Oi, gente !! Desculpa pelo capítulo atrasado, mas finalmente estou de férias e poderei postar regularmente aqui ! Espero que gostem do capítulo de hoje, não é o melhor, mas comentem pra eu ver o que acharam. Amo vocês, obrigada por apoiarem minha história S2
10
Acordei com o sol em meu rosto e por um segundo, cogitei que ainda estava na prisão. Carl viria logo me encher o saco ou Lizzie ia aparecer para eu ler mais livros para ela e as outras crianças. Mas todas as lembranças do que tinha acontecido naquele lugar voltaram a minha cabeça, me fazendo ficar zonza só de relembrá - las. Eu não estava na prisão e provavelmente nunca voltaria a viver em um lugar como aquele.
Levantei do banco e me sentei, respirando fundo. Peguei minha mochila e a abri para ver o que tinhamos para comer naquele dia. Só um pote de milho enlatado e um pacote pequeno de M&M's, junto com um pouco de água que tinha durado demais para uma semana. Eu gostava de M&M's mas eu e Michonne não poderíamos nos alimentar somente de um minúsculo pacote.
Esperei mais uns segundos até que resolvi finalmente acordar Michonne. Ela estava em um sono profundo, mas achei que era melhor eu acordá - la do que a minha barriga, que ansiava por algum conteúdo além de água. Toquei levemente seu braço.
- Michonne. - sussurrei. - Michonne. - falei um pouco mais alto.
Ela finalmente me ouviu e se levantou, surpresa e ofegando.
- Desculpa. Nós precisamos achar comida.
- Ok. - disse ela, ainda sonolenta.
Saímos do carro em silêncio.
- Não fui sincera com você. Achei uma trilha, com pegadas. Mas não sei se pode ser... eles. - falou ela.
- Nós podemos seguir a trilha, mas depois de achar comida. - falei, friamente.
- O que aconteceu ? - ela perguntou preocupada com minha mudança repentina.
- Nada, só quero comer. - era uma meia verdade.
- Vocês estavam juntos ? - perguntou ela, arqueando as sombrancelhas e sorrindo abertamente, aparentemente sem nenhum motivo. Foi aí que caiu a ficha : ela sabia desde o começo. 'Merda' pensei.
Michonne começou a rir de mim e senti como se tivessem colocado uma máscara de fogo no meu rosto.
- Estava meio na cara. O jeito como ele te olhava.
- Por que todo mundo diz isso ? Nós nem estamos mais juntos. Na verdade nunca estivemos, foi só um beijo.
- Se não estão agora, vai ser logo. - falou ela.
Imediatamente levei a mão á câmera fotográfica em minha bolsa. Será que ele gostava tanto de mim a ponto de realmente querer ficar junto? Talvez eu quizesse isso, talvez eu quisesse muito mas será que estava preparada ? 'Calma Emily. Não crie expectativas.' pensei comigo mesma. 'Além disso, foi você que rejeitou ele, foi você que não quis.'
- Ele que te deu isso ? - perguntou ela. Não percebi que tinha tirado a câmera da mochila e olhava para ela, passando meus dedos calejados por toda a sua extensão. Assenti levemente com a cabeça, tentando segurar o sorriso que insistia em aparecer no meu rosto. - Ele realmente gosta de você. Você sente o mesmo ?
- Não sei.
Continuamos andando, mas desta vez o silêncio era confortável. Estava feliz de ter me aberto sobre Carl com alguém além de Beth. Me dava uma sensação de que poderia contar para quem quizesse e não me importaria.
Chegamos até uma churrascaria, com características de abandono muito antes do apocalipse. Troquei um olhar com Michonne e andamos até a casa silenciosamente, ela com sua espada em punho e eu com minha arma. A porta estava aberta então entramos. A cabana estava com pilhas de cadeiras em um canto e do lado um zumbi morto. Supus que as cadeiras prenderam o zumbi até outra pessoa matá - lo. Fora isso a cabana estava vazia e sem suprimentos. Olhei de novo o zumbi. Ele estava com um tiro e uma marca de algo na cabeça, provavelmente um machete ou uma enxada. O sangue escuro como piche ainda estava fresco no chão, indicando a presença recente de alguém pelo local
- Você acha que alguém... ? - perguntei, sendo interrompida por mim mesma. Não queria que Michonne ficasse irritada comigo. - De qualquer modo, vamos seguir a trilha.
Michonne olhou para mim com um olhar de dúvida pela minha decisão.
- Nós não vamos achar comida tão cedo aqui. Talvez naquele caminho achemos.
(...)
Havia dias que não achávamos comida. Minha barriga passou de roncando para um estado de dormência, que indicava que meu corpo começava a perder os sentidos. Estava cada vez mais sonolenta e nós duas tirávamos pausas cada vez mais longas. A prisão tinha nos desacostumado. Ter sempre barriga cheia era um privilégio raro e que nos fazia suscetíveis a sentir a falta da comida. A única coisa que tinhamos comido em quatro dias era um esquilo, que Michonne tinha matado com sua katana, e um punhado de folhas de menta, supostamente fazendo o trabalho de nos manter saciadas.
Não podia parar. Apertei o passo para que Michonne não percebesse o quão faminta e cansada estava. 'Eu e essa mania idiota de tentar parecer forte sempre'.
Estavamos a uns cem metros de uma casa, que torcíamos para ter comida. Estava perdida em meus pensamentos enevoados pela desnutrição quando Michonne me 'acordou' cutucando - me com o cotovelo. Olhei para o meio da rua, onde um enlatado grande de algo já consumido estava descansando sob o sol. Corri até ele e olhei a embalagem. 3 quilos de pudim de chocolate enlatado.
'Será que era Rick? Ou talvez Beth ou Mika ?'
Percebi que já tinha pensado isso muitas vezes só hoje. Era Sasha que tinha matado o zumbi na cabana de churrasco ? Era Maggie que tinha comido o enlatado de pudim de chocolate ? Era Carl a pessoa que deveria gostar ? Corri para longe, para a floresta que existia perto, antes que Michonne pudesse me impedir.
Finalmente deixei as lágrimas rolarem pelo meu rosto e o peso em meus ombros cair. Eu não conseguia. Não conseguia sem eles. Nem sei como consegui sem meus pais mas sabia que não conseguia mais. Eu não iria continuar.
Tentei me forçar a engolir as lágrimas mas elas não paravam de sair de meus olhos, fazendo minha visão ficar turva. Eu não conseguia compreender como uma coisa invísivel como o amor podia doer tanto. Meu coração antes parecia que era uma caixa de vidro inquebrável, que foi rompida por tudo o que houve em poucos meses, como se fosse um tiro e as minhas barreiras não pudessem suportá - lo.
Peguei minha arma e a destravei. Apontei para minha cabeça, ainda insistindo para que não sentisse mais nada. 'Não consigo, mãe. Eu nunca vou conseguir ser forte como você era. Vou me juntar a vocês'
Eu já estava preparada para puxar o gatilho e deixar tudo de lado, quando ouvi uma porta se abrindo ao longe e passos. Apontei a arma trêmula para a casa de onde vinha o barulho e andei lentamente até a varanda sem entrar nela. Michonne estava de frente para a porta aberta e ouvia ela chorando baixinho.
-Michonne ? - perguntei confusa. Ela se virou sorrindo e saiu de frente daporta, revelando a pessoa que insistia em continuar nos meus pensamentos sem o meu consentimento.
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The Apocalypse
ActionAs citações sempre fizeram parte de sua vida e, quando a praga foi espalhada, ela recebeu um novo mantra : simplesmente sobreviva de alguma forma. Com o romper de uma nova realidade, ela confiava nessa frase como um amigo e ela cobria - a como um c...