I Want You

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Eu já nem durmo mais. Eu tentei, tentei de verdade. Mas a cada piscada que dava, só conseguia pensar nele. A lembrança de seus lábios se aproximando de mim me deixou acordada até altas horas.

Tentei ler um pouco para afastar esses pensamentos, tentei pensar em outras coisas. Meu cérebro sempre voltava ao mesmo, me lembrando que oesqueceria tão cedo.

(...)

Acordei antes do sol nascer e olhei para a janela, apreciando os instantes de total silêncio. Não podia demorar muito ou alguém iria desconfiar. Vesti a muda de roupa que Deanna havia separado para mim, uma calça jeans de lavagem clara, uma camiseta branca e uma blusa roxa de tecido fino. Peguei meus sapatos na mão e desci as escadas, para não fazer barulho. Fui até a cozinha e abri o armário, procurando algo que pudesse comer. Nada, a não ser uma caixa de chicletes de menta e garrafas de água.

No caminho, meus olhos passaram de relance na mesa desarrumada de Deanna e Reg, notando um mapa de Alexandria. Observei as marcações das casas e seus respectivos moradores, do portão e de uma linha circundando toda Alexandria. Passei meu dedo por cima da linha até chegar em um desenho de um quadrado que parecia representar um prédio ou uma casa. Havia uma seta apontando para o quadrado indicando o depósito de armas e mantimentos.

Coloquei o mapa no bolso do casaco e saí da casa antes que me desse conta do que havia feito. Esperava que eles não notassem somente um mapa entre cinquenta naquela mesa bagunçada.

Calçei meus tênis na varanda da casa e sai por Alexandria, explorando. Não tinha ninguém nas ruas e o sol começava a nascer por detrás das casas, deixando tudo iluminado. A sensação de liberdade foi intensa, sem ninguém, só eu e aquele mundo gigante para ser explorado. Por um segundo, esqueci dos mortos por trás dos muros.

Mas no fundo, bem no fundo de mim, sabia que aquela sensação não era real e que o mundo sempre irá pertencer a eles. Aquela faísca de esperança apagou - se em mim com o pensamento e voltei á realidade.

Continuei andando por Alexandria até chegar no tal do arsenal, uma casa bonita e igual á maioria dessa rua. Fui até os fundos da casa e vi uma janela baixa, mas fechada. Fiz força contra ela, mas não consegui abri - la. Desisti e acabei usando a última e mais idiota alternativa da minha mente. Bom, se você não consegue dar a volta em uma parede, quebre ela.

Pequei uma pedra do tamanho da palma da minha mão e a bati - a contra a janela. O vidro se quebrando fez barulho e olhei por detrás da casa para ver se vinha alguém. Nada. Repeti o processo até abrir um buraco grande o suficiente para eu poder passar e me apoiei na parte de cima da janela. Esperava que ninguém tivesse ouvido.

Finalmente entrei na sala de armas, um lugar com paredes verde escuras e quase totalmente repletas por enormes armas e baús cheios de pistolas e facas. Fui para a sala ao lado e verifiquei se alguém tinha percebido minha entrada, e como o esperado, nada de novo.

A segunda sala era repleta de prateleiras com enlatados menores do que a minha mão até outros maiores que a minha cabeça. Também havia pacotes de balas, macarrão, temperos, açúcar e algumas latinhas de energético. Peguei um pacotinho de barras de cereal e uma garrafa d'água, mas comeria tudo lá fora. Não queria me arriscar mais do que devia.

Em um canto havia uma geladeira, daquelas de sorveterias, com pedaços de chocolate e outras coisas que não consegui notar. Porque, caramba, era chocolate. Peguei um pedacinho embalado em papel prateado, retirei o alumínio e mordi a ponta. Cremoso, doce, maravilhoso. Nossa, há quanto tempo eu não comia chocolate ? Engoli todo e continuei pegando armas (mesmo que o chocolate, de vez em quando, fosse mais necessário).

The ApocalypseOnde histórias criam vida. Descubra agora