12.Festa do pijama parte2: Eu nunca deixei de te amar

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-- O-olá Diane. -- Sua voz havia mudado bastante, agora era grave e levemente rouca e por um minuto eu fique imóvel e sem voz até que seu semblante preocupado e o toque quente de sua mão sobre as minhas me despertou, ele realmente estava aqui.

-- Arlequim? -- Mesmo com a dúvida de minha mente e a certeza em meu coração resolvi responder ao homem que tanto me magoou.

-- Podemos conversar?

-- O que você quer aqui? Não acha que já passou o tempo de se explicar? -- Consegui formular uma frase inteira e foi um milagre.

-- Diane eu...

-- Arlequim você sumiu por quatro longos anos, não se preocupou comigo, com os meus sentimentos, então me diga por que eu deveria te escutar?-- Haviam lágrimas em meus olhos, um misto de alívio, paz e tristeza

-- Você está certa... Eu entendo se não quiser me escutar, na verdade eu entenderei se nunca mais quiser me ver -- seu semblante estava calmo, mesmo que seus olhos demonstrasse tristeza

-- Sabe o que eu queria de você? Que nesses quatro anos, você tivesse mandado uma mensagem, dado sinal de vida ao menos me informasse que estava bem ao invés disso jogou pro ar todos os bons e maus momentos que vivemos, não só deixou de lado o que tínhamos mas a nossa amizade. Sabe o pior em tudo isso: eu teria te esperado, cinco, dez, vinte anos o quanto fosse necessário! -- Deixei que as palavras o alcançasse, já havia decidido encerrar esse capítulo da minha vida então, não havia motivos para me segurar. Deixei que sentisse toda a mágoa que eu guardei por tantos anos.

-- Diane... Eu não podia te pedir tal coisa, seria egoísta da minha parte e mesmo arriscando te perder fiz aquilo que achei certo no momento. Deixei de lado todos os que eram importante pra mim e essa foi a escolha mais difícil que tive que fazer. 

-- Então conviva com o peso de suas escolhas -- as minhas lágrimas agora inundaram meu rosto, eu não queria mais ficar em sua presença, então me levantei e comecei a andar em direção a saída do labirinto, meu braço foi segurado e seus olhos alcançaram os meus

-- E eu estou convivendo, perdi a mulher da minha vida por uma decisão equivocada, afastei minha família achando que enfrentar todos os problemas sozinhos me faria um homem melhor e por consequência um rei melhor, magoei a ambos e mesmo que meu coração me pedisse pra voltar e consertar os erros apenas me mantive focado na minha missão. Sou o ser humano mais egoísta que existe por pensar dessa forma, mas o meu maior arrependimento foi não ter te ajudado a jogar tudo pro alto e te levado comigo -- Tais palavras ditas com tanta sinceridade, tocaram meu coração e com dificuldade mantive minha postura ao sentir seu doce toque me deixar, uma batalha interna começou dentro de minha mente: por um lado eu estava muito feliz por ele esta bem e aqui, meus sentimentos continuam vivos, por outro eu ainda estou magoada com as suas escolhas que alteraram muito o nosso destino.

-- Arlequim -- Mantive a seriedade em minha voz sem perder o contato de seu olhar -- O que você realmente veio me dizer?

-- A verdade... -- Minha expressão mudou totalmente, eu já não tinha mais certeza do que queria ouvir. Arlequim apenas se sentou no banco e esperou pela minha decisão. Por 10 minutos eu fiquei parada a sua frente com meus braços cruzados sem saber o que fazer, pela primeira vez senti o olhar dele pesar sobre mim e foi impossível não corar, sai dos meus pensamentos  e sentei bem afastada e ele respirou fundo antes de começar a me contar a sua história:

-- Eu havia chego em Faery Florest há dois dias e o chanceler estava louco com os problemas causados pelo último fenômeno da natureza, nem cheguei a desfazer as malas apenas queria encontrar o meu amigo e foi aí que eu descobri que o Helbram havia se envolvido com drogas e desaparecido, seu paradeiro era desconhecido e seu último contato tinha sido feito de Halcor uma cidade do lado leste do reino. Passei oito meses naquele lugar a princípio era só uma busca pelo Helbram, mas depois que vi o que havia acontecido naquela parte do reino, eu simplesmente não pude ignorar. O lugar estava inóspito a habitação, metade da população desabrigada, consegue imaginar Diane: crianças desabrigadas e com fome? Gente doente por toda parte e a sujeira... Aquilo estava longe de ser a minha terra natal.

King parou de falar e respirou fundo antes de continuar:

-- Não me orgulho do que fiz, muito menos da forma como fiz, porém, pensei que se tomasse as mesmas atitudes que meu pai conseguiria me tornar o necessário para o reino e com isso deixei de lado todos os meus sentimentos e vontades. Precisei provar para mim mesmo que estava pronto para tal função, afinal me tornaria responsável por muitas vidas, nunca pensei em te magoar ou deixar o que sentia, na verdade, sinto muito por ter posto você de lado e não ter considerado as consequências que uma falta de explicação causariam.

-- A recuperação de Halcor demorou mais do que o esperado e no fim me faltou coragem para te dizer a verdade, pois, havia se passado um ano, não queria atrapalhar a sua vida e tudo que você estava construindo. -- Quando King terminou de resumi o ocorrido tive a certeza de que ele não havia mudado em nada. Sempre pensando nos outros primeiro.

-- E foi por esse motivo que você se afastou de todos? -- Me aproximei lentamente.

-- Não. Nono começo a cidade estava tão devastada que não havia como eu ligar, então encarreguei o Chanceler de todos os dias vir até mim para que pudesse anotar o meu progresso e as queixas do que seria feito no local, depois de três meses resolvemos os problemas de comunicação e foi quando eu te liguei, mas aos poucos as coisas foram piorando e mais problemas foram surgindo e sempre que eu colocava na balança a minha volta para casa e os problemas que deveria resolver, meus sentimentos e minha própria boa vida não serviam de nada e no fim me conformei em só resolver os problemas a minha volta esquecendo completamente dos meus. -- As palavras dele atravessaram meu coração como uma flecha, apesar de nunca ter imaginado outra mulher na vida dele nesses anos em que ficou fora. Eu sempre imaginei que ele teria me esquecido assim como sua família, imaginei inúmeros motivos envolvendo um ataque de ódio, raiva ou simplesmente uma dor tão intensa que era incapaz de conviver com isso, mas nunca em hipótese alguma pensei na sua carga emocional e responsabilidade para com o reino e me senti mal por isso, ele afirmava que suas atitudes eram egoístas quando, na verdade eram apenas altruístas.

-- Você não deveria ter definido isso sozinho. -- Me levantei e decidi ir para o quarto, pelo horário seria péssimo ir pra casa.

-- Diane... -- Sussurrou o meu nome e aquilo me torturava, segui pelo labirinto sem conter minhas lágrimas. Eu estava... Feliz e confusa, na verdade, muito confusa e quando pisei de volta na festa encontrei meu pessoal sentado á uma mesa enorme gargalhando, tentei passar direto, pois, os meus olhos provavelmente devem estar inchados por conta das lágrimas.

-- Di, vem logo! -- Elaine correu em minha direção e puxou minha mão, forcei um sorriso mentiroso enquanto me sentava ao lado deles para ouvir aquelas histórias que provavelmente eram engraçadas mas... Meus pensamentos não me permitiriam processar já que no momento os olhos e as palavras do homem que ainda possui o meu coração não saiam da minha cabeça e mesmo que eu não quisesse voltar com uma decisão a minha consciência gritava que eu deveria aceitar os sentimentos que ele ainda possui por mim e reviver tudo aquilo que guardei com tanto carinho.


𝐃𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬 𝐝𝐚 𝐓𝐞𝐦𝐩𝐞𝐬𝐭𝐚𝐝𝐞 | Kiane(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora