Capítulo 4

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Ao chegarmos ao prédio do Bureau em Vegas subimos até minha sala que ficava no oitavo andar. A sala continha meu computador e dois notebooks, um para Michael utilizar para coletar informação e outro para Red. Eu estava realmente atormentada em relação à Red, na verdade ele não era uma pessoa tão sedutora e intrigante como eu imaginava. Eu poderia vê-lo como um monstro, uma criatura maligna pronta pra matar a qualquer momento.

Começamos a procurar informações sobre as outras vitimas que Red havia apontado como responsabilidade do nosso assassino. Não demorou muito para descobrirmos que Florencia Tardiolli estava aqui para trabalhar na montagem de um cenário no hotel Treasure Island para uma apresentação de balé.

Emily Hopkins era bailarina, estava em cartaz em um espetáculo no hotel Hard Rock, porém começaria a trabalhar no Treasure de acordo com algumas postagens no Facebook. Então realmente havia ligação entra as moças, mortas por conta do trabalho. Mas precisávamos entender muita coisa ainda. Qual a razão das mortes? Acho que tínhamos a pessoa certa na sala para responder essa questão:

— Red. Por que essas moças foram mortas? — se ele realmente estivesse vinculado ao assassino iria soltar alguma informação.

— Rach, até onde me lembro: vocês me consultaram para compreender a mente de assassinos. Se querem alguém com habilidades mediúnicas devem consultar alguém que foi preso por prever o horóscopo errado ou algo assim. É muito obvio que eu não sei por que foram mortas, não fui eu quem as matei.

— Como podemos saber que você não está envolvido? — indagou Michael.

— Eu estar trancafiado em uma cela há anos responde a sua pergunta Mike?

— Você pode ter sido preso Red. Mas, e o seu legado? Talvez seus sucessores?

— Eu não tenho sucessores Michael! Acha que sou idiota a ponto de ensinar o meu modus operandi pra algum idiota que poderia colocar tudo a perder a qualquer momento? No que vocês estão pensando — questionou Red visivelmente irritado — que eu iria fundar a Universidade Red para serial killers e criminosos compulsivos? Acordem! Eu mato sozinho! Não preciso de ninguém, nem de vocês! Você precisam de mim, seus agentezinhos idiotas.

Aparentemente o ego de Joseph foi claramente ferido por nossas afirmações, ele não era um assassino que passava os métodos para um aprendiz ou sucessor, era um lobo solitário, fazia o que fazia por prazer próprio e não tinha o mínimo interesse em terceiros atrapalhando. Pra mim estava claro que Red não tinha ligações com o criminoso que procurávamos. Mas Michael queria realmente provocar, aquele maldito senso de justiça de Michael, sempre falando mais alto e colocando tudo a perder.

— O que houve Red? — ironizou Michael — Está com o ego ferido? Está incomodado porque existe um monstro pior do que você a solta, que por acaso é mais inteligente?

— Michael para! — Exclamei.

— Para por que Rachel? Está com pena desse monstro, assassino de merda? Essa criatura ridícula que dedicou a vida a estragar a de outras pessoas não deveria estar aqui, deveria ter sido morto, exatamente como as vitimas que fez.

Michael estava tão revoltado que era possível ver suas veias do pescoço saltando. Ele odiava Red, e odiava ser obrigado a trabalhar com Red. Michael queria realmente sair dali e cravar uma bala no peito de Joseph pondo um fim no assassino de mais de trinta vitimas.

Eu nunca entendi esse ódio de Michael, ele nunca contou se tinha alguma ligação, por mínima que fosse com alguma das vitimas, também nunca falou sobre traumas de infância ou coisas do tipo. A única informação que ele deixava claro era que odiava criminosos do fundo de sua alma e trabalharia para colocar todos atrás das grades por mais difícil que isso fosse. E que não entendia o porquê precisávamos de Red para concluir esse caso.

Red começou a rir de maneira sarcástica na cara de Michael. Meu parceiro achava que era capaz de provocar Red, mas era o contrário, Red colocava em xeque a sanidade de qualquer cidadão com senso de justiça. E com Michael não seria diferente. Red não ligava para nós, ou para as pessoas à volta, ele ligava apenas para a própria vaidade. Seu narcisismo era tão exacerbado que chegava ao ponto de nos tratar como meros vermes apenas com um olhar inquisidor.

— Ora Mike — iniciou Red — Você e eu temos muito em comum. Esse seu senso de justiça, essa sua mania de achar que todo criminoso deve morrer nada mais é do que a sua própria psicose falando com você. Você é tão obcecado quanto eu Michael, você é um projeto de assassino apenas esperando a primeira oportunidade para dilacerar uma vitima.

Michael perdeu a cabeça e atacou Red, pegou-lhe pelo colarinho do terno e prensou-o contra a parede. Eu me apavorei comecei a gritar para que meu parceiro parasse com aquela atitude, mas parece que ele estava tão irado que estava surdo para me ouvir.

— Escuta aqui seu monstro! — exclamou Michael — Não me compare a você! Eu sou humano, tenho coração, penso em cada pai de família, em cada mãe, em cada marido e filho que teve a vida arruinada por pessoas como você! Então não me venha tentar me comparar a sua raça.

Red continuou rindo com sarcasmo como se aquela situação não passasse de uma brincadeira. Pra ele nada daquilo parecia sério.

— Não me venha de moralismos Michael! — Exclamou Red — Você acha que eu matava por quê? Acha que eu sou um desses seriais killers idiotas que ficam tentando justificar seus crimes com lições de vida? Eu nunca tive uma doença terminal, nunca precisei me vingar de nenhum assassino que matou minha família, não sofri preconceitos na escola, eu mato única e exclusivamente pela diversão! Apenas diversão e nada mais! Gosto de ver pessoas morrendo, gosto do sangue rolando. Não vou ficar aqui tentando ser humanizado por este caso e vou fazer de tudo para encontrar esse crápula que está matando nas minhas terras e vou dilacerá-lo com minhas próprias mãos seu agente viadinho metido a moralista!

O silêncio se instaurou na sala naquele momento. Red estava apenas se divertindo com a situação, ele via aquele assassino como uma vitima em potencial pra ele. E não estava nem aí pra justiça ou coisa do tipo. Ele queria apenas ter sangue nas mãos novamente, queria matar de novo. Essa era a essência de Red, e era o que ele planejava fazer com o assassino de Balakirev.

Michael o soltou e ficou em estado de choque com a frieza daquele homem que havia acabado de provar que era capaz de qualquer coisa por um pouco de sangue nas mãos.

— Olha! — exclamei para chamar atenção — Ninguém vai matar ninguém. Vamos encontrar o assassino e prendê-lo. E ele vai ser julgado e cumprirá pena pelos homicídios que cometeu.

Agora eu teria dois grandes problemas em minhas mãos, capturar um assassino e impedir que outro assassino o matasse, de qualquer forma, não poderia dispensar os serviços de Red. Sem eles nunca conseguiríamos capturar o serial killer de Vegas e agora que ele estava com o orgulho ferido faria de tudo para capturar nosso homem.

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