Estou sentada perto da rua de casa, em uma parte gramada para não me sujar. Os meus colegas estão brincando de pique-esconde. Sim, são apenas colegas para não dizer conhecidos, sempre fui ruim nas brincadeiras e sempre acabo atrapalhando eles. A minha única amiga anda em minha direção, Ahra estende a sua mão é fala: "Quando será que ela vai acordar?".
Olho para ela confusa, a sua voz está grossa demais para uma criança e como assim acordar? O Sol se apaga e a noite cai bruscamente, aterrorizada corro para a casa da minha mãe, mas quando chego vejo-a queimando. Grito o mais alto que posso, peço e imploro por ajuda, porém todos me ignoram, restando-me ouvir as risadas das outras crianças enquanto entro em pânico.
A luminosidade incomoda os meus olhos sob as pálpebras, movo os meus cílios, porém sou obrigada a fechá-los quando a luz atinge as minhas pupilas. Repito o mesmo processo novamente, mas desta vez lentamente. O quarto é todo branco - diferente do meu - na minha frente estão a Eunjin e a Ahra que conversam. O meu olhar cruza com o da minha tia que se levanta e se retira do cômodo. Então tudo foi um pesadelo, fico encarando um ponto aleatório do quarto tentando me situar.
- A casa! - grito, todas as lembranças da noite passada me atingem. Desejo ardentemente que isso seja parte do pesadelo, porém sei que é real. A Eunjin está aqui, ela está bem, mas...
Ahra se levanta, senta na cadeira ao meu lado e segura a minha mão. Ela me observa como se estivesse estudando as minhas feições. Todas essas dúvidas estão me agoniando, antes de mover os lábios para fazer outra pergunta, ela tenta me tranquilizar:
- Calma, tá tudo bem. - A sua voz é suave, porém firme.
- O que aconteceu ontem? Eu...
A Eunjin volta, mas acompanhada pelo médico que segura uma ficha. O meu olhar recai na roupa hospitalar que estou usando, porém não estou preocupada comigo.
- Bom dia Yura, como se sente? - O médico me encara fixamente.
Concentro-me em mim pela primeira vez desde que acordei. A única coisa que me incomoda são as minhas costas, mas é uma dor suportável. A minha cabeça parece mais pesada, é como se eu tivesse dormindo em má posição, ocasionando um desconforto.
- Bem, eu acho.
- Fizemos vários exames e felizmente não deu nada. Você já pode voltar para casa, vou te passar uma receita caso sinta dor - continua.
Uma parte de mim está tranquila por não ter sido nada grave, mas outra está amedrontada ao lembrar da forma como o Kisung me segurou e me olhou com tanto ódio. Faço mais perguntas, porém nenhuma das duas me respondem; esse sigilo está me deixando tensa. Antes de ir, tomo banho e percebo algumas roxuras na minha pele que irão ficar durante algumas semanas. Visto a roupa que a Eunjin me deu, estranho porque ela é nova, ainda possui etiqueta.
- Por que vocês não me contam o que aconteceu? - pergunto ao adentrar o elevador.
- É complicado, vamos tomar café e depois conversamos - Eunjin diz.
Entramos na sala de espera, onde há pacientes para se consultarem e os seus acompanhantes. Quase todos seguram as senhas, o painel no centro mostra os números, a fila é gigante apesar de ser cedo. A televisão que está no centro do cômodo é a única distração. O comercial acaba e uma jornalista surge, dando as notícias sobre um lugar mais do que conhecido por mim.
"Na noite passada, um incêndio atingiu Guryong Village. Aparentemente, ele começou em uma residência e se expandiu para outras. Não houve nenhuma vítima, porém resultou em vários desabrigados. O artista Jungkook se sensibilizou com o acontecimento e doou para a reforma do local e, em seguida, outros famosos também se uniram à causa. Hoje de manhã, o prefeito se pronunciou e relatou que também irá agir em prol."
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A Empregada - Jungkook
FanfictionLee Yura, ingressou em uma das faculdades mais renomadas e concorridas da Coréia do Sul. No entanto, isso não anula sua precária condição financeira atual. Ela terá que trabalhar arduamente até o dia em que receber o seu diploma; um vasto caminho co...