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[...]

Bernardo mal falava comigo, quando menos esperei veio a notícia que dói meu coração até hoje, Bernardo havia entrado pros corres loucos do Morro.
Quando se deu o dia que eu completaria meus 14 anos, Bernardo disse que me faria uma surpresa, fiquei o dia todo na frente do espelho... na minha cabeça seria meu pedido de namoro tão sonhado e desejado.

Comecei me arrumar 13:00 da tarde, nosso encontro seria as 19:00. Me arrumei linda e fui pro portão esperar ele, deu 19:15, 19:40, 20:30, 21:00 e nada do Bernardo.
Quando deu 22:00 desisti de esperá-lo e fui atrás da minha mãe na casa da sua amiga Soraia, no caminho na sorveteria, estava o meu protetor Bernardo com a sua irmã, com sua mãe e a Viviane.

Me sentei no meio fio do outro lado da rua, esperando que ele me notasse ali do outro lado. Mas ele estava intertido demais, beijando e tirando fotos com a Viviane.
As lágrimas desciam e quase rasgavam minha pele, o que ela tem que eu não tenho? Só porque ela tem mais peito? Ou por causa dessas mechas loiras? Eles riam de um lado e eu desmoronava do outro. Foi ai que eu conheci o famoso coração partido.

Meu celular marcava que faltava cinco minutos pras 00h, a rua estava movimentada e nem minha mãe havia aparecido, estava um som alto na casa de Soraia, certeza que era mais um de seus churrascos.

Bernardo já estava se arrumando pra sair, as vezes ir embora, ele mal aguentava o peso do revolver que carregava... eu ri daquilo por um momento mas desfiz o sorriso quando ele colocou o revolver no cós da bermuda e colocou a Viviane de cavalinho nas suas costas.

O relógio marcou á meia noite, eu me levantei e saí daquela calçada, passei por eles voado e senti que ele me viu. Fui pra casa destinada a nunca mais me dar ao luxo de falar em Bernardo.

Cheguei em casa e fui direto pro quarto da minha mãe, peguei pó descolorante e sal moníaco, li como preparava e agora eu ficaria loira. Fiz uma mistura louca e joguei nas minhas madeixas escuras enormes, deixei agir um monte enquanto comia o bolo de aniversário que minha mãe comprou pra cantar o parabéns a meia noite.

Mas a festa de Soraia deve estar melhor do que passar a virada do aniversário com a filha, tudo me doía, foi o pior aniversário da minha vida.

OLHAR DO TRÁFICO - LIVRO 1 (F)Onde histórias criam vida. Descubra agora