Olhei rapidamente a sala e encontrei um rifle escondido por baixo de uma camiseta em cima da mesa. Sem checar a quantidade de balas, corri para a garagem da casa, onde havia várias esculturas e pinturas a terminar. Com certeza, a respiração ofegante e entrecortada que saía por minha boca denunciaria a minha chegada mas, com sorte, a arma fria em minhas mãos compensaria esse tempo perdido.
Jessie estava tentando sair do abraço de Pete, que segurava seu tronco com força, a impedindo de escapar. O meu coração se apertou no meu peito no exato instante e isso me fez voltar a um momento da minha vida.
Cinco anos atrás estava me divertindo com toda a atenção, de quando era pequena e ingênua, em uma reunião de família na minha própria casa. Um tio e uma tia discutiam no quarto das visitas e mesmo quando ele gritava em seu rosto e aproximava sua mão e dedos acusadores cada vez mais perto, eu não me mexi um centímetro.
Foi como eu me senti no momento em que vi a cena.
- Pete, me solta ! – ela pedia em voz baixa, o que ele simplesmente ignorava
- Você acha que pode fazer esse tipo de coisa comigo ? Se eu ver você falando com aquele desgraçado de novo, eu juro que...
- Mas ele não fez nada... - Jessie começou a falar, mas Pete já estava com o punho para cima, prestes a baixá – lo.
Sim, eu deveria ter ficado quieta, eu arrumaria menos problemas se eu tivesse feito isso. Mas, acho que eu nunca comentei sobre isso. Desde pequena, nunca segui exatamente o que seria mais seguro para mim.
Engatilhei o rifle e apontei para Pete.
- Pete, para !
- O que você tá fazendo aqui ? Isso não é da sua conta, sua vaca !
- Ou você solta ela e vai embora ou eu vou atirar !
- Pirralha, escuta aqui...
- É melhor me obedecer !
Ele não disse nada, nem gritou como fez com Jessie, somente andou até a porta, mas não sem antes derrubar uma prateleira de coisas no chão com fúria. Continuei seguindo Pete com a arma, esperando ele sair da casa e trancando a porta logo após dele ir embora.
O coração saltava no meu peito e baixei a arma, sentindo o sangue pulsar nos ouvidos.
- Você não deveria ter feito isso. – ouvi a voz de Jessie falar, vinda da cozinha. Ela pegou um cubo de gelo e apertou contra o seu pescoço, em uma marca preta que não tinha reparado antes. Ela fez essa ação naturalmente, como pentear os cabelos. Será que ela fazia isso todos os dias ? Ou o Pete não era uma pessoa explosiva do jeito que ele se revelou ?
- E o que eu deveria ter feito ? Ele estava te batendo.
- Ele estava estressado, tendo um dia ruim. Eu acabei estressando ele mais. – ela falava. Quando levantou sua mão para colocar o gelo no pescoço de novo, a manga da sua camisa amarela abaixou e um corte vermelho foi revelado, do cotovelo até o seu pulso.
- E isso, Jessie ? Ele só estava tendo um dia ruim com uma faca ? Isso não é normal ! – eu explodi, apontando para sei corte inchado. – Nós temos que denunciar ele pra Deanna !
- O Pete nunca vai me perdoar se isso acontecer !
- E se isso não acontecer, ele vai continuar te machucando ! E se, um dia, ele machucar o Sam ou o Ron ? Como você vai impedir ele ?
Ela ficou quieta, com as lágrimas escorrendo pelo rosto, mas ainda negando com a cabeça.
- Vamos fazer assim, nós falamos com a Deanna sobre o que aconteceu e depois você decide o que fazer. Nós só precisamos falar com alguém, você não faz ideia do quanto isso pode ajudar.
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The Apocalypse
ActionAs citações sempre fizeram parte de sua vida e, quando a praga foi espalhada, ela recebeu um novo mantra : simplesmente sobreviva de alguma forma. Com o romper de uma nova realidade, ela confiava nessa frase como um amigo e ela cobria - a como um c...