Capítulo 35

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Luna

Ainda estou  processando tudo. Doeu muito dizer não  ao Théo. Mas foi necessário. Ele ainda  não  me vê como  mulher  e sim como mãe  dos seus filhos.  Até pouco tempo me via como uma interesseira e isso nunca fui. 

A sensação  de ter ele de volta a salvo foi indescritível.  Senti um alívio  tão grande ao vê-lo que por um momento achei que tudo  poderia ser diferente.

E mais uma vez o Théo  me surpreende e me pede para ser sua mulher.  Quer que eu more com ele. Fiquei  feliz. Mas não  aceitei.  Pois  preciso que ele faça  mais que isso. Tem que mostrar  que vai ser diferente.

Meu maior medo em relação a ele é achar que ele vai jogar na minha cara tudo o que aconteceu como fez no dia que descobriu minha gravidez.

Sou acordada por dona Lúcia.  Ela me chama para almoçar.  Como sempre  preocupada  com os bebês.

- Como está? Dormiu direito? - ela pergunta. 

- Até demais. Se a senhora não  me chamasse ainda estaria lá. - falo sorrindo.

- Sei disso. Mas precisa se alimentar nas horas certas. E lembre-se que são  dois.  - diz.

- Ah! Mamãe.  Dá um tempo. Deixa ela relaxar enquanto a barriga não cresce. Porque aí depois, vai ser só estresse e trabalho.  - Louise ri alto. 

- Filha. Isso que pensa da maternidade? Um dia você  muda de ideia.

- Ah mãe. Você  é suspeita.  Teve 4 filhos. Então, nasceu para ser mãe.  Uma pena  que nem todo mundo.  - diz Louise.

- Como assim quatro? - pergunto surpresa.

- Minha segunda gestação  foi de gêmeos. Mas só o Théo sobreviveu. - diz.

- Nossa! Sinto muito. - falo.

Isso explica  minha gravidez. Fiquei realmente  surpresa. O Théo  nunca tocou  no assunto. 

Conversarmos  sobre minha situação com o Théo.  Falei  a elas que ele pediu  que eu viesse morar com ele e que por hora não  aceitei.

- Bem. Vou pedir a Renan que me leve para Saquarema. - falo.

- Voce já vai? Mas porque tão  depressa? - pergunta  dona Lúcia. 

- Preciso  voltar. Minha mãe  foi cedo com a Ninna e ela não  está forte  ainda para ficar  sozinha. - digo.

O motivo não  é esse. Minha mãe  está bem e sei que Ninna fica com ela. Tenho  medo de fraquejar  se eu ficar e não  é o que quero.

Elas concordam  e lá no fundo sabem o real motivo. E sei que elas me entendem. 

- Vai sem falar com o Théo? Espera pelo menos ele acordar.  - diz Louise.

- Prefiro assim. Ele tambem precisa descansar. Disse  que não  dorme há dias. Falo com ele depois. - falo.

- Como quiser  minha querida.  Não demore para voltar. Caso faça, quem vai te buscar serei eu. - diz dona Lúcia.

Abraço as duas e prometo  que não  vou demorar  para voltar. Quem vai me levar  é a parede, ou seja, Gustavo. Colocaram ele na minha cola novamente. Eu mereço! Apesar que terei dois seguranças  sempre comigo.  Foi exigência  de Renan para que eu pudesse voltar para Saquarema. 

Fui a metade do caminho  pensando  como tudo  seria diferente se Théo  tivesse aceitado  a gravidez  quando  soube. Ele não  teria saído da minha casa daquele jeito. Não estaria sem escolta.  Muita coisa  poderia  ter sido evitada. Mas, já que não  foi, só me resta  usar a palavra  resiliência ao pé da letra.

Segundas Intenções. (Série Família Portinari)Onde histórias criam vida. Descubra agora