66

7K 423 12
                                    

Laís narrando.

Pezão me acompanhou até a casa da tia pra eu me trocar, ele tinha me convidado pra tomar um sorvete e como o bofe é lindo, educado e sério... não resisti!

Tomei um banho de gato, coloquei uma roupa adequada e fiz uma make básica. Me entupi de perfume e sai do quarto, ele me esperava na sala com o Arthur.

Laís: Vamos?
-Cheguei na sala e o David abriu um sorriso.
David: "Quero ir com a madinha".
Laís: Hoje não dá meu amor, amanhã a madrinha saí com você.
Vivi: Cheguei!
-Disse abrindo á porta.
Arthur: Porque demorou?
-Disse demonstrando pouco interesse.
Vivi: Ah, fui devolver a moto né...
Pezão: Vamos?
Laís: Bora.
-Ajeitei meu cabelo e saímos de casa.
Pezão: Você tá linda.
-Sorriu de lado.
Laís: Nossa, você sabe sorrir.
-Fingi espanto e gargalhei.
Pezão: As vezes.
-Disse recuperando a postura séria e fria.

Abriu o portão e sentou naquela moto maravilhosa, esticou a mão pra eu subir, le ligou o motor e acelerou chamando a atenção de geral ali.

Foram uns cinco minutos até chegar em uma pracinha cheia de crianças e árvores. Me apoiei nele pra descer, ele desceu e me abraçou de lado, fiquei tipo "que?".

Laís: Quero de chocolate e abacaxi.
-Disse assim que sentei.
Pezão: Calma.
-Riu forçado e foi pedir, logo voltou.
Laís: Qual o motivo de você me trazer aqui?
-Olhei no fundo daqueles olhos, lindos, porém passavam tanta tristeza.
Pezão: Quero te conhecer ue...
Laís: Ah sim, meu nome é Laís Vitória, tenho 17 anos, terminei o ensino médio a pouco tempo, quero ser delegada e moro no interior de São Paulo.
Pezão: Já achei dois problemas, mas não era assim que eu queria te conhecer.
Laís: Problemas?
Pezão: Você não pode ser delegada casada com vagabundo e nem morar no interior se o seu marido mora no Rio.
Laís: Mas quem disse que eu vou casar com vagabundo e morar aqui?
Pezão: Você vai ver. Quanto tempo vai ficar aqui?
-Fizemos uma pausa porque nossos pedidos chegaram, ele me olhava vidrado e aquilo tava me constrangendo.
Laís: Sexta que vem, voltamos pra nossa casinha.
Pezão: Então eu tenho uma semana pra fazer você ficar.
Laís: Eu não vou ficar.
-Revirei os olhos e ele continuava sério.
Pezão: Você vai no baile hoje?
Laís: Brisola né? Ainda pergunta?
-Sorri de lado, e tenho certeza que os meus olhos brilharam.
Pezão: Quer ir comigo?
Laís: Pode ser...
-Coloquei uma colherada de sorvete na boca
Pezão: Hum.
-Fitou o céu.
Laís: Como é o seu nome?
-Ele me olhou tipo "o que você tem a ver com isso", e eu me calei. O silêncio reinou.
Pezão: Hiago, Laís.
-Continuei comendo quieta, ele era muito estranho.
Laís: H, você passa me pegar que horas?
Pezão: H?
Laís: É, H.
-Ele deu um sorrisinho de lado.- Olha, consegui te fazer sorrir duas vezes hoje já, palmas pra mim.
-Disse toda convenciada e ele nem ligou, murchei na hora.

OLHAR DO TRÁFICO - LIVRO 1 (F)Onde histórias criam vida. Descubra agora