11
POV Carl
Abri a porta. Michonne estava parada de frente a ela, com lágrimas no rosto. Parecia mais magra e mais cansada do que o usual, com grandes olheiras em volta dos olhos. Sua katana ainda permanecia nas costas, ansiando por uma chance de ser usada.
A abraçei fortemente, esbanjando toda a saudade que senti. Foi difícil ter ficado só com meu pai, que nem estava consciente boa parte do tempo. Ela me soltou e sussurrou.
- Vá falar com ela.
Estranhei o que ela disse até olhar para a entrada da casa. Ela vestia uma camiseta cinza suja de sangue, terra e suor. Seus cabelos castanhos estavam espalhados pelas suas costas e ombros e seus lábios ressecados por conta das longas caminhadas no sol que as duas deveriam ter feito para chegar até aqui adicionadas aquela mania que ela tinha de mordiscar o lábio de baixo. Os seus olhos negros jorravam lágrimas por seu rosto branco como neve. Também estava muito magra e fraca, parecendo que iria desmoronar a qualquer momento. Mesmo assim, ela estava linda.
Corri até ela, desejando que as lágrimas em sua face evaporassem assim que a abraçasse. Coloquei as minhas mãos em volta de sua cintura, a abraçando com o máximo de força. Foda - se se ela queria ser só minha amiga, eu estava com saudades.
- Oi. - ela sussurrou, como se fossemos velhos amigos que encontraram - se na rua, em um mundo normal.
- Oi. - sussurei de volta. Ela exalava uma combinação de cheiros única que eu queria guardar num pote para o resto de minha vida. Eu me sentia em casa.
(...)
POV Emily
Rick estava mal. Ainda estava bem machucado da luta com o Governador. Seu olho direito estava inchado, os cortes em seu rosto ainda estavam vísiveis. Acho que o pior era que ele sabia da gravidade de seus ferimentos, mas queria continuar a procurar os outros.
Eu estava sentada no chão da 'nossa sala de estar', lendo um dos livros que tinha pegado na prisão : Agatha Christie. Rick estava mexendo em uma mochila no outro canto da sala e ouvia Carl e Michonne rir na cozinha. Até agora tudo bem.
Percebi que estava escorrendo algo por detrás da blusa de Rick.
- Rick ?
- Diga.
- Por que não contou a ninguém do seu machucado na barriga ? - ele me olhou e, somente por um segundo, pude ver a surpresa em seu rosto até que virasse uma carranca. - Você sabe que a gente pode cuidar disso.
- Não queria deixar Carl preocupado. - ele sentou no sofá ao meu lado.
- Posso ver isso ?
Ele levantou a sua camisa e o que vi me fez quase vomitar. O corte ia do umbigo até o princípio das suas costelas, em uma fenda horrível e mórbida. O sangue já havia coagulado e o que restava era um pús úmido ao redor do machucado, que deixava claro o risco de infecção do machucado.
- Rick, nós precisamos achar alguma coisa para limpar isso. - me levantei para tentar achar algo na casa. Só achei algumas ataduras e esparadrapos. Limpei o ferimento o máximo que pude, em meio a gemidos de dor, e prendi um esparadrapo sobre o corte. Iria ter que servir por enquanto. Rick me agradeceu com um aceno de cabeça e voltei a ler meu livro, decidida a não contar a Michonne ou Carl sobre o machucado por enquanto. Era algo que estava sob controle, por enquanto.
Logo cansei de ler e fui vasculhar um pouco a casa. Entrei em um dos quartos. Era muito maneiro. As paredes eram pintadas de verde escuro e havia cartazes por todo o lado. Uma lareira servia de apoio para vários itens de decoração e tinha até um videogame com uma televisão em um canto. Haviam prateleiras de livros que eu adoraria ler.
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The Apocalypse
ActionAs citações sempre fizeram parte de sua vida e, quando a praga foi espalhada, ela recebeu um novo mantra : simplesmente sobreviva de alguma forma. Com o romper de uma nova realidade, ela confiava nessa frase como um amigo e ela cobria - a como um c...