Capítulo 42 - Antes de merecer

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Às seis e meia, o próprio Bob apareceu na minha frente:

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Às seis e meia, o próprio Bob apareceu na minha frente:

— Precisamos conversar — ele disse.

Engoli em seco.

— Tudo bem, estou livre agora — respondi, tentando esconder o quão nervosa estava. Em menos de quatro segundos imaginei mais de mil situações catastróficas causadas pela conversa. — Quer ir para um lugar mais reservado?

— Não, podemos conversar aqui mesmo. — respondeu e puxou uma cadeira para sentar-se ao meu lado. Tive a certeza de que todos à nossa volta prestariam atenção à conversa.

— Hum, ok. Pode falar...

Então Bob soltou a última sequência de palavras que eu desejava que saísse da sua boca:

— Eu vi a postagem do Lucas.

Gelei.

— É... não sei nem o que dizer. Eu não esperava te envolver nesta bagunça que é a minha vida.

— Antes de qualquer coisa, quero que saiba que eu sempre odiei aquele cara. Sempre! Desde a escola sabia que não era boa gente.

— Você tem um senso de julgamento melhor que o meu.

— Como você está? Já entrou em contato com os seus advogados? Tem algo que eu possa fazer por você?

— Você não está bravo comigo?

— Por que estaria?

— Ah, sei lá! — Passei a mão pelos cabelos e senti uma pequena dor de cabeça surgir. — O mundo sempre se vira contra mim! Sinto que estou fazendo algo muito errado que só eu não saiba o que é! Até a minha mãe está do lado dele!

— Isso é uma estupidez.

— Além disso — abaixei a voz para um sussurro. — Não é perigoso para você? O nosso lance foi exposto e a primeira coisa em que eu pensei é que isso também poderia ser prejudicial para você.

— Do que você está falando? — Ele pareceu legitimamente confuso. — Relacionamentos entre pessoas que trabalham aqui só é proibido se especificarem isso nas normas de conduta da empresa, e como eu sou o dono da empresa, também sou responsável por definir as normas de conduta. E por mim está tudo bem.

Eu ri. Ele continuou falando:

— Alguém te tratou com falta de respeito por causa disso?

— Na verdade, não.

— Você está arrependida sobre nós.

Nem precisei pensar:

— Não estou — e completei. — E você não está com vergonha de mim?

— Vergonha? É claro que não! Até queria fazer algo sobre isso.

Bob colocou os dois pés na cadeira e ficou de pé, formando um palco improvisado, maior do que qualquer um na sala:

— Atenção, pessoal! Um minuto da sua atenção, por gentileza!

— Bob, que diabos você está fazendo? — Sussurrei enquanto o fuzilava com os olhos. — Desce daí agora!

— Tenho atenção de todo mundo? Eu sei que muitos de vocês sabem, outros não e na verdade nem sei porque mantive em segredo por tanto tempo, mas estou completamente apaixonado por essa moça bonita com a cara vermelha de vergonha aqui. Eu era apaixonado por ela desde antes de ela merecer que alguém se apaixone por ela, mesmo que nunca tenha admitido isso para mim mesmo. Estamos nos conhecendo melhor e eu estou com a esperança de que um dia a tornarei a minha namorada. No entanto, isso não muda absolutamente nada na forma como ela é tratada aqui dentro e espero sinceramente que vocês também não mudem com ela. Jéssica não é só uma mulher que merece todo nosso respeito, como também é talentosa, inteligente, esforçada e qualquer coisa que ela conquistar daqui para frente será inteiro mérito dela e não terá absolutamente qualquer relação com o fato de que estou irremediavelmente apaixonado por ela e que penso nela todas as noites antes de dormir. Obrigado pela atenção.

— Vocês são um casal nota dez! — gritou uma moça do outro lado da sala.

— A Jéssica é demais! — Exclamou o rapaz que senta ao meu lado.

Todos bateram palmas e Bob desceu da sua cadeira vitorioso enquanto eu sentia como se tivesse passado pelo maior terremoto de toda minha vida.

— Nos vemos por aí, Jéss — disse.

Apesar de todo apoio que recebemos, a vergonha era tanta que mal notei que aquela foi a primeira vez que Bob disse estar apaixonado por mim. Mais do que isso, apaixonado por mim desde sempre, desde antes de eu merecer qualquer paixão. Bob era um cara tão legal que nem tive certeza se já o merecia. 

***

Nota do autor

Oi, pessoal. Tudo bom?

Se tem uma coisa que eu aprendi é que nenhuma declaração de amor é igual a outra. Toda são singulares a sua maneira. A principal razão, talvez a única, para isso acontecer é muito clara: nenhum amor é igual a outro. E nem precisa. Os filmes de Hollywood tem relacionamentos iguais porque os roteiristas não têm muita imaginação, mas algumas declarações acontecem assim mesmo, no meio do trabalho em uma situação que te deixa encabulado. Por isso, me importo tanto em escrever histórias de amor diferentes umas das outras. 

A única obrigação do amor é que ele te faça bem, te agregue, te faça mais feliz. Se isso acontecer, não importa como o seu amor seja, ele é perfeito.

Beijos

Felipe Sali

JÉSSICA - MÃE AOS DEZESSETE (HISTÓRIA COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora