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Abro os olhos lentamente. A luz incide fortemente nos mesmos e eu estou com dificuldade em ver, está tudo desfocado. Quando me começo a aperceber de onde estou, tenho um impulso automatico e inconsciente que me faz levantar, mas com dificuldade, ficando sentada numa cama. Parece que não me mexia há anos. À minha volta vejo um quarto grande, paredes brancas e uma luz imensa. Reparo que estou ligada a vários fios e a uma máquina, sentada numa cama também a resplandecer de luz. Já me doíam os olhos de tanta brancura. Mas… brincadeiras à parte! O que é que eu estou a fazer aqui? Primeiro, onde é que eu estou? E porque é que me sinto tão fraca? Consigo ver o meu reflexo pálido através de um espelho que se localiza na parede que está à minha frente. É grande e retangular. O meu cabelo estava enorme, desde que me lembro. Era tudo tão estranho. Será que estou a sonhar? Estou assustada… E se estivesse a sonhar, provavelmente já teria acordado, então não, esta não é uma hipótese.
De repente, alguém abre a porta e vejo Charlie a entrar. Senti-me aliviada.
-Finalmente, acordaste – disse ele, à medida que se ia aproximando da minha cama – como te sentes?
-Fraca – respondi rapidamente – o que é que estou aqui a fazer? – disse com dificuldade.
-Temos muito que falar. Muito mesmo – ele puxou uma cadeira e sentou-se com uma cara séria.
-Tem a ver com o meu cabelo? – disse, enquanto mexia no mesmo. Estava mesmo enorme!!
-Também – ele disse, entristecido.
-Que cara é essa? Charlie o que é que se passa? Estou assustada!
-Estiveste em coma durante dois anos, lamento, Amelia – ele respondeu depois de uns longos segundos em suspiro constante.
Ao ouvir isto, estive breves momentos perplexa, sem pensar em nada, apenas em choque ao ouvir aquelas palavras. Dois anos, dois anos perdidos. Mas porquê? Como? O que é que me aconteceu? E agora?


Com Amor, AmeliaOnde histórias criam vida. Descubra agora