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Thais narrando.

Como na maioria das favelas, ninguém pode ter alguma coisinha melhor, que já é motivo pros atrasa lado também querer, o Bê paga um colégio pra mim e pra Pandinha, fora daqui, então esse é uns do motivos de nós sermos um grude, e também sermos odiadas pelas ratas de esgoto.

Depois de uma manhã cansativa, eu estava na frente do Colégio esperando a Vivi sair, logo ela apareceu e fomos pra casa.
Sempre subimos a pé já que é pertinho, eu sei que meu irmão não vale um doce, mas se ele soubesse o jeito que os "parça" dele come a Pandinha com olho, ficaria mais ligeiro.
Chegamos no portão da casa dela, e ela se despediu.

Vivi: Vem aqui lá pelas quatro ver um filme sua brega. -Sorriu enquanto fechava o portão.
Thais: Vixe, hoje ta molhado, o Bê quer que eu faça uns bagulho pra festa dele.
Vivi: Ah, então depois eu subo te ajudar.
Thais: Firmeza neguinha. -Mandamos um beijo no ar uma pra outra, e logo o magrinho desceu fincado com uma moto preta, aproveito e deu um grau no portão da Vivi, acha que passa a mão na minha cara, igual na do meu irmão.
Aquele ditado né, passa batido mas não despercebido!!!

Cheguei em casa e a minha mãe estava almoçando. Joguei minha mochila no sofá e fiz meu prato.

Thais: Oi mãe. -Mudei o canal da TV e ela me olhou de cara feia e eu ri.
Julia: Filha, vamos falar pro teu irmão fazer essa festa em outro lugar.
Thais: Mãe, se nós for de perreco pra barrar essa festa aqui em casa, perigoso o Tega jogar eu e a senhora pra dormir na rua. -Ri e enchi a boca de comida.
Júlia: Até você chamando seu irmão assim?! Perdi o apetite. -Se levantou e colocou o prato na mesa.
Thais: Ué mãe, a senhora quer o que? A festa é do Tega não do Bernardo.
Julia: Eu não quero é esses bandidos se instalando na minha casa.
A porta se abriu e deu lugar pro fuzil, depois pro meu irmão.
Tega: O que que vocês tão falando de bandido ai? Tem um dentro de casa.
Julia: Estamos falando do jornal meu filho. Agora coloca esse troço no chão e vai comer.
Tega: Não julga os corre dos menor, ninguém tá no crime por que gosta não queridona. -Foi em direção à cozinha e a minha mãe pro quarto.

OLHAR DO TRÁFICO - LIVRO 1 (F)Onde histórias criam vida. Descubra agora