Atendi a ligação do agente Sullivan que estava extremamente desesperado com o que estava vendo. Sullivan não conseguia sequer me descrever a cena e apenas gaguejava ao telefone o número do quarto, 315.
Coincidência ou não era o quarto de Helena, exatamente o local para onde eu iria procurar por Red, agora eu acredito que encontraria coisa muito pior ali. Mais uma vez eu estava correndo pelas escadas e corredores do Treasure Island, mas dessa vez meu coração estava à beira de parar de bater a qualquer instante.
Era como se um filme de todo o caso se projetasse em minha cabeça. O corpo de Balakirev, a conversa com Red na cela, a chegada ao Treasure Island, o frigorífico, a coletiva de imprensa. Tudo me inundava ao mesmo tempo e me deixava confusa e ao mesmo tempo com medo.
Tropecei em um dos degraus e cai, senti uma dor forte em minhas pernas e ao mesmo tempo meu corpo suplicando para parar. Eu estava extremamente sobrecarregada e aquele caso só estava piorando as coisas. Sentei por um momento no degrau para refletir, apesar de não ter tempo pra isso.
Eu estava destruindo a minha vida, aquilo estava me prejudicando, me fazendo mal. Mas eu estava ali, firme e forte sendo a agente Rachel Blank não a mesma Rachel Blank que prendeu Red anos antes. Mas uma Rachel Blank que sabia jogar o jogo do crime.
Que adentrava na psicose e conseguia compreender a mente do psicopata. Uma Rachel Blank que acreditava que dentro de cada cidadão, dentro de cada pai de família, de cada funcionário público, cada padeiro, cada professor, dentro de cada um existe um psicopata adormecido pelos valores morais.
— Nós somos seus filhos e maridos! — disse comigo mesma — Realmente Ted Bundy sabia o que estava falando quando disse isso.
Levantei para continuar subindo as escadas, cheguei ao andar do quarto de Helena, parei de correr e caminhei lentamente esperando encontrar com Red ou com algum agente, porém Sullivan não estava lá.
Parei em frente à porta do quarto, estava fechada, eu estava assustada. Queria que Michael estivesse ali comigo. Não! Eu precisava ser corajosa, precisava vencer o meu medo. Coloquei a mão na maçaneta, respirei fundo e abri a porta.
A imagem com que me deparei era realmente aterradora, entrei lentamente no quarto desviando dos órgãos humanos espalhados pelo chão, olhei para o criado mudo ao lado da cama e lá estava o coração da vítima. Em outro local largado pelo chão os pulmões, o intestino grosso parecia uma enorme mangueira saindo do corpo largado na cama.
Me aproximei da cama e lá estava o assassino que procurávamos, morto, dilacerado com o peritônio aberto, ao lado um gravador contendo o diálogo entre ele e Red onde confessava os crimes. Não poderia fazer mais nada. Pobre Henry, seria um assassino e tanto se não tivesse dado de frente com Red. A imagem era infernal, ergui os olhos e lá estava ela. Acima da cabeceira, a verdadeira assinatura do assassino que me obcecou por semanas por sua inteligência e pelo fato de estar sempre um passo a frente da policia. E esta realmente dizia, em letras gigantes.
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RED
Mystery / ThrillerUm cadáver encontrado em um hotel de beira de estrada. Um crime misterioso e sem resolução. Quando tudo parece acabado a única esperança pode estar no assassino mais perigoso que o FBI já conheceu.