O Destino (Concluído)

Encurralada e Perdida

Jasmim Calon

Isso não podia estar acontecendo!

Samira estava brincando comigo e Sara no parquinho próximo a nossa casa sempre soubermos que minha irmãzinha tinha uma saúde frágil mas nunca poderíamos imaginar que aquilo iria acontecer. Foi em uma tarde de sol, Sara e eu resolvemos fazer uma surpresa a Samira, levando ela para o parquinho já que era seu aniversário.

Minha irmãzinha estava completando 4 aninhos, ela é nossa anjinha, apesar de Sara ser deficiente visual isso não impediu ela de nos ajudar a cuidar da nossa pequena, mamãe ainda trabalha no restaurante do seu Ernesto e Dona Amália, esses já estão bem velhinhos mas continuam amorosos e doces como sempre, nosso rouxinol como minha mãe costuma chamar Sara continua cantando e tocando no restaurante deles com o passar do tempo a voz dela ficou ainda mais bonita, todos ficam emocionados com sua beleza e carisma mas é possível sentir os olhares de pena direcionados à ela, uma vez ouvir alguém dizer que ela era linda, pena que era cega.

Isso me magoava muito e sei que ela já havia ouvido esses comentários muitas vezes durante sua vida mas ela não demonstrava se chatear com isso, minha mãe havia nos criado bem e com um coração doce e inocente.

– Jasmim, sou bonita como as pessoas dizem?

Minha irmã é diferente de mim tinha olhos em um azul tão lindo, pele branca e cabelos longos e louros.

– Você não é só bonita, é linda, rouxinol!

Comecei a fazer cócegas nela enquanto observava Samira brincando com outras crianças, minha irmã mais nova tinha traços semelhantes com de Sara, como se fossem parentes mesmo essa possibilidade sendo impossível, vejo ao longe que Samira quando parou de brincar de repente, vejo que ela tentar ir até nós como se estivéssemos longe dela apesar de não estarmos.

– Sara, tem algo errado com Samira, fique aqui.

Sai em direção da minha irmãzinha já sentindo um aperto no coração.

– O que foi, Mimi?

Nós chamávamos ela de forma carinhosa de Mimi, minha irmã amava ser chamada assim.

– Cabeça doei, mana!

Tudo aconteceu muito rápido, Samira desmaiou em meus braços e tivemos que levá-la as pressas para o hospital, mamãe estava trabalhando e saiu como uma louca quando soube o que havia acontecido.

–  Tem certeza, doutor?

Ouvi todas as explicações sobre o que havia acontecido com Samira, orando para ele estar errado.

– O diagnóstico não tem margem de erro.

– Isso não pode estar acontecendo, ela é muito pequena!

Comecei a chorar em total desespero, Samira sempre foi frágil, nós sabíamos que um dia essa fragilidade iria atingir sua saúde.

– Existe algo que podemos fazer?

O médico que parecia ter 40 anos começou a falar.

– A doença da sua irmã possui um tratamento mas esse hospital não tem equipamentos apropriados para o início dele e nem para concluir, nosso hospital é público e o governo não disponibiliza os meios para iniciar esse tratamento.