No sábado eu já sentia segurança para andar com a bota, mas as muletas ainda continuavam me fazendo companhia quase o dia inteiro. Não era tão ruim quanto eu esperava. Meu pai me levou de carro até a escola e isso me distraiu da dor. Andar ainda incomodava um pouco, mas nada que não desse para suportar.
— Chegamos — disse meu pai. — Divirta-se.
— Tchau, pai.
Tiro o cinto e pego as muletas no banco de trás. Foi complicado sair do carro.
— Não deixe sua temeridade desaparecer, Isabella — ele disse. Depois ele fechou a porta e subiu o vidro.
Sorrio e aceno (do jeito que posso) enquanto o carro se afasta e desce a rua.
— Isabella.
Virei esperando ver Kim no estacionamento. Mas os olhos me encarando não eram os dela. Harry olha para minhas muletas, assobia, depois tira o gorro cinza da cabeça e o guarda no bolso de trás da calça.
— Achei que não viesse — ele disse.
Harry estava diferente, o olhar parecia diferente. Ele parece estar nervoso. Será que era por minha causa? Eu deixo ele nervoso?
Harry me abraça. Assim, sem mais e nem menos. O abraço não foi normal e, não foi rápido. Foi apertado e ainda assim, eu sentia como se uma pena me abraçasse.
— Gosto de abraços demorados — ouvi-lo me deixa nervosa. Não consigo raciocinar direito. — Não consigo entender por que as pessoas dão aqueles abraços tão sem graça.
— Eu também — murmuro.
Harry curvou o pescoço e meu nariz encostou em sua orelha (estava gelada). E meu corpo inteiro tremeu com o contato. Acho que Harry percebeu, pois ele passou suas mãos levemente nas minhas costas. Eu nunca imaginei isso vindo dele. Harry é imprevisível, conseguiu me abraçar sem derrubar minhas muletas, foi meio desajeitado, mas eu gostei.
— Desse jeito vai me derrubar — brinco.
— Não vou te derrubar. Está segura comigo.
Não consigo conter o sorriso.
— Harry! — Uma garota de cabelos loiros encaracolados o chamou. Brenda é o nome dela, eu acho.
— Tenho que ir. — Harry me soltou.
— Tudo bem.
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Perseguindo Estrelas
RomansaHarry e Isabella eram amigos inseparáveis desde crianças, dividiam a mesma barraca no quintal à noite para admirar as estrelas e inventavam codinomes para quando fizessem besteiras e precisassem de ajuda. Anos depois, o destino fez com que ambos se...