Capítulo 34

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Théo

Não acredito que vou ficar livre desse inferno. Não suportava mais isso. Confesso que também tive medo.

Ainda estou processando tudo o que vi nos últimos minutos. Sei que Léo foi treinado por mim e sua equipe para o que fez. Mas, nunca achei que tivesse coragem de atirar em alguém. Ele não me decepcionou e salvou a todos.

Quando vi o rosto do Léo invandir o quarto senti tanta coisa boa junta. Mesmo exausto e com muita dor física, conseguimos sair rápido daquele lugar.

Não tivemos maiores problemas. Estavamos em mais de quarenta homens.

- Vai direto para o hospital James. - diz Léo.

- Não. Por favor! Preciso ver a Luna antes. Preciso ir para casa. - peço nervoso.

- Você está com febre alta. O braço infeccionado. - diz Léo.

- Preciso ir para minha casa. Depois faço tudo o que quiserem. - falo cansado.

Léo me olha e parece entender minha necessidade. Passei esses dias na merda tentando refletir sobre como a minha vida virou do avesso e o que tenho que fazer agora.

- Seja rápido. Você está muito fraco. Desidratado. - diz Léo.

No caminho de volta sentia meu peito subir e descer com mais rapidez. A ansiedade tomando conta de cada célula do meu corpo.

Parece que tenho meia hora nesse elevador. A angústia de não saber como serei recebido só aumenta.

Louise abre a porta e entra. Fico indeciso por um instante, mas o choro da minha mãe me faz entrar.

- Meus filhos. Obrigada meu Deus. - Ela diz.

Meu pai também nos abraça e pela primeira vez, quer dizer contando com o tiro que Léo levou, o vejo chorar.

- Pára pai. Sei que essa emoção toda é por causa dessa bonequinha aí. - digo.

- Deixe de ser ciumento Théo. - diz Louise sorrindo.

Sorrio. Poderia está bem feliz. Estou de volta. Com minha família ao redor. Mas ainda falta algo. Olho por toda a sala.

- Estão as três no quarto. - diz minha mãe com os olhos brilhando.

Não perco tempo. Vou ao quarto com coração batendo a mil. Páro em frente a porta. Respiro fundo.

Ao entrar me deparo com a cena mais linda que já vi. Luna no meio e as gêmeas, uma de cada lado com as mãos entrelaçadas em sua barriga. Me emociono.

- Eu vivi para ver a cena mais linda da minha vida! - falo com a voz embargada.

A Luna se assusta e olha em minha direção. Sou atropelado por duas carretas iguais e desgovernadas. Minhas pequenas. Mato um pouco da saudades.

- Me deixem um pouco com a tia Luna. - peço baixinho.

Elas sorriem, me beijam mais uma vez e saem felizes. Vou em direção a Luna e a abraço forte. Deixo claro a falta que ela me fez e digo que voltei por eles.

Então, sinto uma necessidade absurda dela. Faço carinho em sua barriga e falo com meus filhos. Meus filhos. Agora essa palavra pesa menos. É quase como um bálsamo agora.

- Responde Luna. Preciso  de você  aqui nessa casa.  Como minha  mulher. 

Ela me olha. Os olhos  cheios  de lágrimas. E isso quer dizer muitas coisas.

Ela vai em direção  a janela e fica um tempo olhando através  dela. Pensativa.  Ha um tempo, ela me diria sim sem pestanejar.

- Não Théo! Não  posso! - ela diz me olhando.

Segundas Intenções. (Série Família Portinari)Onde histórias criam vida. Descubra agora