Erick

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A sala ficou escura depois que a energia acabou. Erick e Alisha se esconderam ali depois que tudo começou. Ele viu tanta gente morrer. Todo aquele sangue espalhando-se pelas paredes, derramndo no chão, escorregando no  piso branco. Erick estava a sete horas trancado naquele lugar, foram sete horas relembrando todo aquele banho de sangue. Durante todo todo o tempo Alisha tentava conversar com o namorado, tira-lo de seus pensamentos, mas o garoto estava profundamente preso em seu trauma, incapaz de voltar para o mundo real, o mundo aonde ele ainda estava vivo e precisava se fazer presente para continuar assim.

- Eu vou ver como está lá fora. - Alisha disse indo em direção a porta.

Como se recebesse um tapa ele finalmente acorda do transe demorado ao absorver as palavras ditas por ela. Era loucura.Aquela porta não devia ser aberta em hipotese nenhuma. Aqueles loucos estavam lá fora e se eles abrissem a portaseria o fim.

- Não! - Erick gritou para a namorada que já segurava na maçaneta.

- Amor eu sei que você está com medo, mas agente não pode ficar aqui.

Ela gira a maçaneta e a porta se abre em um angulo minimo.
Envolvido em um medo devastador e quase inconsiente de suas ações ele segura a garota pelo braço com força.
Alisha solta a maçaneta e olha para os olhos furiosos do namorado. Ele não está em seu estado normal.

- Você não vai abrir a porta. - Ele diz apertando tão forte o pulso da garota a ponto de ela reclamar.

- Você está me machucando Erick.

- Eles não podem entrar.

Não existe um raciocinio logico em sua mente. Tudo o que ele consegue pensar é em todas aquelas pessoas e no que foram capazes de fazer. Ele não pode permitir que a porta seja aberta.

Ela puxa o braço com força e consegue se livrar. Quando dá seu proximo passo na direção da saida, não sentindo mais segurança em permanecer ali, novamente ele a impede.

- Ninguém vai abrir a porta. - Ele grita a todos pulmões. 

A razão se esvai por completo e seus dedos vão de encontro com o pescoço da moça que tenta sem sucesso se livrar do namorado irracional. Ele a estrangula, sem nem mesmo ter noção do que está fazendo. Ela esperneia, grita e tenta soca-lo, mas seus esforços são em vão. A sala aos poucos vai ficando mais escura do que já está.

Nenhum dos dois percebe que a porta não está mais trancada. O corpo da garota fica mole nas mãos do cara, que certamente não é mais seu namorado.  No corredor um garoto pequeno luta contra uma canibal voraz, tentando manter os dentes do monstro longe da sua carne. Esse sou eu, correndo da morte, arrependido por ter deixado o meu esconderijo seguro de minutos antes. Mas ali está a fresta da porta entreaberta que Alisha deixou. Eu não sabia o que estava acontecendo lá dentro e sinceramente não era hora de pensar, apenas entrei.

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Rian se arrasta no espaço curto do tubo de ventilação. Ele não sabe em que ponto da escola está exatamente, mas passou por algumas salas e laboratorios, a maioria estavam de portas trancadas e as que não estavam, era local de repouso de estatuas vivas que gemiam e se atentavam a qualquer ruido.

Ele quer chegar até a cozinha. É o melhor lugar para seguir agora, pois alem de poder encontrar coisas para se defender dos canibais, ainda teria acesso a porta dos fundos da cozinha, que dava para o patio da escola. Por ali, ele imagina, que se o patio estiver livre, podem fugir pulando o muro.

Não é um plano ruim e tão pouco dificil.

Mais alguns minutos se arrastando e ele finalmente chega na cozinha, teve que andar bastante, verificar algumas salas e se perdeu algumas vezes, mas finalmente chegou.

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