Capítulo 31 - Ser quem é

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— Está nervoso?

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— Está nervoso?

Era uma pergunta retórica, Bob estava visivelmente nervoso. Estávamos no banco de trás do UBER indo em direção a faculdade onde estava acontecendo uma formatura dos alunos de comunicação social. Ele foi convidado a fazer um discurso e falar algumas palavras que ajudarão aqueles jovens na próxima fase de suas vidas.

— Um pouquinho — respondeu, apesar de passar a tarde inteira calado, estivesse com a respiração pesada e tremendo. — É que eu não sou muito acostumado a falar em público.

Coloquei minha mão sobre a sua:

— O discurso ficou legal, pode relaxar. Se ficar nervoso, basta focar em mim na plateia.

Ele sorriu.

— De fato, você me acalma.

Discurso do Bob

"Olá, formandos do curso de comunicação social da USP. Muito obrigado pelo convite, estou honrado em poder falar com vocês. Embora um pouco aterrorizado, admito.

Pensei muito sobre o que abordaria no meu discurso. Viver é tão complicado que é difícil decidir qual lição é a mais importante. A minha sorte foi que tive uma grande amiga que conseguiu me ajudar a encontrar as palavras certas.

Decidi falar sobre algo que ninguém nunca falou para mim, mas que fez total diferença quando aprendi: o valor das diferenças.

Todos nascemos diferentes e passamos o resto de nossas vidas tentando negar esse fato. Se misturar na multidão. E isso é natural, pois o mundo é bastante eficaz e nos fazer sentir vergonha daquilo que nós somos. Ele humilha, intimida e agride as diferenças. Quem pensa diferente, age diferente ou parece diferente sabe que não terá dias fáceis pela frente. Você precisará vencer uma batalha por dia para ter o direito de ser quem é.

Existem pouquíssimas batalhas que valem a pena lutar e sofrer por elas. Eu posso dizer com absoluta certeza: essa é uma delas. Lute pelo direito de ser quem você é e nunca se arrependerá desta decisão.

Quando eu era mais novo, paguei muito caro por ser quem sou. Um adolescente que deixava de sair no sábado a noite para estudar por diversão não era bem visto pelos seus pares. Curtir Star Wars e Marvel não era tão cool quanto é hoje em dia. E a minha falta de tato social me tornava um alvo fácil.

No final das contas, valeu a pena. O meu gosto por estudos me ajudou nos momentos mais difíceis da minha carreira, quando passei noites em claro para aprender programação ou resolver um problema que ninguém mais foi capaz. Nos meus momentos mais sombrios e solitários, agradeci por não ter abrido mão de acompanhar Star Wars e pude me distrair das minhas preocupações acompanhando as aventuras de uma galáxia tão, tão distante. E a forma como as pessoas me trataram por conta da minha falta de tato social me ajudou a criar empatia pelas pessoas e não cometer os mesmos erros. Hoje, alguns dos meus melhores funcionários são pessoas esquisitas que, apesar de absurdamente talentosos, não conseguiam empregos. Tenho uma equipe excelente por saber enxergar as pessoas da maneira certa, não me custou um único centavo.

Uma hora, os pontos se conectam. As coisas fazem sentido. Se pagam. Ou talvez não, quem sabe. Mas aqui vai a grande sacada: você também pode falar e sofrer mesmo enquanto tenta ser outra pessoa. Se não há nenhuma garantia de sucesso enquanto tenta ser normal, não há razão para não ser você mesmo.

Lute pela sua verdade. Não importa o que aconteça, sempre será melhor do que viver uma mentira.

Obrigado."

***

Nota do autor

Oi, pessoal. Tudo bom?

Tenho um outro livro aqui no Wattpad chamado Caderno do Sali que é mais parecido com um blog e uso para conversar com vocês. Acabei de fazer um post lá indicando cinco músicas que gosto muito, acho que você deveria ouvir para sabermos se temos gostos musicais parecidos haha.

Lembrando que o próximo capítulo de Jéssica será na terça à noite. 

Beijos! 

Felipe Sali

JÉSSICA - MÃE AOS DEZESSETE (HISTÓRIA COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora