Amelia
Assim que sai de casa, abri o chapéu de chuva e entrei naquele mar azul e cinzento. Estava vento e não se conseguia perceber os espaços vazios entre os pingos de água que caíam do céu. Olho para a frente tentando seguir o meu caminho e, ao mesmo tempo para baixo, tentando abrigar-me. No meio de tanta confusão e cansaço que o meu corpo já sentira, naquela rua vazia, e ainda me encontrava longe do meu destino, começo a ficar nauseada e, gradualmente a perder as forças e à medida que perco as forças, perco os sentidos, sentindo os meus olhos a fechar. Um pensamento chega à minha mente (“Outra vez não!”), enquanto já me encontro de joelhos, caída no chão, o meu chapéu já não está ao pé de mim e apenas levo com aquela carga de água, que acaba por se misturar com as minhas lágrimas. Neste momento, só me apetece vomitar e tentei aguentar e aguentar, mas não consigo! Não aguento e, segundos depois, a água do chão toma um tom avermelhado, nunca chegando a ter uma cor forte devido à força da chuva sobre o meu… sangue – É o meu sangue – e apenas desmaio, encontrando-me com a escuridão, não sentindo mais a chuva, não sentindo nada.
Jackson
Entro de rompante no laboratório de Charlie, chamando a sua atenção.
-Que se passa? – pergunta, sentado, lendo mais páginas do diário que Amelia encontrou, pelo que percebi, mas também não prestei muita atenção.
-Já tenho os resultados das análises da Amelia – respondi, pousando a pasta com o processo dela, em cima da mesa.
-E então? – voltou a perguntar, pegando, imediatamente, na pasta e vendo com os seus próprios olhos.
Apenas permaneço com uma expressão séria e triste, ao mesmo tempo.
-Como é que isto é possível?! – Charlie olha para mim, espantado e assustado.
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Com Amor, Amelia
Science Fiction"Era como uma prisão quando estava sozinha, presa no meu próprio corpo. Mas quando a sua voz se fazia ouvir, eu consegui, finalmente, dormir. E ao descansar, aproximava-me cada vez mais do grande momento, o momento em que acordei."