Capítulo 43 - Coque frouxo

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— Está me ouvindo bem?

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— Está me ouvindo bem?

— Como se estivesse do meu lado.

Estava deitada na minha cama, segurando o celular acima do rosto e fazendo uma chamada de Skype com Ick, o meu amigo, que estava no seu quartinho alugado na capital.

— E aí, Jéssica — Ick disse. — Como está o meu xará?

Era muito fácil entender o meu melhor amigo. A forma como ele sorria e perguntava sobre o meu filho despreocupadamente mostrava que não viu o post viral de Lucas (que já contava com mais de duzentos compartilhamentos até então) que certamente o deixaria irritado o suficiente a ponto de encarar uma viagem só para colocar os pingos nos is com o pai do meu filho.

De qualquer forma, era de se esperar que a polêmica não chegasse aos olhos de um cara tão avesso ao mundo das redes sociais como Ick.

— Ele está ótimo! Eu te contei que andou outro dia? Ele ainda tropeça, cai, mas está pegando o jeito!

— Que sensacional! — Os olhos de Ick brilharam. — Eu queria muito ter visto isso!

— Da próxima vez eu filmo para você.

— Obrigado! Mais alguma novidade?

— Bom, ao que tudo indica, agora estou oficialmente namorando!

— Não brinca!

— Não brinco.

— Com o Bob?

— Sim!

— Eu adoro aquele cara! Tipo, muito mesmo!

— Pois é, já entendi.

— Ele te pediu em namoro como?

— Então, não foi oficialmente um pedido em namoro, mas ele subiu em uma cadeira no meio do escritório e gritou para todo mundo que estava apaixonado por mim.

— Uau! Então, foi melhor que um pedido de namoro.

— Também achei... E a sua namorada? Como está indo?

— Um horror. Eu odeio aquela mulher agora.

— Sério?

Ele começou a rir:

— Estou brincando! Na verdade, ela está aqui agora.

Ick virou a câmera para mostrar a menina sentada do outro lado do quarto, em frente a uma mesa, escrevendo no computador. Ela se virou e acenou para mim. Vestia um moletom do Ick que ia até metade das suas coxas e nada mais. Dava para notar que não usava sutiã, pois os seios faziam desenho por trás do pano e era possível determinar o contorno dos seus mamilos. Também não usava calças e seu cabelo absurdamente ruivo estava preso em um coque frouxo. Apesar de tudo, não parecia se intimidar com a visão, passando a impressão de ser a pessoa mais despreocupada do mundo:

— Ouvi falar muito sobre você! — Ela disse.

— E eu de você! Quando vamos nos conhecer pessoalmente?

— Vem para São Paulo! Existe um milhão de lugares legais por aqui e podemos sair juntas para nos conhecermos melhor. Nem precisamos levar o Ick junto, conviver demais com homem pode até fazer mal.

Eu ri.

— Por mim, tudo bem.

— Combinadíssimo.

Ick interviu:

— As duas novas melhores amigas poderiam ter um pouco mais de consideração por mim.

— Quinze segundos de conversa e o rapaz já está com ciúmes — Elena disse. — Foi você que acostumou esse menino assim?

— Pois é, peço perdão por isso — brinquei. — Ele é um mimado!

— Por que eu fui juntar vocês duas? — Ick atiçou de volta.

Enquanto todos nós riamos, a campainha tocou.

Desde que recebi o telefone estranho de Lucas, sentia um frio na barriga cada vez que a campainha ou o telefone tocavam. Mesmo sem vê-lo, sentia a sua presença, como se eu fosse um animal que ele estivesse caçando de maneira furtiva e silenciosa. Tão silenciosa que nem a polícia me deu ouvidos.

Olhei da janela do meu quarto para saber quem chamava. Para o meu alívio, não era Lucas. Para a minha confusão, era um senhor de idade, usando terno preto e de pé em frente a uma limusine.

— Que estranho — comentei.

— O que foi? — Ick perguntou.

— Alguém que lembra muito o Alfred do Batman está parado na frente da minha casa com uma limusine.

— Bom, você lembra o que aconteceu da última vez em que entramos numa limusine, né? Só coisas boas acontecem!

— Acho que ele se embaralhou com os endereços. Vou lá avisá-lo que eu não sou o milionário que ele procura.

— Ok, tchau!

Desligamos.

Desci as escadas e abri a porta:

— Oi, senhor. Tudo bom? — Falei. — Desculpe, mas acho que você se enganou. Eu não pedi nenhuma limusine.

— O nome da senhora não é Jéssica? — Ele perguntou.

— É sim.

— Então é a senhora quem procuro. Bob me pediu para te buscar neste endereço.

***

Nota do autor

Elena, que aparece rapidinho neste capítulo, é a personagem principal de Não me olhe assim, um dos livros que mais tenho orgulho de ter escrito, que fala sobre o romance dela com Ick e, principalmente, sobre saúde mental e o valor da vida. Basicamente, é o que eu gostaria que 13 Reasons Why tivesse sido, mas não foi.

Eu sei que vocês estão morrendo para saber como poderão ler o livro e matar a saudade de Ick. Aguardem só mais um pouco, AMANHÃ tudo será revelado. Adianto apenas que não será no Wattpad.

Fiquem atentos ao meu instagram (felipesali)

Até mais!

Felipe Sali

JÉSSICA - MÃE AOS DEZESSETE (HISTÓRIA COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora