* Prólogo *

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Você nem vai me ver chegando, eu vou te rejeitar
Quando você mais precisar de mim, eu vou
Quando você mais precisar de mim, eu vou te rejeitar
Você nem vai me ver chegando, eu vou te rejeitar
Quando você mais precisar de mim, eu vou
Quando você mais precisar de mim, eu vou te rejeitar.
[…]

Mais um dia

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Mais um dia. 

Mais um maldito dia. 

  Olho para a selva de pedra que como sempre está em constante movimento, aqui do trigésimo andar tudo parece menor, menos a dor que me corrói.

Tudo o que me cerca só me faz lembrar como sou uma decepção, agradeço por meu pai não estar mais aqui para assistir o meu fracasso, o desgosto de minha mãe já é o bastante. 
 
  De que adianta ter tudo o que o dinheiro pode comprar, se pra mim ele não comprou o que mais me interessava: FELICIDADE!!! 

  Aqui estou eu, 27 anos, cuidando da empresa de construção da minha família, que graças ao meu pai se tornou a melhor  não somente de São Paulo, mas do Brasil. Conhecida internacionalmente, e dando lucro muito a cima do esperado. 

  No quesito trabalho sou uma mulher realizada, meu pai iria se orgulhar de mim, meu querido pai, que foi levado por um infarto a dois anos atrás, ele era meu alicerce, a força que sempre precisei para vencer.

  Olho para o céu e ele está negro, uma tempestade se aproxima, a cor escura se reflete em meu humor, que está sempre assim ultimamente, não tenho muitos motivos pra sorrir, no trabalho sou conhecida como megera, não que eles me chamem assim na minha frente mas sei que é o meu apelido.
 
  No fundo não posso culpa-los, realmente me transformei no que me chamam, uma megera que dá ordens a toque de caixa e que quer tudo do seu jeito.

  Mas em minha defesa nem sempre foi assim, já fui uma garota boba e apaixonada, e foi isso que me deixou assim, uma desilusão. 

  Me abraço ao lembrar do passado, já faz um ano, mas ainda dói como se tivesse sido ontem, foram 10 anos dedicados a alguém que simplesmente me deixou, cinco anos de namoro, que se iniciou ainda no colégio eu com meus 16 anos ingênua, ele com seus 18, o cara mais bonito e cobiçado como não se apaixonar?

  Após cinco anos decidimos por um noivado, que foi muito badalado, apenas um ano e subimos ao altar, meu sonho sendo realizado, me casando com o amor da minha vida, isso era o que eu pensava.
E após um casamento de quatro anos, ele decidiu pela separação, um ano que ele decidiu me deixar.

  E eu ainda me sinto uma inútil, coloco as mãos sobre o meu ventre e observo as gotas de chuva que escorrem sobre a janela que vai do chão ao teto, meus olhos estão com a mesma sintonia da chuva, escorrendo sem parar. 

  Paulo decidiu me deixar porque eu não poderia lhe dar o que ele sempre quis.

Um filho.

  Foram vários médicos em vários países e sempre a mesma conclusão, após vários tratamentos frustrados sobrou apenas a Inseminação Artificial, a qual minha "querida" sogra foi veemente contra, adoção se tornou um palavrão e então com todo o desgaste ele simplesmente optou pelo divórcio. 

  Minha mãe nada falou mas me olhava com aquele olhar, o que me julgava, ela sempre quis netos e eu como filha única nunca poderia lhe conceder esse sonho. 

  Observo a chuva que caí e meus pensamentos voam, me lembrando de tudo o que já passei, momentos bons e ruins. 

  Ouço o telefone da mesa tocar e ando até  ele apertando a linha 1, sabendo que se tratava de Clara, minha secretaria improvisada, uma incompetente que só estava ocupando esse lugar porque a última havia pedido demissão a dois dias. 

   — Aconteceu algo Clara? - pergunto curta e grossa, não estou para conversa. 

  — Senhorita Bazam, Ricardo Assunção está aqui para a entrevista. 

  Droga, havia me esquecido disso, mais um pra ocupar meu tempo, quarta entrevista de hoje, espero que ele se sai melhor que os três primeiros. 

  — Clara aguarde 5 minutos e o mande entrar, vou encerrar uma ligação importante - desligo o telefone em sua cara e corro para o banheiro para ao menos tentar ficar apresentável, pingo colírio nos olhos e refaço o rímel. 

Volto para a mesa e me sento ereta em minha cadeira, puxo o currículum do indivíduo e coloco meus óculos de leitura, olhando rapidamente os detalhes. 

Ouço uma batida leve na porta e direciono meu olhar para a mesma. 

— Entre - digo em minha voz mais monótona, e espero que ela seja aberta. Estava preparada pra tudo menos para o que acabou de adentrar minha sala, com um sorriso de lábios fechados e olhos brilhantes.

                                […]

Primeiro capítulo. 
Espero que gostem, e se divirtam assim como estou me divertindo escrevendo.

Beijinhos da sua Megera Favorita.

20/06/2018

A Megera Da Bazam (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora