Diga-me

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A parte mais difícil de toda essa situação foi quando cheguei em casa e tive que dizer para a Eunjin que não precisava mais trabalhar no final de semana. Não é exatamente uma mentira já que esse nunca foi o real propósito de eu ter ido lá. No entanto, esconder e fingir que está tudo bem é como gritar em bolhas de sabão que nunca serão estouradas.

Há um parede entre nós. A inquietação e a necessidade de realizar alguma ação, fez-me colorir a parede com dois tons: branco simbolizando a falta da paz interior e o que eu preciso transparecer; preto é o turbilhão de sensações negativas que eu sinto. Ambas as cores se transformam no monótono cinza, deixando-a ambígua.

Não houve nenhuma ligação, mensagem ou sinal de fumaça que informasse a minha situação no trabalho. A ausência de qualquer posicionamento me corroeu lentamente, apenas sobrava uma alternativa: ir trabalhar na segunda-feira e saber a resposta pessoalmente.

Ver a residência de longe me traz as lembranças com mais intensidade, era como se eu tivesse vendo o ocorrido. Assim que entro, os sentimentos daquela noite surgem em meu peito. Ando distraída pelo aposento e repito várias vezes para mim mesma: "Calma, hoje é só mais um dia comum".

- Yura? - Olho para frente e vejo que é o meu chefe.

- Desculpe, senhor. - Sinto a amargura em minha boca enquanto falo.

- Precisamos conversar, siga-me por favor.

Eu não sei o que pensar. Afinal, foi ele que me contratou e fez o pedido para que uma de nós trabalhasse. Será que ele quer falar sobre sexta-feira? E como ele ficou sabendo? Vou ser demitida por desobediência?

O silêncio enquanto o sigo é ensurdecedor. As frases que pensei durante todo o final de semana estavam implorando para serem pronunciadas e, assim, romperem com a dúvida. Todavia, eu preciso esperar ele falar primeiro. Observo-o sentando, em seguida ele alinha os papéis que estão sobre a mesa.

- Não é mais preciso que você trabalhe durante o final de semana. - A sua expressão é calma.

Eu não fui demitida?

A minha garganta está seca, não consigo ao menos fazer alguma expressão facial. Inicialmente me sinto aliviada, porém a angústia volta a reinar quando me lembro do ocorrido. Continuo encarando-o e espero ele prosseguir, as perguntas que me fiz incontáveis vezes rondam em minha mente.

- Sinto muito por falar sobre isso e depois cancelar, mas também sou apenas mais um funcionário que segue o ordens. - O seu sorriso é simpático, as rugas que estão na área dos seus olhos se contraem.

Procuro por qualquer indício de mentira, porém ele encara com seriedade e as suas palavras soaram convincentes. Finalmente esboço alguma reação enquanto suspiro, ele apenas cumpriu ordens. Se ele soubesse, teria pedido diretamente para eu trabalhar, e não teria sugerido para nós três.

- Eu entendo. - Tento sorrir, porém creio que não foi convincente quando ele me olha preocupado.

- A sua hora extra vai ser paga de qualquer forma, está bem para você?

Ele provavelmente achou que esse era o motivo da minha expressão, não pretendo prosseguir com a conversa e por isso irei concluí-la.

- Ah sim, claro. - Assinto.

Encerramos a conversa após acertarmos mais algumas coisas em relação ao trabalho, porém nada que envolvesse eles. Assim que a minha mão toca na maçaneta, reflito e decido fazer um pedido. Preciso me distrair ou a minha mente sucumbirá.

A Empregada - JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora