Capítulo 12

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Caminhamos pelos corredores do saguão para tentar localizar Henry que havia sumido misteriosamente. É incrível a habilidade dos funcionários de desaparecer quando se precisa deles. Red e eu caminhávamos de um lado para outro como dois turistas desesperados

    Perguntamos em um dos balcões de informação para uma moça que demonstrava aquela falsa simpatia de atendente que normalmente me irritava, ela apenas nos respondeu que achava que Henry estava no departamento administrativo.

    E lá fomos nós procurarmos por Henry, nosso funcionário desaparecido. Há essas horas eu já estava tão irritada que estava desejando que ele fosse uma bailarina de Audrius Maximinoff esquartejada por aí!

    Chegando à sala do departamento administrativo do hotel, uma porta que lembrava bastante um quarto se não fosse pela plaquinha dourada escrita “Departamento administrativo” decidi bater. Porém não obtive sucesso, pois ninguém veio atender a porta.

    Decidi então girar a maçaneta e ver se estava aberta, sim a porta estava aberta. Abri e entramos, eu e Red na sala em busca do bendito funcionário desaparecido.

    Ao entrarmos estava lá ele, Henry, assentado em uma poltrona com o livro “Histórias Extraordinárias” de Edgar Allan Poe e um fone de ouvido. Parei diante dele para que notasse que eu precisava ser atendida. Ele notou minha presença, tirou os fones e fechou o livro.

Boa tarde agente Blank — iniciou Henry.

Boa tarde Henry! — respondi tentando parecer educada — Gosta de Allan Poe? O que está lendo? — perguntei apenas para quebrar o gelo.

Sim. Adoro Edgar Allan Poe — respondeu — é meu escritor favorito. Eu estava lendo aquele conto “A Máscara da Morte Escarlate”, conhecem?

Escarlate! — exclamou Red em tom de desconfiança;

O que disse? — perguntou Henry.

Nada não. — respondeu Red de forma evasiva. Sinceramente eu não entendi a exclamação de Red. Ele estava intrigado com o fato de um funcionário do hotel estar lendo um conto de Edgar Allan Poe? Isso não faz o menor sentido.

        Notei que Red havia pegado algo parecido com uma carteira que estava sobre uma mesa no canto. Tentei falar, mas ele me olhou de forma inquiridora como se aquilo fizesse parte do trabalho. Fiquei de perguntar a ele depois afinal ele era conhecido por matar, não roubar.

    Enfim, não era hora para esse tipo de pensamento. Precisávamos de informações e estas informações estavam no camarim das bailarinas.

— Henry! Precisamos ir ao camarim das bailarinas — afirmei com toda a certeza e confiança de que poderia realmente encontrar o assassino ali.

    Henry não hesitou em nos levar até o local, porém chegando a porta do camarim ele disse que precisaria sair para resolver assuntos administrativos. Não me importei muito, Henry foi embora.

    Eu e Red ficamos parados na porta do camarim, eu ainda queria entender o lance do conto. Mas perguntaria isso a Red em outro momento.

    Pensei comigo mesma que Red não seria uma das pessoas mais indicadas para estar em um camarim com bailarinas, então decidi pedir a ele que ficasse do lado de fora enquanto eu falava com as moças e tentava encontrar alguma prova.

    — Está bem Rach! — respondeu — Irei encontrar Roberto Mendez, acho que posso arrancar alguma coisa dele. Afinal Michael é justiceiro demais para arrancar informações.

    Concordei com a colocação de Red, ele foi procurar Roberto que era um dos principais suspeitos em minha opinião, afinal havia fios de cabelo dele nas cenas dos crimes.

    Adentrei o camarim, no local apenas três bailarinas que retocavam a maquiagem para mais um dia de ensaios.  

    Comecei a confrontar as moças na tentativa de encontrar alguma pista. As três demonstravam imenso desconforto em falar sobre o assunto dos assassinatos.

    Uma delas, uma brasileira chamada Helena falou que tinha certeza de que Roberto estaria envolvido no caso.

    — Ele faz de tudo para transar com as bailarinas — afirmou — quem garante que ele não está envolvido nos assassinatos?

    Não só com as bailarinas, pensei comigo. Era verdade que Roberto Mendez era uma máquina do sexo, o bailarino fazia de tudo para conseguir levar alguém pra cama seja esta qual for o sexo ou orientação sexual da “vítima”. Mas seria ele um assassino também?

    Continuei conversando com as bailarinas, admirei a fluência das três em inglês já que nenhuma delas era americana. Helena era brasileira, a outra chamada Maria era mexicana e a terceira que elas chamavam de Yui era japonesa. Os sotaques eram bastante carregados, porém a fluência era muito boa.

    Yui concordou com as colocações de Helena — Certa vez ele disse que se eu não transasse com ele me deixaria cair em nosso padedê em um dos ensaios.

    — E você transou com ele? — questionei atônita.

    — Não! — respondeu categórica — tenho marido, e filhos. Apesar de passar meses em apresentações com a companhia ainda amo minha família.

    — Mas e Mendez? — dessa vez extremamente preocupada com as acusações.

    — Cumpriu sua ameaça — respondeu — duas semanas depois me derrubou no ensaio, o que rendeu uma perna quebrada pra mim e a perda do meu espaço na Cia por quase um ano.

    Isso colocava Roberto Mendez em xeque. Realmente ele era uma pessoa capaz de matar para conseguir seus objetivos. Eu precisava eu mesma confrontá-lo. Estava certa de que ele tinha alguma pista importante. Meu celular tocou, era Michael, ele estava muito atordoado. E tinha dificuldade pra falar.

    — Rachel — iniciou Michael — Você precisa ver isso!

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