Capítulo 27

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Théo

Tudo que eu não queria é alguém para me crussificar por causa da Luna.

- Pode deixar Ben. É o pai da Luna. - digo contrariado.

- Já deve saber porque estou aqui. - diz.

- Sei sim. Sente-se.

- Não vim aqui exigir que assuma minha filha até porque ela é maior e tem condições de se virar. Sem contar que tem a mim também. - ele diz categoricamente.

- Sei disso. O problema sr. Otávio é que sua filha sempre soube que eu não queria filhos. Isso nunca fez parte dos meus planos para o futuro. Tudo bem que tenho minha parcela de culpa. Mas eu confiei nela e em três meses de relacionamento ela está gravida de dois. Isso está fodendo com meu juízo. Não sei nem o que pensar. - digo irritado.

- Não pense. Tem uma criança a caminho. E ela não tem culpa da irresponsabilidade de vocês. - diz.

- Sei disso. O senhor não tem ideia de como é isso aqui. - falo batendo na mesa. - A minha vida corre riscos todos os dias. E porque eu iria querer mais uma vida em perigo?

- Sei que é capaz de proteger um filho. Não deixe de viver a paternidade por conta de coisas que você sabe tirar de letra. É bom no que faz. Sua fama corre longe. Todos sabem que mexer com o delegado Théo Portinare é pagar um preço muito alto. Leio jornais e você toda semana estampa alguma matéria agindo em favor da sociedade. - diz.

- Antes, era só cuidar de mim. O que já é uma grande aventura. Nunca sei se volto ou não para casa vivo. Agora terei uma vida a mais para me preocupar. Isso está me matando. - falo triste.

- Você tem condições para isso. Não perca essa chance de ser pai. Eu não fui o pai presente que a Luna precisava. A deixei a propria sorte. Talvez se eu tivesse convivido com ela, cuidado, ter sido o pai que ela precisava, não estaria assim, grávida, sozinha e abandonada por um moleque mimado que só pensa nele. - fala alto.

- Não vou admitir que fale assim comigo. - altero.

- E eu não vou admitir que você duvide da palavra da minha filha. Edna me ligou e me deixou a par de tudo. O que você tem na cabeça? Se o filho não fosse seu ela jamais diria o contrário. -fala nervoso.

Olho para ele por um momento sem dizer nada. Não quero ser grosseiro. E as palavras dele querendo ou não fazem todo o sentido.

- Pense melhor rapaz. Não deixe que seu filho cresça sem sua proteção e sobretudo sem o seu amor. - diz.

- A criança terá proteção. O tempo inteiro. A partir de agora. - digo seco.

- Não  tenho dúvidas  disso. Mas não  deixe de amá-lo e muito  menos que um dia ele perceba que é indesejado. A Luna me aceitou  de volta em sua vida. Mas você  pode não  ter a mesma chance. - diz.

- Vou conversar com a Luna. Não  se preocupe.  Seu neto  terá um nome.  - digo.

- Pouco me importo  com nome. Posso dar o meu.  Não  vou mais insistir. -  levanta. - Só espero  que quando você  acordar, não seja tarde demais para  reconquistar  os dois. E ainda, espero  que quando você quiser ser pai, ele já não esteja  dando esse nome a outro. - sai.

Continuo sentado pensando em tudo o que o sr. Otávio  disse. Começo  a ver tudo pela visão  dele. Começo  a perceber  o quanto posso estar sendo egoista.

Ligo para o Léo  e ele me diz  que  a Luna já está  em casa. Pego meu blazer  e visto. Saio e passo na sala de Ben. Aviso que vou a Saquarema. 

Segundas Intenções. (Série Família Portinari)Onde histórias criam vida. Descubra agora