IV

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Apenas ouço um choro de um bebé. Está tudo escuro e isto é apenas o que ouço.


De repente, vem-me, lentamente, a ideia de que estou a sonhar e passado um longo segundo acordo com o som irritante do despertador do telemóvel. Eram três da manhã! Pergunto-me porque é que tocou a esta hora. Provavelmente, enganei-me a colocar as horas, no dia anterior. Coloquei o despertador para que me acordasse as seis da manhã, virei o telemóvel para baixo e pousei-o na minha mesinha de cabeceira. Fechei os olhos de modo a tentar dormir outra vez, mas simplesmente, não conseguia. Ainda estava preocupada com a Sidney. Continuo sem notícias dela.


Decidi vestir um fato de treino, apanhei o cabelo e peguei nas chaves de casa que se encontravam num pequeno pote de decoração. Saí e comecei uma corrida lenta, pelos espaços verdes que envolviam as casas. Sem reparar, sinto-me a cair e de repente, vejo-me estatelada no chão, no meio da rua, em frente a um parque de crianças, com um jardim cheio de rosas vermelhas. Olho para trás e reparo num ecoponto caído, atravessado no passeio. Devo ter tropeçado nele.


-Maldito ecoponto - exclamei baixinho, quando sinto uma leve dor na zona por detrás do meu pescoço e um formigueiro, como uma onda de energia que me subiu até parte superior da minha cabeça. Foi uma sensação estranha!


Olhei para o relógio e já eram quase quatro da manhã. Aqui estou eu sentada, no meio do chão de uma rua iluminada pela luz do luar, com o pescoço dormente e um ecoponto caído ao meu lado a questionar-me sobre o que é que estava a fazer ali.


Os meus pensamentos são interrompidos com uma silhueta que aparece à frente dos meus olhos. Devagar, apercebo-me de que é Charlie que está ali mesmo e eu naquela figura de ser pensante meio enlouquecido.


-Está tudo bem? - perguntou ele com um olhar preocupado e estendendo a sua mão para me ajudar a levantar.


Ergui-me desajeitada e rapidamente, sem aceitar a sua ajuda, fazendo o clima ficar constrangedor. Espero que ele não pense que estou bêbada!!


- Está tudo bem claro! Estava com insónias e vim correr, mas o mal parido do ecoponto meteu-se no meu caminho - disse dando uma leve risada ao mesmo tempo que sentia as minhas bochechas a ficarem quentes. De repente, a mesma sensação no meu pescoço voltou por alguns segundos, fazendo-me massagear essa zona - então e tu o que andas a fazer aqui a esta hora?


-Acabei agora de trabalhar - respondeu com um sorriso.


-Agora? Wow, isso é que é trabalho - dei uma leve risada, ao mesmo tempo que ele abanava a cabeça em tom de afirmação.


-Está tudo bem com o teu pescoço?


-Com o meu... pescoço? - ele deve ter notado que eu estava desconfortavel nessa zona - sim, sim, deve ter sido algum jeito que dei e estou com umas dores.


-Devias ir descansar.


-Pois devia e... vou mesmo. Amanhã vemo-nos no laboratório! Adeus - disse, e saí do pé dele a correr, com o coração acelerado.


-Tem uma boa noite - ouvi-o a dizer, enquanto me afastava dele e caminhava para umas duas boas horas de sono.







Com Amor, AmeliaOnde histórias criam vida. Descubra agora