Comentem pra eu saber o que estou achando. O título é uma música da trilha sonora do filme ' Love, Rosie ', um dos meus filmes favoritos, e reflete o que eu tenho tido na cabeça por um bom tempo. Espero que gostem !!
3
- Minhas mãos estão doendo. – falei, olhando – as, cheias de calos e arranhões. Era hora do almoço e tinha acabado de ajudar a plantar trocentos milhões de vegetais.
- Se eu olhar pra mais uma cenoura, eu vou vomitar. – disse Beth, me fazendo rir. Era hora do almoço e todos estavam animados por Daryl ter trazido um veado. Ele estava começando a virar uma celebridade na prisão.
A prisão. Estava gostando de acordar e saber que estaria em um lugar seguro, sem o perigo de ter um zumbi comendo meus órgãos. Fazia mais ou menos duas semanas que vivia no lugar, tinha me acostumado com tudo, era como se fosse meu lar desde sempre. Até como se minha vida antes da prisão tivesse sido somente um sonho ruim.
Seguia a rotina. Geralmente passava as manhãs cozinhando com Carol, trabalhando na plantação ou limpando a cerca daqueles vermes. Fiz amizade com Beth. Ela era alguns anos mais velha e muito mais feminina do que eu. Sabia cozinhar, fazia penteados lindos e eu... bom eu sabia limpar a cerca muito bem. Também fiz amizade com Patrick, um garoto de cabelos negros, magro e, arrisco dizer, raquítico. Ele era legal e gostava de quadrinhos como eu, então passávamos bastante tempo juntos.
Durante as tardes, depois do almoço, trabalhava mais um pouco nas tarefas da manhã e tinha o dia livre. Escrevia um pouco, lia e todos os dias ensinava basquete para as crianças. Como as cestas eram muito grandes para algumas, Daryl tinha feito uma outra, um pouco mais baixa.
A propósito, Daryl não ia muito com a minha cara. Acenava para todos menos para mim e as vezes o pegava me encarando. Tentava ser amigável, mas ele ainda não gostava de mim.
- Eu só queria deitar e dormir. – falei. Ficar lendo até tarde e mais quatro horas no sol me fizeram ficar com uma baita fadiga.
- O que mais você tem de fazer ? – perguntou Carl, chegando subitamente.
- Eu vou ter que cuidar das crianças com Carol, na hora da história. – falei, bocejando. – E você vai ?
- É coisa de criança.
- Baixa a bola. Nós só temos quatorze anos. – falei, me levantando da mesa. – Tenho que ir.
- Você tem quatorze anos, eu tenho quinze. - ele murmurou.
Sai do refeitório e fui em direção á biblioteca. Sempre ia antes da hora da história, para poder ler antes. Peguei o livro do mesmo lugar de onde o deixei e começei a lê – lo.
Logo ouvi algumas vozes vindo da ala de livros infantis. Andei até lá e vi a sombra de duas crianças. Eram Lizzie e Mika. Lizzie estava sentada em uma cadeira, com o rosto vermelho e chorando. Mika acariciava suas costas, sussurando algo. Quando me viu chegando me olhou de uma forma desesperadora, como se realmente estivesse precisando de ajuda para acalmar Lizzie.
Andei até elas e me abaixei para ficar na altura de Lizzie. Toquei em seu ombro para chamar sua atenção. Ela tirou as mãos do rosto, revelando seus olhos azuis tristes.
- O que aconteceu ? – perguntei.
- Nós duas, Luke e Molly estávamos no portão conversando com Nick e os outros. – ela falou em meio a soluços. Olhei para Mika, perguntando silenciosamente quem era Nick. – Carl chegou e disse que nós não deveríamos dar nomes aos mortos.
- Lizzie, vá lavar seu rosto e volte logo para a hora da história.
Lizzie passou as mãos no rosto para limpar as lágrimas e saiu da biblioteca.
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The Apocalypse
БоевикAs citações sempre fizeram parte de sua vida e, quando a praga foi espalhada, ela recebeu um novo mantra : simplesmente sobreviva de alguma forma. Com o romper de uma nova realidade, ela confiava nessa frase como um amigo e ela cobria - a como um c...