uma maneira e, ele sofria calado, assim como seu pai; que por sua vez, ficava trancado dentro do quarto e chorava, por vezes, longe de olhares curiosos. Aranel entendia isso pois também gostava de ficar sozinha para engolir a dor e tentar melhorar.

A prova disso foi a parede que agora estava com um buraco redondo do tamanho de seu punho. Precisava de um abraço. A dor era imensa e não pararia com facilidade.

Caos também foi atingido. Depois de anos venerando lembranças e contemplando uma pintura a óleo, viu a imagem de sua rainha. Encoberta por magia, Morgana assumiu a forma física da rainha Emewën e fez um noldo cair de joelhos como um animal dócil. A bruxa disse que queria despedaçá-los, de dentro para fora, e Nel entendeu aquilo. Seria mais difícil do que parecia ser, pois eles não sabiam como Morgana invadiria a cabeça de cada um ali, mas se conseguisse, seria uma tragédia sem dimensão.

Verdades de Sangue✴Ela é do Príncipe✴Vol. 2 - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora