Capítulo 6

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Luna

Depois de tanto chorar sem saber o que fazer, retorno para a sala do diretor.

A porta estava entreaberta, peço licença e entro. Ele me encara.

- Dr. Não consegui falar com a pessoa. Não tem um jeito de realizar a cirurgia e quando ele chegar acerta? - pergunto esperançosa.

- Infelizmente não posso. São normas do hospital. Mas, continue ligando. Se Não consegui teremos que transferir sua mãe para um hospital público. - diz com cara de pesar.

Olho para ele assustada. No hospital público vai demorar muito. Desabo a chorar sem nenhum constrangimento por estar fazendo isso na frente de um estranho.

- Querida. Não fique assim. Tente mais uma vez. - ele insiste.

Quando levanto a cabeça para responder tomo um susto quando a porta abre e vejo Ricardo entrar. Alivio me define. Mágoa também por ter me deixado aqui esse tempo todo.

Ele pergunta como estou e nem tenho tempo de atender. Pois o médico o conhece e levanta para falar com ele. O chama de Théo. O que? Como assim? Um segundo nome?

Não. Falsa identidade mesmo. Descubro no minuto que olho para ele e vejo a culpa bem acentuada em seu rosto.

Ele troca algumas palavras com o diretor e quando me dou conta que ele me enganou de fato, saio da sala sem rumo.

Passo voando pela recepção e saio sem destino. As lágrimas não cessam. Parece que tudo resolve desabar de vez em sobre minha cabeça.

Porquê ele se passou por outra pessoa. Théo! O nome do canalha é esse. Procuro uma explicação obvia e não acho. Pelo visto, minha mãe tinha razão. Ele é realmente rico.

Ligo para Ninna e desabafo. Ela pede que eu o escute antes de tomar qualquer decisão. Ela sabe que sou apaixonada por ele. Sinto quando ele chega e senta ao meu lado. Encerro a ligação. Discutimos e ele saiu deixando o motorista e o segurança para me levarem para sua casa.

Fico na praça por cerca de 20 minutos depois que Théo saiu. Théo! É até estranho pronunciar a associar ao "Ricardo".

Vou ao hospital e pego o último boletim da minha mãe e saio. Queria muito recusar e não ir para casa dele, mas o orgulho só me levaria para debaixo da ponte ou na melhor das hipóteses, uma cadeira dura na recepção do hospital.

Chego ao edifício e o seguranca me deixa dentro de casa. Agora me pergunto: onde estava esse povo que nunca vi antes? Para que segurança? Tanta dúvida na minha cabeça.

Me apaixonei por um homem que nem sei quem é. Isso me deixa apavorada. Ele de uma certa forma mentiu porque não queria que eu soubesse que ele tem dinheiro. É a única explicação para ele ter se fingido de pobre todo o tempo.

Tomo um banho demorado e faço um lanche. Não estou com muita fome. Ando pelo apatamento em busca de algo que me diga quem é Théo. Nada. Tudo muito impessoal por aqui. Como se ele só usasse de vez em quando.

Me jogo em sua cama e já sinto seu perfume. Suspiro. Porque sempre dou de cara com o azar dessa forma? Queria mil vezes que ele fosse o Ricardo. O cara assalariado que apareceu em minha casa em busca de informação.

Resolvo dormir e tentar descansar um pouco. Não sei o que me aguarda amanhã. Espero que seja menos surpreendente que hoje.

Passei uma noite péssima. Me bati até o amanhecer. Cochilei algumas vezes. Mas descansar que é bom, nada. Acordo mais exausta ainda.

Saio na porta do edifício e dou de cara com o motorista da noite passada me esperando. Quando me vê faz sinal e abre a porta do carro. Não rejeito. Não sei nem chegar na esquina.

Segundas Intenções. (Série Família Portinari)Onde histórias criam vida. Descubra agora