Verdades de Sangue✴Ela é do Príncipe✴Vol. 2 - CONCLUÍDO

✳Capítulo 5✳ Dentro de casa

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Nota inicial: Este capítulo será narrado pela visão de Legolas.

Capítulo dedicado à
RannyeleAlves

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Legolas...

Ele entrou na casa e respirou fundo. O ambiente era acolhedor; sala ampla e lareira de pedras, mas tudo ali parecia querer sufocá-lo. Olhar para Aranel estava sendo mais difícil do que ele imaginava; era uma dor que não parava nunca. Começou quando leu a carta de despedida de sua noiva e o assombrava até os dias atuais. Um ano depois de tudo que aconteceu e ainda era predominante o gosto amargo do sofrimento em sua boca. Legolas, porém, aprendeu a reprimir essa vontade incessante de amar. Ainda era totalmente apaixonado por Nel, seu coração era dela, mas estava destruído e a única opção que teve foi enterrar essa dor, o mais fundo possível em sua alma. Numa camada até perigosa de mexer.

Ele caminhou pela sala e viu Aranel entrar pela porta, e subir, vagarosamente, para o andar de cima. Ela estava mais linda do que na última vez que a viu; os cabelos estavam um pouco mais claros – mechas louras caíam entre a coloração castanha intensa dos cachos –, e mais curtos. Um pouco mais acima dos seios e não caindo pelas costas, como ela usava antes. Ela ainda usava o anel de noivado; não no dedo da mão direita, mas, sim, dependurado em uma corrente fina de prata no pescoço. Um sinal de que ela ainda lutava para esquecê-lo? Talvez, mas, nunca conseguiria tal coisa. Seus olhos também guardavam um brilho diferente, mais astuto e impetuoso, talvez, no entanto, carregado de dor e angústia; também soterrados pelo desespero. Descobrir a verdade; era o que ela queria – não importava como, não importava porque, ou quão sangrenta ela seria, mas Aranel não desistiria até chegar ao fundo do poço, e descobri-la.

Foi um choque saber que Silmalótë foi quem matou sua mãe. No entanto, Nel afirma que ela revidou uma traição do seu pai. Quem dizia a verdade? Quem provocou e quem retalhou? O que realmente aconteceu? Ainda era perguntas persistentes em sua vida. Legolas deixou algumas coisas de lado depois da carta de despedida de Aranel, inclusive a vontade que teve de sair correndo atrás dela. Ele sofreu.... muito! Mas, aprendeu que não poderia obrigá-la a ficar com ele, e esquecer toda aquela história. O amor não funcionava assim; por obrigação. Se Nel não queria ficar, ele não podia fazer nada... ela tinha que voltar por vontade própria, e agora, estava ali, dando-lhe a notícia que sua mãe estava gravemente doente, por obrigação... Ela não podia viver sem saber como sua única família estava. Silmalótë estava doente e era uma coisa misteriosa. Ela ficou fraca de repente, e aquilo assustou todos que a conheciam. A rainha era tão antiga quanto Thranduil, nasceu no início da Segunda Era e foi aliada do rei – príncipe, na época –, no Cerco de Mordor. Naquela batalha, os dois perderam seus pais. Thranduil perdera Oropher, e Silmalótë perdera Malina. Apesar de tudo que ainda era desconhecido pela convivência dos dois reis, Legolas sabia que ambos sofreram muito depois de tudo... ainda sofriam.

Aquele ano tinha sido agitado para ele. Aranhas maiores e mais difíceis de matar surgiram na Floresta, elfos partindo para Valinor, Silmalótë doente, uma irmã a caminho e a coroação de Lossë.... tudo aquilo o consumiu, não só, fisicamente, e sempre que se olhava no espelho, ou deitava na cama. Não desejava mais ninguém ali que não fosse Aranel, porém, tudo que ele via era o vazio. Ela tinha partido e a incerteza o consumia. Então, depois de noites em claro, deixou que o sofrimento se tornasse saudade, que a saudade se transformasse em lembranças – boas e douradas. Nunca conseguiu conviver com o fato de que nunca mais veria Aranel, mas aprendeu a suportar tudo aquilo... enterrar parte do sentimento foi apenas uma maneira de amenizar sua dor... funcionou... até agora.