Harry fechou os olhos, a cabeça pendendo para trás. Seus cabelos grudando em seu rosto.
— Harry. É melhor voltarmos para o carro. — Sugiro.
— Por quê? É só água.
Harry se levantou em um único movimento e me estendeu a mão. Ótimo, vamos voltar para casa antes que meus pais percebam que eu sumi. Aceito sua ajuda de bom grado e me coloco de pé. Sou muitos centímetros mais baixa que Harry, mas já faz um bom tempo que eu deixei de encucar por parecer que sou amiga de um poste.
Harry solta minha mão cedo demais; olha para o céu tirando vantagem da chuva que grudava seu cabelo na testa. Quando voltou a olhar para mim, seus olhos brilhavam.
Essa, não.
Assisti Harry girar os ombros e tirar o casaco para depois joga-lo no chão. O moletom cinza estava grudado no corpo, eu podia ver uma faixa de pele lisa onde o tecido havia subido.
Desvio o olhar.
— O que acha que está fazendo? — Eu disse, sentindo todo o sangue do meu corpo correr pelas minhas veias como gelo liquido, e incapaz de pronunciar qualquer outra coisa.
— Me livrando do casaco? — Ele arqueou uma sobrancelha.
— Por quê?
— Porque ele pesa uma tonelada encharcado. Vamos?
Perfeito! Vamos voltar para o carro.
Ligar o aquecedor é tudo o que eu preciso no momento. Mas eu já deveria ter adivinhado que não íamos fazer isso, pois para começar Harry se colocou na minha frente e segurou minha mão.
— Já dançou na chuva?
Há, não. Agora, não.
— Quando eu era criança. — Falei.
— Por quê? Não gosta?
— Não sei dançar. — Admito.
Acabei de me lembrar que não sei atuar, nem cantar, não tenho coordenação motora e tropeço até no vento. Para mim isso já é motivo suficiente para ficar no meu quarto e ouvir o CD do Chris Young.
— Impossível. Todo mundo sabe se mexer. — Ele disse.
— Todo mundo, vírgula, eu.
Harry riu.
— Tive uma ideia. — Ele disse. Um sorriso travesso brincava em seus lábios. — Vem comigo.
Então ele me puxou e correu me arrastando pela chuva. Eu estava surpresa demais para fazer qualquer outra coisa além de rir. E eu sei que Harry Schofield estava se divertindo as minhas custas. Por isso ele ria como uma criança que acabou de ganhar um brinquedo novo.
Paramos. Respiro fundo tentando recuperar o fôlego.
Na luz do poste, parecia que o cabelo de Harry era dourado. Minhas mãos estavam tremendo denunciando toda a minha ansiedade, mas eu desconversei dizendo estar só com frio.
— Sobe nos meus pés. — Ele disse.
— O quê?
— Sobe — ele pediu mais uma vez. — Eu vou te ensinar a dançar.
Vai ser difícil aprender a dançar até com Harry tendo que fazer todo o trabalho. E eu falei isso para ele.
— Você é muito sem graça, Isabella.
Tão previsível. Nunca me disseram isso antes.
— Pensa, Harry. Vamos acabar pegando um resfriado.
— Se importa com o resfriado? Eu estou aqui, você está aqui, a chuva está aqui. Não temos com o que se preocupar. E depois canja de galinha resolve seu futuro resfriado. — Harry me estendeu a mão. — Segure minha mão. — Ele disse.
Eu segurei. Harry colocou minha outra mão no seu pescoço, me puxou para perto e deu um passo para frente.
— Respire. — Ele sussurrou no meu ouvido. Se Harry não estivesse me segurando firme, meus joelhos teriam fraquejado. Eu podia senti-los bambos que nem gelatina. — Mantenha seus olhos em mim. Isso. Agora, suba nos meus pés.
Hesito por alguns instantes e quando me dei por vencida sob o olhar de Harry, ele me segurou pela cintura, e colocou meus pés em cima dos dele. Eu quase esqueci de que eu era eu. E que tenho os reflexos de um muro.
— Me concede essa dança? — Harry perguntou.
— Mas aqui nem tem música — argumentei. Bem lá no fundo eu queria que ele desistisse de bancar o dançarino comigo.
— A música está na sua cabeça, Isabella. É só deixar que ela guie você. Por acaso você não tem imaginação?
E então eu imaginei.
E Harry girou comigo pela grama molhada e tingida de branco.
Não haviam estrelas aquela noite como Harry gostaria, mas ainda assim tivemos a companhia um do outro para apreciar.Obrigada por terem lido
Espero que tenham gostado!Ah, e não se esqueçam de comentar, adoraria saber o que acharam do capítulo.
Beijinhos de gliter meus amores 😘😘
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Perseguindo Estrelas
RomansaHarry e Isabella eram amigos inseparáveis desde crianças, dividiam a mesma barraca no quintal à noite para admirar as estrelas e inventavam codinomes para quando fizessem besteiras e precisassem de ajuda. Anos depois, o destino fez com que ambos se...