Capítulo 37 - Vasos de Flores

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Eu, Lucas e Ick entramos na casa juntos

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Eu, Lucas e Ick entramos na casa juntos.

Encontrei minha mãe sentada no sofá tomando martini e assistindo um reality show qualquer sobre pessoas obesas. Ao nos ver, pareceu surpresa e exclamou com ironia:

— Um dia você expulsa o garoto de casa, no outro o coloca para dentro de novo! Eu nunca vou entender você, Jéssica!

Coloquei meu filho em seus braços e a instruí a subir as escadas com ele e não descer enquanto eu não desse a ordem. Ela ergueu as sobrancelhas, mas não fez questionamentos. Saiu da sala de cabeça baixa.

Lucas sentou-se no sofá, não parecia muito confiante sobre o que iria dizer:

— Estamos a sós — falei enquanto sentava ao seu lado. — Podemos conversar agora. O que você tem a me dizer?

— Ah, não é nada demais — ele encarou o teto e suspirou forte. Senti o aroma de conhaque. Havia bebido. — Eu só queria me desculpar por ter aparecido na sua casa sem avisar.

— Você já havia se desculpado, Lucas. Eu fiquei um pouco confusa no dia, mas não é nada grave. É que precisamos ter limites bem definidos, por enquanto.

— Limites... — ele repetiu distraidamente. — É o que dizem.

— É só isso? — Perguntei. — Você parecia muito mais nervoso.

— É só isso, sim... — então puxou o ar e soltou a próxima frase de uma vez só, não teria coragem de dizer de outra forma. — Eu ainda gosto muito de você, Jéssica. Tipo, de verdade. Paixão e tudo mais. Eu sei que não é da minha conta, mas eu quase não me aguentei quando vi aquele cara descendo do seu quarto.

— Ah, Lucas... — cheguei mais perto dele, Lucas parecia sincero nas suas palavras. — Eu acredito que você está mudado, de verdade. Mas não acho que seja possível acontecer alguma coisa entre nós. Nem hoje, nem amanhã.

— Ah, claro que você está dizendo isso. Antes a sua mãe me dizia que você não estava aberta a nenhum homem no momento, mas agora entendi que era apenas eu.

— Não é bem assim. As coisas vão acontecendo e...

— Acontecem... — ele me interrompeu. — De fato, as coisas a-con-te-cem.

— O que você quer dizer com isso?

— Sinceramente, sabe o que eu não consigo entender? Quem ESCOLHE ficar com o Bob Esponja? Acho que você não sabe o seu valor, você é boa demais para aquele cara!

— Eu não acho — respondi. — Bob é um cara legal, gentil e nós estamos nos dando bem.

— É um namoro de verdade?

— Ainda não.

— Vocês estão só transando? No quarto ao lado do meu filho?

— Nós não fizemos nada ainda! E isso definitivamente não é da sua conta.

Lucas balançou a cabeça.

— O cara estava vestindo uma camiseta de desenho animado. Ele é uma piada.

— Você deveria se referir a ele pelo nome — tentei ser firme. — É Bob. E nem eu e nem ele estamos pedindo a sua permissão para alguma coisa.

— Pode falar sério, isso é só porque ele tem dinheiro? — Lucas disse. — Se for isso, acho que você é melhor do que isso.

— O que você disse???

Foi como um vidro.

Um vidro protegia a imagem do Lucas. De um lado do vidro estava o antigo Lucas, o garoto que me abandonou, não assumiu o filho e quase arruinou a minha vida. Do outro lado, um novo Lucas. O homem que me procurou e ajudou o nosso filho a aprender a andar. Ao falar aquilo, ele quebrou o vidro que dividia as duas personalidade e liberou o pior dele que eu tentava esquecer. E no meio, bem no meio, onde havia o vidro, emergiu a imagem do meu pai, um homem desprezível que tratou a minha mãe como alguém que só se importa com o seu dinheiro e eu não vejo há um ano em sentir a menor falta.

— Desculpa, Jéssica! Me expressei errado — ele se apressou a tentar consertar a situação.

— Eu quero você fora da minha casa.

— Eu não quero estragar tudo que construímos junt...

— Fora. Da minha casa. Agora.

Levantei-me e o encarei tentando manter meus nervos sob controle.

— Acho que você...

— FORA, PORRA! FORA DA MINHA CASA AGORA!

Quando era mais nova, lançava coisas quando me irritava. Foi o que fiz, arremessei um vaso de flores na testa do Lucas. Ela se rachou em milhares de pedaços e abriu um corte na cabeça do imbecil. Lucas saiu de casa apressado enquanto eu continuava a gritar.

Fora daqui.

Sai da minha frente.

Da minha casa.

Da minha vida.

Para sempre.

Apenas, vá.

***

Nota do autor

Vou soltar uma informação aqui e vocês lidem com ela:

Teremos um bate-papo só com Wattpaders no palco principal da Bienal do Livro.

Nossos dias de encontrinho na praça de alimentação acabaram. Chegou a hora do palco principal.

Datas em breve.

Beijos

Felipe Sali

Felipe Sali

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JÉSSICA - MÃE AOS DEZESSETE (HISTÓRIA COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora