Impudico

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A máquina a vapor da Primeira Revolução Industrial tinha a fumaça como o seu álibi, mostrando o quanto trabalhava incessantemente. No meu caso, as minhas mãos e pernas não têm descanso; o tempo inteiro estão se movendo e realizando alguma tarefa doméstica.

Semana passada, a chuva adiou o nosso trabalho. No entanto, hoje não houve nenhuma mudança climática, nenhum empecilho. Fizemos o supermercado rapidamente visto que eu já sabia a maioria dos produtos e como funcionava a rotina.

O dia foi uma luta contra o tempo, dediquei-me em realizar todas as tarefas com louvor. Não podia correr o risco de terminar o expediente atrasada, tinha a meta de terminá-lo com tempo de sobra e, assim, conseguirei revisar tranquilamente o conteúdo da prova de hoje.

Estico o último tecido sobre a tábua de passar, passo a mão para diminuir os amassados. Por fim, deslizo o ferro quente permitindo que este realize a sua função. Quando termino, dobro cuidadosamente a calça e coloco-a com as outras roupas em uma cesta.

Analiso durante breves segundos se não esqueci de nenhuma peça, felizmente está tudo em ordem. Em seguida, pego a cesta e vou para o andar de cima. Atualmente tenho permissão para guardar as roupas, exceto isso ainda não posso fazer mais nada. Tenho que esperar a Eunjin ou a Myong me darem as roupas sujas.

Abro a porta do quarto do Namjoon, o aposento está impecável e o cheiro de material de limpeza emana no local. Observo os inúmeros bonecos Ryan nas estantes, todos estavam alinhados. Por fim, coloco as suas roupas organizadamente no guarda-roupa.

Desço as escadas e vou em cada aposento conferir se estão devidamente limpos. Vou até o último cômodo que falta: a sala de estar. A luz laranja do fim da tarde passa pelas enormes janelas de vidro, deixando o ambiente em um clima propício para degustar um chá e conversar sobre assuntos leves.

A Sra. Myong passa igual um furacão pela porta, quebrando o clima calmo e aconchegante da sala e diz:

- Tava te procurando, Yura. - Ela ajeita agoniadamente a sua bolsa no ombro. - O chefe quer falar com a gente.

Encaro-a surpresa, não é comum conversamos com ele no fim da tarde já que sempre resolvemos os assuntos do trabalho de manhã. Milhares de pergunta circulam em minha mente, e nenhuma era positiva. O que tínhamos feito de errado? Ou melhor, o que eu fiz? Será que foi o atraso daquela vez?

Assinto e tento pensar em outra coisa. O meu coração bate cada vez mais forte conforme eu me aproximava do escritório. Quando chegamos em frente à porta, paramos e nos entreolhamos preocupadas. Myong toma uma atitude e bate na porta, entramos após ouvir a permissão.

O mesmo homem que eu assinei o contrato está sentado com uma expressão serena. Tia Eunjin está sentada em sua frente e parece ler os nossos pensamentos quando solta um sorriso como se dissesse: "Está tudo bem".

- Bom, sei que é incomum conversamos nesse horário mas. - Ele tira os óculos do rosto e o coloca sobre a mesa. - Precisamos que uma trabalhe no final de semana. É claro que irei pagar hora extra.

O silêncio se instala no cômodo. Olho para o lado e vejo a Sra.Myong hesitante, sei que ela cuida dos seus netos. Depois, pouso o meu olhar em Eunjin e lembro-me que ela tem assuntos para resolver. Não irei deixar que elas desmarquem algo por minha causa.

- Eu posso trabalhar - digo e recebo os olhares aliviados delas. - Mas eu tenho prova hoje e não posso faltar, senhor.

- Não tem problema, você pode fazer a prova e voltar - ele diz de forma simplista.

Elas se retiram do cômodo. Aproveito e sento-me para acertamos os detalhes dos dias que irei trabalhar, não há muitas exigências: apenas preciso arrumar o excesso da bagunça e fazer o que me solicitarem. Em relação as roupas, só preciso lavá-las nos dias úteis da semana.

A Empregada - JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora