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Laís narrando.

Depois de quase dar na cara daquele azeda da Bianca, subimos pra casa da Thais, não se ouvia nem respiração lá dentro e também não conseguimos entrar.

Laís: Tá, o que a gente faz agora?
-Disse descendo do pescoço da Thais, que eu tinha feito de apoio pra olhar a laje já que não tínhamos acesso a nenhum canto da casa
Júlia: Aonde meu filho enfiou essa menina?
Thaís: Mãe, se ela ainda estiver viva, longe daqui de casa ela não tá, o carro do seu filho tá aí, a moto tá caída do mesmo jeito.
Laís: Meu Deus!
-Do nada um desespero tomou conta de mim, levei as mãos no meu rosto, um calafrio me percorreu por completo, senti um frio que doeu na alma.
Thaís: Se acalma menina.
-Me abraçou
Laís: Eu quero minha prima, quero ela aqui porra!
Thaís: Mãe, vigia a casa eu vou na boca atrás de um cara, ele deve estar lá e você cuida da Laís mãe.
Júlia: Tudo bem filha, corre lá.
Laís: Eu vou junto porra.
-Me soltei do abraço e limpei as lágrimas.

Eu e a Thais fomos literalmente correndo até a boca de fumo, era uma subida enorme e depois uma ribanceira que eu vou te contar, mas depois eu conto, to com pressa agora.
Chegamos lá, vários caras nos olharam encarando, até que um apontou uma arma pra nós.

Jean: Qualé minas?
-Abaixou a arma e sorriu.
Thaís: E ai Jeanzin, cadê o chefe?
Jean: Ta no corre.
-Disse com uma voz mole que dava até agonia.
Thaís: Quem tá na linha de frente?
Jean: Sei lá.
-Riu mostrando todos os dentes.
Thaís: Vai chamar ele múmia, tá esperando o que?
Jean: Sem neurose Thaisinha, po..
-Colocou uma pistola na cintura e escorou o fuzil na parede sem reboco. Depois de alguns minutos saiu um cara de quase dois metros, corpo definido, boné enfiado na cabeça e um rosto de dar medo, acho que eu demonstrei esse medo até demais.
- Essa cara de piranha aí porque?
-Se dirigiu a mim que nem responder consegui.
Thaís: Negócio é o seguinte..
-Chamou a atenção dele e começou a contar tudo, uns caras entravam e outros saiam, uns passavam a mão em mim e eu nem brigava nem nada, uns podres de drogados deitados nos cantos, outros sérios até demais.
- Bora lá então -Disse com aquela voz grossa e entrou numa porta.
Thaís: Se você olhar com essa cara de quem viu filme de terror de novo ele vai te matar.

Arthur narrando.

Depois de passar na casa da dona Dilma e não ter ninguém, passamos um pano no barzinho e tava abandonado, estranho pra caralho, o bar todo aberto e não tinha ninguém.

Uma linguaruda disse que a Júlia tinha subido com uma menina e a filha dela e deixou o bar sozinho.

Pezão: Vamo na cola do mano Tega, ele deve saber de alguma coisa, mas nem se envolve tá ciente? 
Arthur: To ligado.
-Descemos a mil pra boca que tinha na entrada da favela, descemos e o rádio do Pezão xiou e ele foi falar um pouco longe de mim. Ele deu uns grito lá e eu só ouvi a parte "invade esse barraco porra".
Pezão: Mano, quem é o pai daquele moleque? Filho da Viviane tua mina?
Arthur: Não é minha mina.
-Abri os braços em rendição rindo.
Pezão: To dando ideia quente pela saco. Quem é que fez aquele piá?
Arthur: Conheci ela e ela tava grávida do filha da puta do Tega ja.
Pezão: Mano, independente de tudo... eu resolvo! O chefe aqui sou eu, entendeu?
Arthur: Entendi, mas de qual que é?
Pezão: Sobe aí.
-Ligou o motor e subimos a mil de novo, quase cai quando ele quebrou um beco, mas fiquei firmão.

Ele parou em frente a uma casa ajeitada até, de dentro saiu a Laís saiu no colo de com um cara da face toda regaçada, a Thais berrava alto, já começava a encher de gente a rua. Pezão jogou a moto na rua e nós descemos.

OLHAR DO TRÁFICO - LIVRO 1 (F)Onde histórias criam vida. Descubra agora