8.Olhos tempestuosos

247 19 7
                                    


Howzer levantou e cuidadosamente cobriu sua namorada, beijou-lhe a face e saiu do quarto: "vou fazer o café, ela vive reclamando da comida da Elizabeth." Pensou enquanto abria a geladeira

— Que visão logo de manhã! Aleluia! — Elizabeth apareceu se referindo ao fato do namorado da amiga ter dormido em casa.

— Elizabeth, shi.... Diane está dormindo e eu quero que ela continue assim, mudando de assunto rapidamente. Você viu o que eu te pedi?— Encarou a amiga enquanto preparava o desjejum

— Vi sim... Mas acho melhor você mudar de ideia — Estava aflita com a ideia dele mesmo assim entregou em suas mãos a caixa de veludo preta.

— Por quê? Acha que ela não vai gostar? - Ficou apreensivo enquanto encarava aquele ametista que brilhava tanto quanto os olhos de sua namorada.

— Não é isso, só que toda vez que conversamos sobre o assunto ela da mesma resposta: "Eu só me caso no dia que minha mãe acordar" mesmo sabendo que isso pode nunca acontecer.

— E o que você sugere que eu faça? Planejei o pedido há três meses.

— Adie mais um pouco ou corra o risco.

— Acho que as coisas mudaram, Elizabeth...

— E como mudaram... — Mesmo querendo ajudar, a prateada só confundiu mais o loiro que agora não sabia o que fazer com as flores que invadiram o local daqui há uns dez minutos. Resolveu seguir seu plano, afinal de contas o anel de noivado já estava com ele e mesmo que não começasse da forma planejada aquilo seria lindo.

— Eu não vou desistir, não agora. O não eu já tenho então é só esperar a reação dela — andou em direção a porta e assim que a campainha tocou a abriu e ajudou os cinco carregadores a trazer a quantidade enorme de rosas pra dentro e deixaram na sala. Quando o pessoal da floricultura foi embora Howzer se encarregou de levar cada cesto de rosa para o quarto dando assim mais de quinze viagens, os espalhou pela varanda e pelo quarto voltou a sala e levou o café preparada com tanto carinho ate ela.

— Diane.... Gatinha acorda — colocou a bandeja em cima da cama de veraneio.

— Oi... Já vou — coçou os olhos com preguiça e os forçou lentamente, abriu os olhos e tudo que enxergou foi a cor vermelha respirou fundo sentindo o doce perfume das rosas invadirem suas vias nasais e quando despertou totalmente seus enormes orbes violeta correram pro todo o lugar — Howzer...Que coisa linda — Beijou os lábios do namorado.

— Então espera ate você provar o café da manhã, dessa vez fui eu que fiz — ambos começaram a comer em meio a uma conversa divertida e assim que acabaram apertou as mãos dela e respirou fundo antes de continuar — Diane minha gata, o que você diria se eu te pedisse em casamento?

— Por que dessa pergunta agora? - ficou confusa.

— Só me responda por favor — assumiu uma postura seria diferente da costumeira.

— Eu não sei... De verdade, não sei o que faria, mas por que me perguntou isso? — Em resposta ele apenas se ajoelhou e tirou do bolso esquerdo uma caixinha de veludo preta, abriu e olhou nos olhos dela:

— Desde a primeira vez que eu te vi eu me apaixonei, pela sua bondade, sinceridade e por quem você é. Quando finalmente se tornou minha namorada soube que a partir do momento que olhei dentro dessas ametistas que esse era o caminho sem volta pelo qual eu queria passar o resto da minha vida, então Diane Charlotte Guisy você quer ser minha noiva? — Encarou aqueles olhos de cor violeta que se mantiveram petrificados, a garota não disse nada apenas ficou ali encarando o anel que possuía a mesma cor de seus olhos deixando o loiro apreensivo em busca de uma resposta.

...


Enquanto isso na mansão Von Stain, Gloxinia estava surtando com a chegada inusitada e irresponsável de seu sobrinho:

— Como você pode! Em nenhum momento pensou em mim na sua tia, sua irmã ou na Diane! Harlequim você desapareceu do mapa sem avisar pra ninguém, sem se preocupar com os sentimentos dos outros! — Gloxinia se mantinha sentado atrás da enorme mesa de mogno do seu escritório seu olhar inquisidor sobre o sobrinho a espera de uma resposta plausível para tal situação.

— Tio você já foi a parte leste de Fairy Florest? —Perguntou com seus olhos tristes e cansados

— Não, onde quer chegar?

— Bem, eu passei oito meses naquele lugar a princípio era só uma busca pelo Helbram mas depois que vi o que havia acontecido naquela parte do reino simplesmente não pude ignorar. O único autorizado a me contactar era o chanceler que cumpria todas as minhas ordens com bastante clareza e determinação, Tio as crianças estavam desabrigadas e com fome, havia 5% do índice de criminalidade crescendo e para completar aquele lugar estava inóspito a habitação.

Algumas lágrimas desceram pelo seu rosto

— Como posso ser um bom rei se coloco minhas prioridades egoístas acima de meus deveres com meu povo? Como posso me considerar humano se nem sou capaz de proteger aqueles que precisam de mim?— Seu tio agora mantinha uma expressão de tristeza se levantou da cadeira e foi em direção ao sobrinho afagou suas costas em uma tentativa falha de conforta-lo.

— Você não precisava ter feito isso tudo sozinho...King, a sua família está aqui pra isso poderia ter contado com a gente.

— Eu sei meu tio, mas precisava fazer isso sozinho eu precisava provar pra mim mesmo que estava pronto para tal função. No fim consegui, na verdade a equipe de construção foi quem reconstruiu a maioria das habitações, escolas, mercados e comércio que aquele furacão destruiu vê o brilho nos olhos das crianças e a felicidade de todos me motivou a querer ser uma pessoa melhor. — King estava feliz com tal progresso mesmo sendo uma boa pessoa sentia que não era o suficiente.

— E por que não nos avisou? — Seu tio perguntou, sua expressão agora era de ternura uma profunda ternura por aquele garoto que tinha como um filho.

— Como eu disse a ideia era ficar apenas até encontrar Helbram mas depois de ter visto e ouvido tanta dor foi difícil me desvencilhar, acabei por gostar de tal experiência. Agora eu retornei de inicio ficaria apenas um mês mas, o senhor já deve ter transferido minha faculdade pra cá.


— Sim, assim que Helbram me ligou eu o fiz no mesmo dia agora meu sobrinho me diga a verdade, você não quer ficar por causa dela não é? — Por um momento King hesitou mesmo sabendo que seu tio era de confiança não queria trazer á tona todo aquele sentimento reprimido. — Nem precisa me responder meu filho colocou a mão no ombro dele: — Sabe, não importa quantos dias se passaram, pois todos os dias ela perguntava por você. Ela te esperou por um ano e teria esperado muito mais, Elaine e Geheade a aconselharam a seguir em frente e mesmo depois do namoro com Howzer Thompson ela continuou perguntando por você até que se cansou de ouvir a mesma resposta de minha boca "sem notícias querida", "ainda não sabemos de nada".  Você criou essa situação agora seja homem ela merece desculpas, os Von Stain nunca deixam de cumprir uma promessa! — Suas palavras duras e sábias ficaram gravadas na mente de King.

— Sei disso Tio, eu ainda a amo... Mas não sei o que e nem por onde começar.

— Encontre um jeito, comece pelo começo e lute por aquilo que você realmente deseja esse é o único conselho que posso te dar — saiu deixando o garoto de cabelos castanhos pensativo em meio aquele enorme escritório. Depois de um tempo submerso em pensamentos loucos decidiu ir embora, seguiu em direção a porta da sala e avistou uma loira que corria em sua direção.

— King!

— Elaine. —  Abriu um sorriso na esperança de ganhar um abraço porém sua irmã o encarou com fúria antes de desferir uma sessão tapa no peitoral.

— Como pode fazer isso com a gente! Por acaso esqueceu de mim?— Teve seu corpo abraçado por ele e retribuiu, um sonoro "me desculpe" foi dito e por mais que a loira estivesse com raiva, no seu íntimo estava feliz. Finalmente seu irmão estava em casa e sua família completa, restava comunicar a garota de olhos violeta.

𝐃𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬 𝐝𝐚 𝐓𝐞𝐦𝐩𝐞𝐬𝐭𝐚𝐝𝐞 | Kiane(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora