Pronto para dormir

275 47 5
                                        

Abro os olhos, me sinto enjoado, desorientado e demora um pouco até que as coisas façam algum sentido em minha mente.

Estou deitado, ouço um barulho e fico imovel, não estou sozinho. O espaço é pequeno, sinto o balançar e o giro das rodas, o teto é branco e baixo. Vejo os equipamentos, parece o interior de uma ambulancia, mas não acho que seja uma. Finalmente tomo coragem para mover a cabeça e vejo a maca ao lado da minha, sobre ela aquele garoto dorme profundamente. Sinto o seu inconfundivel cheiro, mas tento ignorar isso. Não é o momento para pensar em devorar alguém, primeiro tenho que saber o que está acontecendo.

Percebo outra presença, outro cheiro, muito parecido com o do garoto.  Proximo as nossas macas, nos fundos daquele carro, um homem dorme sentado em um baco.

Não há mais ninguem ali, alem do motorista, que não pode ver o que acontece aqui dentro. Estamos indo rapido, eu ouço o ronco do motor. Saimos da cidade, ele não dirigiria rapido assim pelas ruas cheias de veículos barrando o caminho. Não tem nenhuma janela para verificar. Preciso dar um jeito de sair daqui.

O cara que dorme sentado não é tão grande, mas é maior do que eu. Deve ter por volta de uns quarenta anos, sua pele é escura e usa roupas pretas. Parece um uniforme militar, na manga direita da camisa a palavra: GENOMA escrita em vermelho. Eu precisava achar uma forma de tira-lo do seu banquinho, afinal ele está bloqueando a porta traseira. Não creio que ele vai sair se eu pedir com educação, preciso de uma abordagem um pouco mais... Arriscada.

A coisas podem ficar complicadas, ainda tem o motorista pra me preocupar, mas um problema de cada vez, já esta sendo dificil demais controlar a fome.

Me levando cuidadosamente para não fazer nenhum barulho e acabar acordando o cara.  Procuro ao redor, mas não vejo nada que eu posso usar contra ele.

Eu posso chutar sua cabeça com força. - Penso. - Quem sabe ele não desmaia com a pancada, mas e se isso servisse omente pra desperta-lo?

Minha atenção se volta para a arma no coldre preso em seu sinto. - Eu acho que vou precisar dessa pistola automatica senhor!

Vou até ele e abaixo lentamente para pegar a sua arma sem tirar os olhos de sua face adormecida. Para quem esses caras trabalham?  Esses uniformes não parecem ser de nenhuma força policial, nem do exercito. Por que estão nos tirando da cidade? Não pode ser um salvamento, se fosse, por que nos dopar?

O barulho de explosão ecoa lá fora. São muitas explosões. Estão bombardeando a cidade e eu não estou lá. Droga, eles nos tiraram mesmo de Santa Amelia.

Não tenho tempo para pensar em mais uma tentativa de suicidio frustrada, os olhos do homem se abrem e ele lgo percebe o que está acontecendo. Sou rapido ao alcansar a arma e ele me empurra com força. Sou jogado no chão, mas levo a pistola comigo.

Ele se levanta furioso.

Aponto a arma para ele.

- Espera rapaz. - Ele se apressa em dizer levantando as mãos. - Me devolva a arma. Você não quer se machucar com isso.

Eu me machucar?  Sorrio.

- Não. - Digo. - Quero machucar você.

Abaixo a arma na altura do sua coxa e aperto o gatilho sem pensar duas vezes. O soco da arma é forte e quase a deixo cair, mas aperto os dedos no cabo.

Ele grita e cai em minha frente. Ele solta algum palavrão sobre minha mãe e aperta  ferimento enquanto geme.

- Quem são vocês?  - Pergunto apontando para a sua cabeça.

No mesmo instante a voz do motorista grita:

- O que está havendo aí atrás Roger? 

Perco a concentração e aproveitando meu vacilo Roger segura meu braço e alcança meu pescoço. Ele tenta tirar a arma de mim enquanto me estrangula. Tento me desvencilhar dele, mas o cara é forte. Chuto, soco, nada funciona... Caramba, ele está ferido, não deve ser tão dificil derrubar esse idiota, certo? 

Mortal  Onde histórias criam vida. Descubra agora