Bob só é tímido até certo ponto e nós, definitivamente, passamos aquele ponto naquela noite. Ele jogou o seu corpo sobre o meu e conseguiu ficar em cima de mim sem me machucar só de apoiar os cotovelos no colchão.
— Espera! — Falei. — Você tem camisinha?
— Você não tem?
— A garota aqui que engravidou na adolescência tem cara de que anda com camisinha?
— Calma, acho que tenho uma na minha carteira.
Ele pulou desajeitado da cama e abriu a carteira que estava na cabeceira. Encontrou um pequeno pacote preto e sorriu vitorioso. Voltamos a nos beijar e ele, lentamente, subiu a mão por baixo da minha blusa, de forma que ela subisse junto. Desejei estar usando um sutiã menos velho.
— Você é rápido — falei.
— Nunca me disseram isso antes.
Nos deixamos levar por beijos cada vez mais demorados. Desabotoei a sua camiseta, revelando o seu peitoral definido, com uma pequena cicatriz.
— Estou um pouco nervosa.
— Eu também.
— Faz tempo que eu não faço isso.
— Eu também.
Bob terminou de tirar a minha camiseta e permaneceu passando os olhos pelo meu corpo.
— Uau!
— O que foi?
— Você é linda!
Puxei o cobertor para cima de nós. Estávamos tão colados que eu podia sentir o seu corpo trabalhando, seu pulmão respirando, o coração batendo, o sangue correndo.
BUAAAAAAA.
Por um segundo, não entendemos o que aconteceu. Foi tão inesperado que é como se os nossos cérebros precisassem de um tempo para processar a informação. O choro do Ick inundou o quarto. Mesmo vindo do outro lado do corredor, era como se ele estivesse escondido embaixo da cama esperando a hora certa para cortar a nossa onda.
Rimos juntos. Fim da noite.
— O dever me chama — falei enquanto me levantava e procurava onde jogamos a minha camiseta.
— Vou contigo — ele disse.
— Não precisa, de verdade.
— Eu quero. Faz tempo que não vejo o Ick.
Fomos ao encontro do chorão, chequei a sua fralda e suspirei aliviada:
— Acho que é só fome. Você pode me fazer um favor? Você pode buscar a mamadeira dele que está na geladeira da cozinha?
Pude ouvir Bob descer as escadas enquanto Ick não dava sinais de que iria parar de chorar tão cedo.
— Você sabia o que estava acontecendo? — Perguntei ao Ick. — Está com ciúmes?
O meu corpo nunca foi muito bom em produzir leite. Então amamentei o meu filho por um curto período de tempo antes do médico dar sinal verde para trocar o meu peito por uma fórmula e leite. Lembro da primeira vez que amamentei, esperava um momento bonito, mas senti apenas dor. Ícaro apertava meu mamilo sem realmente sugar nada. Foram seis meses de sofrimento.
Bob voltou com a mamadeira. Ícaro bebeu tudo agradecido, mas o processo inteiro demorou. Quando o bebê finalmente caiu no sono, nós mesmo estávamos exaustos com as pálpebras pesadas. Sem nem pensar duas vezes, fomos para a cama e dormimos abraçados.
Não aconteceu nada e foi melhor do que eu esperava.
A luz entrou pela fresta da janela que esquecemos de fechar, um feixe bateu no meu olho e me acordou abruptamente. Senti que algo estava diferente naquela manhã, minha cama nunca foi tão quente e tão pequena. Só então me lembrei que acordei abraçada com Bob e que tudo que aconteceu (e que não aconteceu) na noite passada foi real.
Ele era lindo quando dormia. Seu rosto está sereno, tal qual o sono das crianças. Pude observar os detalhes do seu rosto calmamente, sem me preocupar com o que ele pensaria de mim. O seu rosto era tão liso que não é possível que precisasse fazer a barba algum dia.
Decidi deixá-lo dormir mais um pouco e desci as escadas para fazer o meu habitual café. Talvez, fizesse algumas panquecas para Bob, só precisava me certificar de que ainda tinha todos os ingredientes necessários. A minha mãe tinha o péssimo hábito de não me avisar quando as coisas acabam em casa, como se ainda tivéssemos uma empregada para cuidar destes assuntos.
Entrei na cozinha e tomei um susto.
Ele desceu a caneca de café que tomava e depositou na mesa. Sorriu e acenou para mim. Lucas estava na minha cozinha e eu sentia que algo ruim estava prestes a acontecer.
***
Nota do autor
Eu sei que costumo postar os capítulos a noite, mas no domingo postei mais cedo para evitar o jogo da seleção e deu muito certo, por isso, estou testando se o horário teve alguma influência nisso.
Estamos entrando numa ótima época do ano, não só por causa da Copa do Mundo mas porque também acaba de começar a temporada de eventos livreiros! A melhor oportunidade do ano para os autores encontrarem os seus fãs. O primeiro que acontece é a Flipop, em São Paulo, de 29 de junho a 1 de julho. Vários escritores que vocês amam, como a Larissa Siriani, Iris Figueiredo, Felipe Castilho, Thati Machado e Babi Dewet, estarão lá. Eu vou apenas como visitante, mas você poderá me encontrar nos corredores do evento para trocar uma ideia no sábado.
Já a sensacional FLIP acontece de 25 a 29 de julho e eu estarei lá no sábado, dia 28, na casa Amazon, para um bate-papo no palco super bacana. Quem for da região, apareça! Vou adorar conhecer vocês e falar sobre livros.
Se você tem a oportunidade de ir em Flips, Flipops e Bienais e nunca foi, repense a sua vida. Esses eventos são como o Lollapalooza para quem gosta de ler e é perfeito para fazer amizades e curtir. Eu espero o ano todo por esses dias!
Até lá
Beijos
Felipe Sali
VOCÊ ESTÁ LENDO
JÉSSICA - MÃE AOS DEZESSETE (HISTÓRIA COMPLETA)
Literatura FemininaHISTÓRIA VENCEDORA DO WATTYS 2020. Jéssica vivia num conto de fadas, com amigas puxa-saco, uma família rica e a atenção de todos os rapazes do colégio. Aos dezessete, seu mundo vira de cabeça para baixo quando descobriu que estava grávida e a sua fa...