A Verdade sobre Rakinarium

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W035
Earthland
Cidade Alpha - Selinarium

- O que pretende fazer agora, Jazz? - Safira perguntou, enquanto andavam pelo centro da cidade de Alpha.
- Irei visitar minha aldeia natal, em Rakinarium. Não tenho notícias deles há quinze anos! - Jazz afirmou.
- Não tenho o que fazer, posso me juntar em sua aventura?
- Desde que não me incomode, Sa, você pode tudo.
- Seu besta - Safira riu.

Enquanto andava na direção dos estábulos da Cidade Alpha, Jazz foi surpreendido por uma mulher que pareceu espantada.

- V-v-você é um rakino?! - a senhora perguntou.
- Sim, tem algum problema? - Jazz rebateu.
- Meus pêsames por sua perca, seu povo era excepcional.
- Como assim?! - Jazz se espantou.
- Sua perca, você era de Rakinarium, não é?
- Eu sou de Rakinarium, o que aconteceu?!
- Você não sabe de nada? - a senhora pareceu assustada.
- O que aconteceu!? - Jazz estava aflito.
- O clã Destroya de Mercattinarium, eles tomaram o poder do território e declararam guerra contra Rakinarium. Seu povo pereceu contra as forças totais de Mercattinarium, cujo líder do clã Destroya ordenou que todos da sua espécie fossem executados...
- Como!? - Jazz engoliu em seco, estava chocado.
- Por isso me espantei, achei que você fosse um fugitivo de Rakinarium. Até onde eu sei, você pode ser o último rakino de Earthland.
- O Ú-ultimo? - Jazz se lembrou de seus pais, vistos pela última vez quando o mesmo tinha cinco anos, chorando em seguida.

  Safira abraçou Jazz e o consolou.

- Me desculpe pela notícia ruim, garoto. Achei que soubesse - disse a senhora.
- T-t-tudo bem.
- Fique bem, tenha cuidado com os Destroya - disse a mulher se despedindo.
- Safira, você sabe se isso é verdade!? - Jazz perguntou.
- A semente primordial amplificou meus poderes, posso tentar descobrir.

Safira colocou as mãos em sua cabeça e emanou uma luz forte de seus olhos.
- Clarividência!

  Em sua visão, ela enxergava algumas aldeias de Rakinarium totalmente devastadas, repletas de bandeiras com o símbolo de um polvo. Ao visualizar a capital de Rakinarium, Solaria, ela fitou soldados élficos e humanos andando pelas ruas, fortemente armados, mas sem sinal existente de rakinos. Seus olhos pararam de brilhar, retomando a visão para Jazz.

- Eu vi sua nação, o que a senhora disse é verdade. As aldeias estão destruídas e estão com bandeiras de polvo.
- Bandeira de polvo, clã Destroya de Mercattinarium.
- Eu lembro que Akatosh nos ensinou que Mercattinarium era comandado por corteses, de vários clãs... Como isso é possível? Eles não permitiriam isso!
- Eles não permitiriam se estivessem vivos. O clã Destroya não agiria assim se não tivesse tomado primeiramente o controle de Mercattinarium.
- Então o que você vai fazer, Jazz?
- Eu vou até Rakinarium. Meus companheiros de espécie podem ter sido mortos - engoliu em seco - minha família pode ter sido morta, mas eu não posso permitir que eles sejam desonrados tendo alguém no controle de Rakinarium.
- Jazz...
- Não irei atrás de vingança, irei atrás de justiça. Eu tomarei Rakinarium de volta, nem que tenha que sujar minhas mãos para isso. Você vem comigo, Safira?
- Eu disse que iria te acompanhar em sua jornada, Jazz, eu irei.

Eles voltaram a andar, juntos. Só que desta vez, mais convictos de que deviam ir a Rakinarium. O tempo era seu maior inimigo, naquela jornada, pois Rakinarium era no sul do continente e eles estavam próximos ao norte do continente, mas Jazz não tinha pressa, ele estava determinado.

Ambos, eles alcançaram o estábulo de Cidade Alpha, onde solicitaram um cavalo para ir até Rakinarium. No entanto, os donos das carroças de viagem só iriam até Kantinarium. O que tornaria a jornada de Jazz cada vez mais complicado.

- Do que adianta ser um deus e não conseguir se teletransportar? - resmungou Safira ao subir na carroça.
- Parece um preço que temos que pagar.

O trajeto continuou, um trajeto curto, devido a proximidade de Alpha até a fronteira de Kantinarium onde o carroceiro afirmou que só iria até aquele ponto. Mesmo frustrado, Jazz pagou o homem enquanto Safira descia da carroça.

- E agora? - ela diz.
- Agora devemos seguir para o sudeste - disse Jazz apontando na direção.
- A estrada segue ao sul.
- Tem uma aldeia seguindo a estrada - disse Jazz olhando o mapa, que havia roubado do carroceiro.
- Aldeia?
- Aldeia de Stormia, uma aldeia industrial. Eles fabricam os transportes desérticos de Kantinarium.
- Transportes desérticos? - perguntou Safira.
- Você não se lembra de Akatosh contando? A área do deserto é dividida em duas regiões, Déxo e Esteria. Pra cruzar o deserto com rapidez eles usam um aparato de madeira com uma concha dos ventos pra dar o impulso.
- Aaah, eu esqueci o nome.
- Vela do deserto - afirmou Jazz.
- Vamos andando, então.

Earthland
Aldeia de Stormia - Kantinarium

Após uma hora de caminhada, o que Safira considerou desumano, se referindo ao deserto, eles alcançaram os muros da pequena aldeia de Stormia. As estradas dali em diante eram marcadas apenas por cercas de madeira, que guiavam os viajantes, a areia do deserto já havia tomado toda a estrada.

- Água, Água, eu preciso de água - bufava Safira, cansada.
- Água seria uma boa.

Ao andarem pela estrada principal da cidade, Jazz via alguns humanos misturados em meio aos elfos, todos eles com vestes apropriadas para o deserto. Uma fonte de água era vista no centro da aldeia, tão vista que Safira partiu em corrida para beber água da mesma. Jazz encheu seu cantil e tomou da água, que tinha um gosto levemente doce.

- Me diz que não iremos continuar desse jeito - disse Safira.
- Vamos alugar uma vela do deserto, bobinha - disse Jazz, acalmando Safira.
- Iremos continuar viajando por hoje? O sol está se pondo - apontou Safira.
- Eu até continuaria, pois a ausência de sol não é um problema para mim, até porque posso criar pequenos sóis - disse Jazz com um pequeno sol em sua palma direita.
- Não... Eu não mereço isso!
- Mas, como estamos cansados, vamos passar a noite por aqui.

Safira terminou de beber água da fonte e foi junto com Jazz, procurar uma estalagem para descansarem. Ao caminhar por Stormia, algumas pessoas olhavam para Jazz com um olhar de pena, mas ninguém tinha coragem para ir conversar com o mesmo. Mesmo sabendo do Salvete Solaris, as pessoas não percebiam que havia dois deuses entre eles, afinal, ninguém havia conhecido a aparência de Jazz nem de Safira.

O encontrado foi a estalagem Areia Dourada, onde foram recebidos por uma senhora simpática, que os guiou até seus quartos. As camas, feitas de feno, coberto por panos e tecidos evidenciavam a carência do lugar. As janelas, cobertas por madeiras mal posicionadas, que segundo a dona, era pra evitar tempestades de areia durante a noite.

Jazz agradeceu pelo quarto, Safira estava procurando algo para comer, enquanto a velhinha os deixava a sós.

- O que achou, Sá?
- Melhor do que dormir deitado nas areias, pode ser um deserto aqui, mas está frio demais.
- Também achei, mas irei resolver isso.

Jazz se aproximou de uma tocha, onde conjurou energia solar para gerar uma chama solar, que instantaneamente esquentou o quarto, dando um clima agradável.

- Você é cheio de magias que eu desconheço, Jazzie.
- Digo o mesmo sobre você, Sá.

Cada um deitou em sua cama, se cobrindo com pedaços de tecido que a dona havia lhes dado, a noite seria longa.

"Rakinarium é uma terra de magia, onde as criaturas rakinas vivem alegremente. Bem, costumava ser assim. Hoje, não existem mais criaturas rakinas, Rakinarium também se tornou um campo de guerra."
- Contos Rakinos: Esperanças Perdidas - Capítulo 23

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