Amor no Distrito

Capítulo 16

           

O Lake View Cemetery estava lotado, carros e mais carros, policiais fardados, usando a farda de gala, mulheres com elegantes vestidos pretos, homens com ternos escuros. Nas primeiras cadeiras, as famílias Rogers e Evans encaravam os dois caixões negros à sua frente, Wilson, Adam, Thomás, Scott, Jason e William vestiam a farda de gala, era uma farda escura, elegante, todos exibiam suas condecorações, os amigos também vestiam fardas iguais.

Ao lado, um corredor de policiais em posição de sentido com espadas e outros com rifles fechavam as laterais dos dois caixões lacrados e cobertos com as bandeiras da polícia e dos Estados Unidos da América do Norte, enormes coroas de cravos brancos e rosas vermelhas jaziam por cima dos mesmos.

A cerimônia foi emocionante, o que facilitou e muito para que seus familiares se derramassem em lágrimas. Até mesmo os repórteres estavam respeitando esse momento de imensa dor.

O cemitério situava-se ao norte do Parque Voluntário, foi nomeado de Lake View por ter uma bela vista do Lago Washington. Foi fundado em 1873 como a maçônica Seattle Cemetery. O cemitério contém o nissei War Memorial Monument, dedicado em 1949 para veteranos japoneses-americanos, alguns dos quais estão enterrados lá. Bruce Lee e seu filho Brandon Lee estão enterrados lá.

Os dois caixões desceram ao chão, sob uma saraivada de tiros e ao som triste do Trompete tocando o Toque do Silêncio, a marcha fúnebre dos soldados. Lágrimas escorriam pelos rostos dos presentes, mesmo para a família que sabia que era tudo falso, foi difícil segurar a emoção. O que foi fácil para que todos revelassem os sentimentos que tomava conta de seus corações foi o fato de que sabiam que não poderiam ver seus filhos tão cedo.

Ainda não haviam tido nenhuma notícia dos dois, não tinham ideia de onde eles estariam, os semblantes eram de dor, saudade, preocupação e medo. Tinham medo de que de alguma maneira Pietro descobrisse que tudo não passava de uma encenação para enganá-lo, para que assim, ele ao se vangloriar por ter conseguido dar cabo de dois policiais deixasse finalmente um rabo solto e aí, os que ficaram pudesse descobrir seu paradeiro, ficando mais fácil para dar cabo dele quando chegasse a hora.

Estava acabado, Amanda Evans e Christopher Rogers estavam mortos e enterrados para os olhos de todos, agora, Christian e Evelyn nasciam para o mundo.

O barco chegava ao porto de Long Beach, iriam pegar Manuela, a esposa de Elias. Chris e Amanda saiam muito pouco da cabine, apenas durante a noite se aventuraram, não podiam se arriscar a serem vistos, Amanda saiu menos ainda, afinal, sentia-se bastante enjoada, nunca gostara muito de barcos, o balançar das ondas batendo no casco lhe deixava mareada.

Manuela embarcou e trouxe várias coisas, alimentos, produtos de higiene, de limpeza e jornais, muitos jornais com as notícias sobre o atentado sobre eles, as reportagens narravam o fato de dois policias terem morrido vítimas de uma explosão provocada por uma bomba colocada no carro da policial.

Também narrava o enterro emocionante, tudo com muitos detalhes e fotos que mostravam seus familiares e amigos, todos comovidos pela "perda" dos dois. Amanda ficou muito mexida com tudo isso, pôs-se a chorar de soluçar, Chris também ficou emocionado, mas ao ver o estado em que sua mulher estava, tratou de se fortalecer, afinal, ela estava muito sensível além de estar enjoando sem parar, nada parava em seu estômago, ele já pensava na possibilidade de ter que dar um jeito de pedir para Elias ligar para Allen, ou para sua mãe para ver o que ele poderia fazer para ajuda-la, mas ela não permitiu, fariam como o combinado, quando chegassem no Brasil, pediriam para que o caseiro ligasse para seu avô dando notícias.

De Long Beach eles encaminharam-se para Miami, de lá, eles iriam de carro para Las Vegas, onde em um lugar ermo, no meio do deserto de Nevada, um pequeno monomotor os esperava para leva-los até o México.