POV Carl3 semanas depois...
Nós só tínhamos uns aos outros, a floresta e uma longa estrada. Andávamos há tanto tempo que ás vezes esquecia o nosso destino. A capital, Washington, que parecia cada vez mais longe a medida que mais problemas apareciam.
A dificuldade em achar alimentos, que nos deixava cada vez mais fracos, a dor da morte de tantos á nossa volta. Principalmente as mortes.
Bob tinha morrido uns dias antes na igreja por causa da mordida, Beth há uns dois dias com um tiro na cabeça e Tyreese ainda ontem, pela mordida de um dos irmãos zumbificados de Noah.
Mas nós não podíamos desistir, tinhamos que continuar tentando achar comida, abrigo, alguém que nos ajudasse. Pelas nossas perdas, sabendo que a melhor coisa que podíamos fazer para vingá - las era continuar vivendo. Pelos mortos, que mesmo que caminhássem sobre a terra e tentassem nos matar, sabíamos que foram pessoas um dia. Todos tinham as suas razões para continuar.
Para mim, a Judith. Eu não conseguiria desistir sabendo que Judith estaria sozinha.
- Ei, Carl, você vem ? - perguntou a voz do meu pai, vindo detrás de mim. Não percebi que pensava tanto até alguém me trazer de volta á realidade.
Tinha achado uma caixinha de música quebrada, no meio da floresta. Ela estava um pouco suja de terra e algo que parecia sangue, mas continuava bonita. Tentei fazê - la funcionar, mas eu não sabia como. Mesmo assim, resolvi dá - la para Maggie. Ela ainda estava triste por causa da morte de Beth e acho que isso ia alegrá - la. Fazia muito tempo que nenhum de nós via alguma coisa bonita.
Me virei para meu pai, a sua barba maior do que nunca e a garrafa de água vazia, tal como a minha.
- Achou alguma coisa ? - perguntou ele, mesmo que soubesse que não tinha achado nada. Neguei com a cabeça e coloquei a caixinha de música na mochila de ombro.
Continuei andando ao lado dele, enquanto voltávamos para o lugar onde tinhamos parado para descansar.
- Carl. - falou ele, parando de repente. - Faz um tempo que eu queria conversar com você. Sobre a Emily.
A menção do nome dela me fez estremecer ao longo da minha espinha.
- Por que ? - perguntei em um tom um pouco mais alto e bravo do que queria. Não conseguia evitar.
- Eu sei que não foi certo deixá - la.
- Mas nós deixamos ela e agora ela morreu. - falei com frieza e evitando olhar diretamente para meu pai.
Eu tinha tentado aceitar que ela morreu há muito tempo, assim seria mais fácil. Talvez eu até conseguiria esquecê - la, mesmo que fosse pouco provável. Eu sabia que aqueles olhos escuros e cabelos longos me assombrariam para sempre.
- Você não sabe se ela morreu. Ela é uma garota muito forte, Carl. Mesmo antes de termos achado - a, ela sobreviveu muito tempo sozinha.
Um tempo em silêncio, que logo se transformaram em minutos. Ouvia os sons da floresta, o farfalhar das folhas e o barulho dos nossos passos.
- Eu sinto saudade delas. - falei de repente, por impulso. - Da Emily e da mamãe. Acho que uma teria gostado de conhecer a outra.
Meu pai hesitou ao ouvir a menção da mamãe, do exato jeito que tinha feito uns minutos atrás ao ouvir o nome de Emily. Não me impressiona que as pessoas me achassem parecido com ele, na aparência e no jeito de pensar.
- Eu tenho certeza. - falou ele.
(...)
Continuamos andando. Meu pai segurava Judith e conversava com Daryl, mas a maioria das pessoas não conversava. O ronco de nossos estômagos era muito forte.
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The Apocalypse
ActionAs citações sempre fizeram parte de sua vida e, quando a praga foi espalhada, ela recebeu um novo mantra : simplesmente sobreviva de alguma forma. Com o romper de uma nova realidade, ela confiava nessa frase como um amigo e ela cobria - a como um c...